Stray Dogs

Ah, o tão aclamado amor...

Dias, semanas, meses. Passou-se um bom tempo desde o dia que se conheceram. Will estava em uma rotina diferente entre receber visitas em casa de Lucas e de Marcus e ir deixar Winston na casa deles. Era reconfortante, uma experiência que gostaria de ter vivido antes.

Graham se sentia anestesiado perto de Lucas. Seu mal humor e rispidez sumiam e ele mostrava o seu melhor quando estava com o rapaz. Não demorou muito para perceber que esse tipo de relação ia além de sentimentos amistosos por um amigo, mas Will nunca foi muito bom com lado amoroso.

Estava sem saber o que fazer a respeito sobre isso. 

E Lucas também. Ele notou mais cedo que Graham o que sentia, ainda mais com a inconveniência dos comentários de seu filho.

Porém, tomar uma atitude era muito difícil. Não sabia se Will sentia algo por ele e tinha medo de acabar estragando o laço que tinham. Os outros problemas relacionados ao passado também o deixava inseguro. Nunca pode contar com ninguém além do padrinho de Marcus desde então, não sabia se um dia Graham descobrisse sobre seu passado iria ser a mesma coisa. 

Provavelmente não. Por outro lado, se queria ter algo sério, não poderia esconder essa tragédia. Lucas se sentia em uma sinuca de bico e não gostaria de pensar nessas coisas agora. 

Na hora certa, independente se Will fosse seu amigo ou algo a mais, se abriria para ele. 

—Preciso deixar Winston na casa de Will. —Dizia enquanto lavava os copos dele e de Marcus, que brincava com o cachorro na cozinha e bufou irritado. —Marcus…. Eu já disse que esse fim de semana ele vai ficar com o dono.

—Você percebeu que está tendo uma espécie de guarda compartilhada de um cachorro com ele? —Brincou, apalpando a barriga molinha de Winston que se esfregava no chão. 

Lucas ficou sem palavras. Por mais irônico que aquela piada fosse, era de certa forma bem verdadeira. Dias combinados, horários e programações com um cachorro da mesma forma que ele tinha com seu próprio filho quando estava se separando. Riu, balançando a cabeça em negação. 

—É uma boa situação se pensar como um todo. Ainda temos nosso cachorro por metade do período. —Sorria, fechando a torneira e secando as mãos no pano de prato. Era o dia de Marcus secar a louça. 

Os dois se encararam, seu filho cruzava os braços e levantava para sentar na cadeira.

—Pai, quando você vai falar com ele? —Intimou.

—Acho que hoje à tarde quando eu for levar Winston para casa, por quê?

—Eu não tô falando disso. Tô falando sobre vocês. —Foi mais específico, fazendo o dinamarquês arquear as sobrancelhas. 

—Não temos nada do que falar. —Desconversou. 

—Pai, ele tá caidinho por você. Precisa aumentar o grau dos seus óculos para poder enxergar? —Brincou, vendo Lucas balançar a cabeça em negação como se não acreditasse no que dizia. 

—Pare de besteira, o Will é só meu amigo.—Impossível ser verdade.

—Não parece que é amizade que você dois querem um do outro. Está com vergonha por ser outro homem?

—Quê?! Claro que não. —Indagou, suspirando e logo sentando na frente de seu filho. —Marcus, eu não acho que ele goste de mim dessa forma, só isso.

—Eu sei que gosta, dá pra perceber como ele te olha. —Reafirmou, levando as mãos até os braços dele. —Pai… eu sei como é difícil para você se relacionar, mas eu acho que o Will é um cara legal, sabe?