Stray Dogs

Tudo em Comum.

Winston havia desaparecido. Não era o primeiro cachorro que sumiu, porém Will era muito apegado com ele para não ficar levemente desesperado.

Foi o último que adotou, e era um dos cachorros mais carentes e amorosos que teve em toda sua vida. Claro que amava todos como filhos, mas até entre filhos de verdade existe uma certa preferência.

Graham estava se sentindo num abismo tremendo com essa perda, com Freddie Lounds lhe infernizando desde que encontrou o Picanço de Minnesota e com o fato de Crawford ainda ficar o pressionando a trabalhar no FBI depois de todo o incidente. 

Matar Geralt Jacob Hobbs foi um erro, Will estava ficando pertubado com a ideia de ter assassinado alguém. Negou assistência psiquiátrica quando deixou a sala de aula e decidiu trabalhar no caso das meninas desaparecidas. Ele conseguiu achar o Picanço, mas a que custo? Atirou inúmeras vezes nele quando o flagrou matando a esposa e filha e ainda não conseguiu salvar a garota por conta do corte profundo na garganta e a falta de outra pessoa consigo quando chegou na cena do crime. 

E agora, Winston tinha desaparecido. 

Às vezes, Will desejava apenas se deitar em um riacho e permitir ser levado pela correnteza. Livre de seus problemas mentais e de seus pesadelos, apenas sentindo a calmaria das águas. Se não tivesse outros seis cachorros para cuidar, com certeza estava mais arruinado do que agora. 

Ainda sim, não queria passar com um psiquiatra, mesmo que fosse a Doutora Bloom que já conhecia e tinha até uma certa afeição por ela. Graham decidiu que sua terapia era se afastar do FBI e voltar a consertar barcos, fazia isso na sua garagem há três semanas já. 

Se sentiria quase bem se não tivesse perdido o cachorro. Agora o único sentimento que ficou era de culpa por não ter deixado os cachorros para dentro na noite em que passou em Baltimore para lidar com o resto da papelada no FBI.

Nunca foi uma pessoa feliz, mas talvez estivesse em uma espécie de depressão naquele momento de sua vida. Solidão sempre lhe fez companhia e ele se acostumou a viver somente com sua família canina, porém, perder Winston no mesmo momento em que passava por um trauma de ter matado alguém… isso estava o destruindo. 

Quem dera se Jack fosse um amigo de verdade e não só o procurasse para fins profissionais. Seria ótimo desabafar suas frustrações com alguém de confiança e que não fosse um profissional sobre a mente humana.

Porém, não tinha um amigo. A sua realidade era que deveria lidar com os problemas sozinho e era exatamente o que iria acabar fazendo no fim das contas.

Havia dias que Will não saía da cama se não para dar comida aos cachorros e se alimentar de forma indecente. Pensar em Winston e Geralt o derrubava pelo dia inteiro, mas já estava fazendo muito tempo em que não deixava os outros cachorros saírem de casa e isso os faria mal. Eles eram bem treinados e acostumados com sua rotina, então por um lado não se sentiu tão culpado quando foi até a porta e permitiu que os seis caninos saíssem para brincar.

O dia estava nublado, aproveitou para sair e tomar um ar também. De cueca,camisa cinza e descalço, desceu os degraus de sua casa só para conseguir sentir os pés nas folhas de outono que estavam sob o chão. Sensação gostosa, lhe deixava bastante calmo.

Precisava comprar mais ração para os cachorros, e também fazer a despesa da própria casa. Will suspirou frustrado e se sentou nos degraus de sua casa, ainda pensando no cachorro perdido. 

Ele estava de coleira. Quem levaria um cachorrinho de coleira? Indagava consigo mesmo, indignado. Poderia ter sido morto por algum outro animal da floresta, sua casa era bastante isolada no meio da mata e isso poderia ser uma possibilidade…