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Ryusei Satou bagunçou os cabelos tingidos de loiro com mechas pretas antes de abrir a porta da pequena enfermaria do navio, seus olhos escuros esquadrinharam o lugar parando na cama ocupada antes de soltar um suspiro de pesar caminhando até lá.

Deitado na cama, completamente inconsciente, estava um homem de cabelos loiros, uma cicatriz queimada no rosto e feições aristocráticas, Sabo, Chefe do Estado Maior e Segundo no Comando do Exército Revolucionário da Era dos Piratas.

Muita coisa separavam os dois homens que lideravam o navio revolucionário onde estavam, mas, o mais gritante, eram os 3.500 anos que separavam o nascimento dos dois.

Ryusei Satou era um homem de muitos segredos, isso desde novo, isso muito prejudicou pessoas importantes para si no passado, o tornando um covarde de merda que fugia quando era necessário, com medo de falhar.

Um de seus maiores segredos era que era um viajante no tempo, capaz de ir e vir nas linhas temporais sempre que quisesse, uma habilidade herdada por sua família.

E com a herança vinha o dever de preservar.

Era sua função participar de grandes eventos históricos e impedir que as coisas se desviassem de seu curso.

Ele já tinha visto tanta coisa, vivido sempre em batalhas intermináveis e amores inalcançáveis que aprendeu a fugir, fugir para evitar que quem ama se machuque, fugir para evitar que se machuque.

E aqui estava ele, na Era Pirata, ao lado de uma importante figura histórica, decidido a mudar o curso natural do mundo apenas para o ver bem.

Ele era um completo idiota!

Um movimento repentino chamou sua atenção e Ryusei encarou a cama onde Sabo descansava, vendo o homem mais jovem estremecer, uma careta de dor em seu rosto.

- Ace...

- Sabo? Está acordado? - Chamou baixo vendo o outro abrir os olhos, piscando em confusão.

- Ryusei?

- Sim?

- E-eu lembrei... dos meus irmãos.

- Eu imaginei - Satou tocou os cabelos claros com carinho - Portgas D. Ace e Monkey D. Luffy, você sempre viveu cercado de D.s.

- Você sabia... - Sabo o encarou acusador - Sabia sobre meu passado.

- Desculpe - Satou suspirou - Vou chamar o médico.

- Espere! Você não vai fugir dessa conversa!

- Não pensei em fugir, só preciso ter certeza de que você está bem o suficiente pra essa conversa - Ryusei colocou a mão no bolso caminhando para a porta - Não vou fugir de novo.

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Ryusei Satou encarou o céu claro do dia que se iniciava, muitos pensamentos o ocorrendo enquanto buscava por algo que não tirava de suas coisas desde que chegou no Exército Revolucionário quase dois anos atrás.

O Smartphone estranhamente tinha sinal em uma era que sequer existiam satélites, mas não era a coisa mais estranha na vida do viajante no tempo enquanto digitava um número esperando atender.

"Esse número está desligado ou fora de área deixe seu recado após o sinal."

A ligação caiu fazendo Ryusei respirar fundo.

- Ei, Keisuke, sou eu... fazem anos não? Eu venho sendo um péssimo amigo... sinto muito por isso, como estão as coisas por aí? Você e Matsuno ainda estão estudando para as provas? V-você planeja ir à praia com a ToMan no verão? Eu me pergunto... s-se não tivesse fugido, você estaria do meu lado?

Satou fungou, desligando antes de seguir para a cabeça de proa, ele precisava resolver tudo isso, talvez fosse hora de sumir de novo.

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Japão, Tóquio, 2004.

Matsuno Chifuyu encarou Baji Keisuke de sua janela, um enorme sorriso estampado em seu rosto enquanto o maior o mandava subir.

- Onde estamos indo, Baji-san?!

- Vou te levar pra uma reunião da primeira divisão - O Baji explicou enquanto arrancava, seus pensamentos em outro lugar.

Ryusei tinha sumido, de novo, não aparecia em casa à uma semana, seu irmão mais velho tinha dito que não tinha ideia de onde seu irmãozinho estaria e que uma hora iria aparecer, mas Keisuke sentia que não era nada bom.

Ele odiava quando Satou sumia daquela forma, ficava preocupado com o amigo, sabia que a vida dele era mais conturbada do que ele deixava transparecer.

Chifuyu vibrava atrás dele o fazendo perder Satou de sua mente, Keisuke conteve o sorriso, Chifuyu era certamente alguém intrigante, gostava do espírito dele.

Bem, precisava focar na reunião.

Estacionou sentindo seu celular vibrar e o ignorou em prol de mandar todos se reunirem, novamente fazendo um esforço para manter o semblante sério enquanto Chifuyu tentava se achar naquele meio, sua preocupação voltando.

Onde Ryusei Satou teria se metido dessa vez?

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Ryusei Satou soltou um longo suspiro enquanto encarava Sabo, o médico o avaliou bem, apenas devia pegar leve, e agora os dois estavam no quarto reservado para Sabo, se encarando em completo silencio.

- Ainda estou esperando uma explicação - O ex-nobre cortou o silencio - Como sabia dos meus irmãos? Ninguém no exército, nem mesmo eu, sabia sobre meu passado.

- Sabo, o que você sabe sobre como os poderes de uma Akuma no Mi funciona?

- O mesmo que todo mundo, quase nada - Sabo franziu o cenho - Que raios de conversa é essa Ryusei? Você não tem uma Akuma no Mi, adora nadar!

- Não, eu não tenho - Satou concordou - Mas minha vida toda girou em torno de uma.

Era agora, Ryusei supôs, era a primeira vez em sua vida que contaria isso a alguém que amava, que poderia se ferir com o que tinha a dizer.

- Você está enrolando...

- Existe... existe uma Akuma no Mi capaz de nos fazer viajar no tempo, o usuário ou outras pessoas, a Toki Toki no Mi, existem pouquíssimos registros dela na história.

- Você está dizendo que foi atingido por um usuário dela?

- De certa forma - Ryusei riu - Eu venho de muito longe no futuro, sei de coisas que ninguém deveria.

- E por que está no Exército Revolucionário?

- Pela minha missão - Satou sorriu - Eu não acredito em ideias revolucionários e nenhuma dessas merdas, minha missão é garantir que a história aconteça exatamente como deve.

- Mas... e seus irmãos? Eles também foram vítimas dessa fruta?

- De certa forma - Ryusei riu - Mas eu só sabia de Waka, entende porque fiquei assustado com eles em tripulações piratas?

Sabo assentiu ainda um tanto desconfiado.

- Mas esse não é o foco agora, chefia - O tatuado sorriu ladino - Nossa missão agora é outra, o que pretende fazer sobre suas memórias?

- Preciso dar um jeito de chegar até Ace, de o salvar.

- Você está com sorte então, porque eu sei para onde devemos ir.

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Diário de Bordo de Ryusei Satou.

Estamos indo atrás de Ace antes que seja tarde.

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