a volta da alma para o corpo

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Perdido no branco, como conhecido a cor da paz, a cor que reflete todas as cores de luz do espectro, ela é a calmaria, mas ao mesmo tempo o terror. Me sinto perdido dentro do branco infinito, onde minha alma se encontra, para todos os lados, não encontro companhia, apenas o branco, me sinto só, mesmo que meu corpo esteja rodeado de pessoas a todo momento. Me perco e me acho a todo estante, já que onde estou é tudo branco, todos os lugares são iguais, preferia o jardim, pedia a Deus que me leva-se pra lá, pois me sentia mais seguro. Havia criado uma teoria em minha mente, o breu que passei a algum tempo atrás, seria o caminho para a morte, o branco o caminho de volta para a vida, já o jardim, eu não sei, mas talvez fosse um sonho. Não sei quanto tempo eu estou aqui, a quanto tempo eu estou preso em outra realidade sem ser a minha, pois não tenho noção do dia, não possuo horas e nem calendário, apenas existo.
Já longe dali, um palhacinho se encontra no copo de outra pessoa, para um visita de rotina, que ele me fazia a algum tempo, podia ouvir suas broncas, me implorando para acordar, outras vezes eu o ouvia soluçar, talvez ele estivesse chorando, mas eu não tinha certeza, queria acordar e o consolar, mas meu corpo não queria. Aquela situação era desesperadora de mais, e eu só queria viver.

{...}

Já era meio dia e meio e Hoseok se preparava para a visita, ele chegara no meu quarto com uma sacola, eu sabia pois ele chegou alarmando. Dizia o demônio, que ali tinha velas e outros itens, e que tentaria puxar a minha alma para o corpo, por meio de um ritual e bem, aquilo parecia perigoso. Podia ouvi-lo tirando as coisas da sacola e posicionando as velas no chão, ouvi um barulho de ferro, talvez ele havia pegado algo na bandeja do enfermeiro, eu estava preocupado, mas não poderia fazer nada, apenas rezar.

— Agora vai, você vai voltar pro seu corpo, e vai me ajudar! – o espirito disse com um bisturi na mão, ele cortou seu próprio pulso, desenhou uma pequena estrela de seis pontos no chão.
Aquele ser louco já havia começado a montar o ritual dentro de meu quarto no hospital, eu ouvia sons baixos de leves gemidos de dor, e tinha medo do que se tratava, logo eu sinto algo segurar meu braço e fazer um corte e deixar o sangue cair, e eu nem imaginava que era para juntar o meu sangue ao sangue daquele corpo, que Jung havia possuído. Meu sangue contorna a estrela de seis pontos no chão, fazendo ela ficar maior por alguns centímetros. O palhaço então ajeitou as velas nas seis pontas e colocou uma no meio, com um papel com meu nome em baixo e as acendeu, se sentou ao lado daquilo e começou a ladainha. Ele dizia palavras que eu nunca havia ouvido, como se fosse em outra língua, talvez latim, não tenho certeza, mas deduzo que seja.

—Animam tuam invoco, ut ad corpus tuum redeat, nullisque vestigiis invoco, animam tuam ut ad corpus tuum revertaris, me audi et revertere, sequere vocem vocationis meae, et redi ad corpus tuum per cor. Lucifer, reditus – As citações foram feitas pelo de dentes afiados e uma brisa gelada bateu no quarto, assoprando as cortinas.

Onde o branco estava indo? Tudo parecia estranho, tudo tremia, tudo estava se misturando, o branco o preto o jardim, tudo, estava uma grande confusão. Minha alma estava assustada e muito perdida. Vejo figuras horrendas baterem em mim e algo entrar em meu corpo, foi doido, muito doido, sentia uma enorme agonia e solto um grito agonizante, que acabou sendo soltado pelo meu corpo também, o caminho que eu estava sendo obrigado a seguir era horrendo, assustador e eu encontrei inúmeras coisas que me traumatizaram , mas o cume foi no fim, eu estava vendo meu corpo deitado na cama, mas algo me impediu, um ser alto, de corpo definido e de terno preto, que apertava seus músculos.

—Uou – A alma de Min disse.

Aquela figura era intimidadora, cheirava a enxofre e eu sinto todo meu corpo arrepiar.

— Olá caro humano, se lembra de mim? – a figura questionou

—Não, mas devo? – a alma rebateu o questionamento com outro.

— Talvez, sou conhecido por muitos ao seu redor, sou... digamos, bem conhecido por seu amigo Jung, me chamam de o anjo caído, mas eu prefiro um outro termo. – Aquele ser possuía uma voz grossa durante o diálogo.

—Você! – A alma do garoto disse baixo.

—Ora, me reconheceu?

—Lúcifer! Se afaste de mim satanás! – O de cabelo preto recuo.

— Por favor senhor Min, tenha mais respeito, ainda sou um anjo, mesmo que negro. – Morning Star riu alto e de forma macabra.

—Não me importa! Você ainda é Lúcifer, o filho que difama a honra e glória de seu pai! Seu demônio! – O pequeno garoto tentou se desviar do diabo e pular para dentro de seu corpo, mas foi segurado.

— Para que a pressa? Eu quero lhe contar uma história... Mesmo que sua insolência me deixe com, como posso dizer? Me deixa enojado, eu ainda possuo paciência. Então, sem ofensas e me chame de Lúcifer, pois demônios são meus servos! – A figura de terno ajeitou os cabelos.

Confesso que aquele ser era lindo, sua aparência era invejável, ele era muito atraente de corpo e sua voz me cativava, me deixava preso em seus lábios carnudos, eu apenas pensava, maldita hora que eu fui nascer gay, mas infelizmente, até um homem hétero se apaixonaria pela beleza surreal daquele anjo.

—Me conte logo a história e me deixe livre! – O mais baixo cruzou os braços.

— Era uma vez, um anjo e um humano, um anjo amado por todos no céu, respeitava as leis de papai a risca, nunca zombara de alguém e sempre mantinha seu titulo de filho perfeito! Como eu o odeio, mas tudo bem... Esse anjo, desceu a terra, em busca de proteger uma doce mulher, que era perseguida pelos demônios, por sua alma pura, ela era valiosa, e o anjo. Recebeu a missão de guardar a pureza dessa moça, até que ela morresse e sua alma fosse para o céu, mas, os planos de papai, tiveram um desvio... O seu tão perfeito filho, o seu anjo mais confiável, se apaixonou pela a humana e bem, a alma fraca dela, não resistiu a beleza divina de seu protetor e também caiu na tentação do amor. Um anjo e uma humana, apaixonados, entregue aos prazeres da vida, o anjo, não conseguiu manter sua castidade e a humana se entregou a ele, perdendo sua inocência e sua virgindade com o ser celestial. Naquele dia, o céu tremeu, um anjo havia cometido o pecado carnal, se entregado a algo improprio diante de papai e bem, foi banido do céu, mas como o inferno já possuía um rei, e aquele lugar só poderia possuir apenas um ser celestial, o anjo foi condenado a viver na terra, junto aos humanos, mesmo que ele tivesse cometido um pecado, esse lugar, era mil vezes pior e o pobre não aguentou e acabou tirando sua vida, já a humana, carregava em seu ventre um pequeno mestiço, metade anjo e metade humano, passou os noves meses da gravidez sozinha, sem amparo e chorando pela morte de seu amado, até o dia que o mestiço nasceu, a humana o criou sem contar ao menino sobre seu pai, disse ao garoto uma história aleatória que ela criou e morreu junto com a verdadeira história. – o diabo terminou a história e a alma de Min ouviu sem interromper.

—Terminou? – A alma humana perguntou a Lúcifer.

—Sim, agora pode ir- o anjo caído abriu caminho para o outro.

—Eu não entendi o porque da história, mas foi interessante, agora adeus e sai de perto do Hoseok. – Foi sua última fala até pular de volta para seu corpo e abrir os olhos com tudo.

Eu estava de volta, mas Jung não estava ali, não fazia tanto tempo assim que fiquei conversando com o diabo, mas porque Hoseok não estava mais comigo no hospital? Na verdade o tempo passou rapidamente para ele, o que para mim pareceu minutos, para ele, foram horas, talvez ele tenha achado que não havia funcionado, por isso foi embora...

{...}

Depois que acordei, os enfermeiros demoraram meia hora para me visitar, mas graças a Deus, eu estava bem, e logo, logo eu poderia ter alta. Aquela noticia foi reconfortante, eu poderia voltar para a casa abandonada e ajudar a pobre alma de Hobi. Mas o estranho, era que me corpo parecia estar diferente, parecia que havia algo a mais dentro de mim.

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