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As coisas começaram a se mover na ilha, os novos recrutas finalmente estavam sendo designados para times e funções e os planos sendo mostrados.

Atualmente eles ainda tinham como missão principalmente coleta de dados e implantação dos ideais revolucionários, mas Ryusei sabia que estava perto o dia em que a revolução explodiria, o dia que Exército Revolucionário e Governo Mundial lutariam e os dias em que as coisas nunca mais seriam as mesmas, novamente.

Isso o deixava pensativo, se lembrando do que já ouviu sobre o Século Perdido, sobre como as coisas mudaram por lá também, talvez, quando enjoasse dessa época, voltasse mais, para ver o Século Perdido em primeira mão.

- Está pensativo hoje - Sabo se sentou ao seu lado, uma pilha de papéis sendo posta na mesa antes de começar a assiná-los lentamente.

- Eu estava me lembrando de algo - Ryusei suspirou.

- Quer compartilhar?

- Bem, só... pensando em Keisuke - Satou deu de ombros, a mentira saindo fácil, sempre saía - Nós nos conhecíamos desde novos, estudamos juntos quando pequenos e então a mãe o mudou de escola, ainda sim sempre nos encontrávamos para brincar.

- Então era um amor de infância?

- Keisuke foi muito mais do que um amor de infância - Ryusei deitou a cabeça na mesa - A ilha de onde eu vim tem uma cultura única, uma das coisas que temos lá são delinquentes, gangues formadas por adolescentes que saem por aí fazendo qualquer merda e brigando uns com os outros madrugada afora, eu era apaixonado pela delinquência.

- Isso não me surpreende - Sabo zombou fazendo Satou rir.

- Imagino... Waka-aniki era um delinquente também, ele era sete anos mais velho que eu então estava nesse mundo desde que eu me lembre, por muitos anos ele controlou metade do nosso distrito e então ele abdicou disso para fundar com os amigos uma gangue lendária, eu eventualmente entrei pra delinquência também, eu era o vice capitão de Keisuke.

Sabo assobiou encarando a sala cheia de atividade antes de voltar a olhar os papéis que assinava.

- Eu estava saindo com Natsu - Contou - Não era algo sério, nós só... estávamos curtindo sabe?

- E por que não estão mais?

- Eu não sei bem, depois que o vi com outro eu só... - Sabo suspirou, deixando a frase pela metade.

- Você estava gostando dele de verdade.

- Não diria que gostando gostando, apenas... era legal.

- Cara, você é pior que eu com seus sentimentos - Ryusei riu - Certo, o que exatamente você está fazendo? Deixa eu te ajudar com isso para terminar logo, à noite vamos beber!

- Eu não posso sair pra beber hoje, Ryusei, estou ocupado!

- Então desocupa!

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Diário de Bordo de Ryusei Satou.

Sabo é gay, ganhei a aposta.

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O Chefe do Estado Maior ainda não estava convencido enquanto Ryusei terminava de se arrumar para saírem, em roupas mais despojadas, Sabo ainda estava levemente ofendido pelo outro dizer que suas roupas diárias não eram boas o suficiente para essa saída.

- Eu ainda acho que isso não vai dar certo, Ryusei, e se precisarem de mim aqui na base?

- Ora, relaxe! Não é como se fôssemos deixar a ilha! - Satou revirou os olhos.

- Não vamos? E onde exatamente vamos beber?

- Não é porque você é puritano que nossos homens também são - O tatuado deu-se por satisfeito com seu cabelo antes de se virar para o amigo - E se você dedurar esse lugar eu juro que te jogo no mar!

- Então é tipo uma boate clandestina? - Sabo estreitou o olhar - E acobertada por você?

- Vai reclamar que seus homens estejam se divertindo?

- Claro que não - O mais novo bufou - Vamos logo, mas já aviso que não vamos ficar até tão tarde!

- Relaxe, a gente volta cedo - Satou começou seu caminho.

- É bom mesmo!

- Oito horas da manhã é cedo o bastante? Ou prefere ajudar a servir o café?

- Ryusei!!

Koala, na entrada do dormitório feminino, riu da discussão dos dois.

- Então... vocês não disseram onde estamos indo... - A mulher se aproximou, Hack logo se juntou a eles.

Sabo nunca tinha visto os dois tão despojados antes.

- No lugar de sempre - Satou deu de ombros.

- Espera, eu sou o único que não sabia disso?! - Sabo se exaltou.

- Acho melhor falar mais baixo, Sabo - Hack avisou olhando em volta - Não queremos ser ouvidos.

O loiro bufou, mas concordou enquanto seguiam para fora.

A noite estava agradável, o clima ameno para a ilha dispensava casacos, os quatro seguiram silenciosos, deixando Sabo cada vez mais nervoso enquanto se aproximavam da praia e viravam em uma caverna escondida por enormes rochas.

Satou bateu na enorme porta de metal e uma janelinha abriu, estreitando os olhos para eles.

- Senha?

- Okama - Ryusei murmurou e a porta abriu, o revolucionário encarou Sabo com desconfiança - Ele tá comigo.

- Certo.

Finalmente eles puderam entrar e Sabo olhou em volta, seus olhos doendo pelas luzes neon e o tanto de cores ao redor da caverna.

- Esse lugar foi construído por Ivankov-sama há alguns anos, ele dava as melhores festas quando vinha à Baltigo - Koala contou acenando para um grupo de mulheres - Eu vou indo, tente se divertir, Sabo!

A mulher sumiu, Sabo suspirou, olhando para seus acompanhantes apenas para notar que Hack também tinha sumido.

- O que...

- Ele de alguma forma sempre acaba na ala VIP, não vamos o achar até o momento de irmos embora, agora vem, vamos beber um pouco!

Satou puxou Sabo para um balcão, pedindo duas bebidas para colocar na sua conta, o loiro de cicatriz apenas suspirou não sabendo o que esperar.

- Obrigado por me trazer, acho... acho que estava precisando disso - Sabo confessou - Não só a bebida e a descontração, mas um amigo sabe? Todos aqui são bons companheiros, mas ainda são meus subordinados, então existem coisas que preciso guardar pra mim e com você eu posso ser completamente transparente.

Satou sorriu inclinando a cabeça.

- Eu fico feliz em te ajudar com isso, imagino como deve ter sido confuso sua adolescência sem saber de onde devia vir sua personalidade tudo mais.

Sabo assentiu.

- E eu fico feliz que esteja se abrindo pra mim, estou adorando conhecer esse lado mais sensível seu.

Ryusei sorriu encarando o mais novo, seus olhos desviando para a boca antes de voltar a encarar as íris que brilhavam com as luzes da festa.

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Diário de Bordo de Ryusei Satou.

Sabo fode bem.

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