Através do Tempo

12

Ace estava com uma visível carranca enquanto observava o movimento do dia, todos pareciam a mil entre conversas animadas e brincadeiras, um dia comum em sua tripulação, ainda sim ele estava irritado pra caralho, o motivo?

Hanagaki Takemichi e Fushichou Marco, aqueles dois passaram a semana inteira juntos! Conversando baixo e rindo, sem Ace, Thach adorou o irritar com isso, mas Ace sequer sabia dizer o que não gostava naquilo, eram seus irmãos, se tornando próximos, qual era o caralho do problema naquela cena?!

- Problemas no paraíso, Ace? - Teach indagou rindo ao se aproximar do mais jovem que bufou.

- Que Paraíso? Estamos no Novo Mundo!

Teach gargalhou enquanto observava Takemichi e Marco conversarem enquanto trabalhavam.

- Estou falando de seus namorados juntos, sem você, há mais de uma semana.

- Meus o que? - Ace encarou o mais velho com os olhos arregalados - Acho que a idade finalmente te alcançou, Teach, para dizer absurdos como esses!

- Ora vamos, Ace, todos nós já sabemos sobre vocês três - Teach zombou - Na verdade foi uma surpresa que o novato tenha conseguido chegar nos dois tão rápido, desde que você e Marco passaram a flertar mais do que brigar todos que queriam uma chance só desistiram.

- Sinceramente, Teach, a cada minuto você faz menos sentido - Ace bufou fazendo Teach revirar os olhos.

- Se vai continuar negando aí é com você, aliás, Thach te chamou na cozinha.

Ace assentiu, seguindo para a cozinha determinado a não pensar no que Teach disse.

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Takemichi sorriu pequeno enquanto escrevia no diário de bordo, concentrado, Marco o olhava de vez em quando, mas seu foco estava em guiar o leme, os dois haviam sido postos ali aquele dia, Oyaji parecia interessado em mantê-los próximos.

- O que está fazendo, Takemichi?

- Nada demais, eu gosto de manter anotações - O moreno sorriu enquanto guardava o caderno - Precisa de algo?

- Não, pode voltar ao que fazia, só estava curioso.

Takemichi assentiu, mas levantou, observando todos que andavam pelo convés, um suspiro saindo de seus lábios.

- Neh, Marco-kun, o que você faria se descobrisse que alguém de quem gosta muito não é exatamente o que diz ser?

Marco franziu o cenho, seguindo o olhar de Takemichi para onde Teach e Ace conversavam.

- Por que pergunta isso, Takemichi?

Takemichi viu Ace se afastar de Teach, indo para a cozinha e soltou um longo suspiro.

- Eu não sei...

- Bem, depende do que for, se essa pessoa tem bons motivos para isso, então qual o problema? Se isso não vai machucar ninguém que amo, não há porque eu me importar, ficarei chateado, obviamente, afinal fui enganado, mas as coisas com certeza irão se acertar.

- Entendo... você é alguém bem compreensivo, Marco-kun - Takemichi sorriu pequeno.

Marco assentiu com um breve sorriso, apesar de preocupado, por que Takemichi iria querer saber algo assim? Teria haver com o tempo do qual veio? Algo ruim aconteceria? Alguém escondia algo que seria um grande problema?

- Mais seis meses - O Hanagaki sussurrou enquanto brincava com a manga de seu sobretudo.

- Seis meses? Para quê? - O loiro encarou Takemichi que riu melancólico.

- Em seis meses saberá.

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2017, Tóquio, Japão.

Naoto soltou um longo bocejo enquanto analisava novamente todo o armário de documentos que tinha, ele não podia perder o foco! Não quando Takemichi precisava dele! Precisava fazer algo, qualquer coisa, precisava encontrar seu amigo.

O som de salto contra o piso alertou sobre a entrada de alguém e o detetive suspirou enquanto buscava seu copo de café o notando vazio, bem, atenderia o civil e iria reabastecer.

- Naoto - A voz de sua irmã mais velha o fez gemer em desagrado - Draken conseguiu uma reunião com Mikey.

Isso fez Naoto encarar Hinata com surpresa, então eles tinham conseguido? Depois de 6 meses atrás de seu amigo haviam, enfim, conseguido?

- Ele quer que alguém vá junto?

- Não, mas ele falou que só vai fazer isso sob a condição de vocês todos começarem a se cuidar, ninguém vai desistir de Takemichi, mas não tem como cuidarmos dele, quando o acharmos, se vocês estiverem doentes.

Naoto soltou o ar de seus pulmões.

- Certo, se essa é a condição, estarei em casa essa noite.

- Agora, eu já falei com seu chefe.

- Você o quê? Hina!

- Tachibana Naoto você vai para casa nesse instante ou eu te consigo férias!

- Certo, certo, não precisa radicalizar! Estou indo com você!

Hinata sorriu aliviada enquanto esperava o irmão se organizar.

Há seis meses Hanagaki Takemichi, seu ex noivo e grande amigo, havia desaparecido misteriosamente, sem deixar vestígios ou pistas de seu paradeiro, tudo o que conseguiram foi que ele ainda estava em sua caçada à Mikey.

Kazutora se arrependia amargamente de ter ajudado no início em sua busca pelo amigo que se tornou um senhor do crime, mas agora já não tinha volta e todos eles estavam entrando em colapso ao não encontrarem o raio de sol do grupo.

Hanagaki Takemichi foi visto pela última vez em uma estação que levaria para fora da região Kanto, mas haviam muitas pessoas e as câmeras não o captaram, então não sabiam em que metrô ele embarcou e nem onde desembarcou, ele apenas desapareceu por seis fodidos meses.

Naoto tinha certeza que Bonten estava por trás disso, o que só o deixava pior, seu amigo poderia estar sendo torturado nesse instante, ou pior, poderia estar morto, e ele não fez nada para impedir.

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Takemichi gargalhou, as bochechas levemente coradas pela bebida enquanto ria da careta de Thach com a fala mal humorada de Ace sobre o outro ainda ser virgem.

O Hanagaki tornou a beber de seu copo, o sorriso de felicidade nunca sumindo de seu rosto.

- Você parece feliz, filho - A fala de Barba Branca fez o menor erguer a cabeça para encarar o homem, as bochechas ficando ainda mais vermelhas, afinal havia sido empurrado por Yui para sentar no colo de Oyaji assim que eles começaram a beber e ali estava até agora.

- Eu estou, Oyaji, sou feliz aqui.

Barba Branca sorriu feliz com isso, Takemichi encarou seu copo, ele nunca tinha bebido com seus amigos, eles eram adolescentes em 2005 e nunca teve uma oportunidade ativa de beber com eles em 2017.

Claro, tinha as memórias das linhas do tempo, de como cresceram e começaram a beber juntos, mas não era a mesma coisa, não foi uma experiência que, de fato, viveu.

Era a primeira vez que bebia com aqueles que amava e isso o fazia feliz, mesmo com saudades de casa.