NAMJOON
O mundo em que vivemos está dividido entre aqueles que possuem poder e os que obedecem sem questionar. Enquanto crescia, confiar nos outros era o único jeito de sobreviver. Sendo um homem digno e paciente, vi os homens da igreja levar meu irmão para um internato. Estas sempre foram as leis desse lugar, os mais fracos sucumbem.
Ouvi o choro vindo do berço de madeira, o leite estava morno em minhas mãos, enquanto Seokjin dormia. Não poderia arriscar fugir do vilarejo com uma criança pequena nos braços, pois o clima lá fora era rigoroso demais para humanos, e mesmo que conseguíssemos caminhar uma longa distância, não tínhamos para onde ir.
— Não se preocupe, filha, vamos ficar bem — disse, peguei a pequena no colo com cuidado, tinha medo que minhas mãos enormes a machucassem. Seu cabelo castanho claro era exatamente igual aos do meu querido marido, mas os traços do seu rosto lembravam muito o meu.
Minha filha era tão miúda e frágil. Observá-la me fazia lembrar de Jimin. Era estranho imaginar alguém tão ingênuo e sensível no meio da floresta, por mais selvagem e primitiva que fosse a natureza dos híbridos, ainda pensava nele como meu irmãozinho indefeso.
Ouvi o som de cavalos puxando a carroça se aproximando, estava na hora de ir. A pequena tinha bebido todo o líquido da mamadeira e lutava em vão para manter os olhos abertos. Seokjin levantou com o barulho, ele sentou-se perto da janela e estendeu os braços para segurar a menor.
— Tenha cuidado — ele sussurrou rente ao meu rosto, beijei sua testa e a de minha filha e segui rumo a porta vestindo o longo manto.
Parados na estrada um pouco adiante estavam dois homens no lugar de cocheiro e apesar das roupas pesadas, o cabo de suas armas marcavam o tecido. Outra pessoa esperava sentado, mesmo sem ver o rosto, suas roupas o denunciavam.
— O que um sacerdote faz aqui?
Desconfiado ao ver o típico traje por baixo da capa que o homem vestia, encarei-o de cara amarrada hesitando subir na carroça. Em tempos de desespero qualquer um poderia ser sinônimo de perigo, principalmente se este perigo vestisse batina.
— Entendo a sua preocupação, mas estamos do mesmo lado.
— Não acho que tenha habilidade com a espada, padre.
— Está certo — ele respondeu, pensativo. — Posso não saber manusear uma arma, porém trago informações muito mais letais para nosso inimigo do que lâminas afiadas.
— O que quer dizer?
— Suba e logo descobrirá, o caminho é longo.
Mesmo relutante, sentei ao seu lado e os homens avançaram estrada adentro. O dia estava amanhecendo, mas o céu nublado fazia com que o caminho demorasse a clarear. Os dias estavam menos frios e as rodas deixavam um rastro de lama na neve derretida. As casas ficaram para trás quando pegamos um atalho pela floresta.
— Quando a senhora Jung mencionou um informante, não imaginei que fosse um homem da igreja. Espero que saiba que o que estamos fazendo arruinará a imagem da sua crença.
— Tenho motivos para me aliar a sua causa, os homens que usam o nome de Deus em vão também me tiraram algo importante. Meu irmão, mas ele não era adotado como o seu. Era um irmão de sangue, filho do meu pai humano e da minha mãe híbrida.
— Como? Isso é impossível.
— Entendo seu espanto, humanos e híbridos são incompatíveis, foi a história que contamos para protegê-los. Mas não é mentira, é realmente improvável que um homem e um híbrido gerem uma vida.

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Welcome to the Jungle
FanfictionRecluso em um internato após descobrir ser um híbrido metade humano e metade felino, Park Jimin é dado como morto depois de desaparecer na floresta no meio da noite. Perdido e sem lugar para ir, ele encontrará ajuda onde menos espera, dentro de uma...