who are you?

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Demi

Forcei-me a não chorar, queria explodir em mil pedaços e esmurrar tudo que me cercava, mas permaneci inerte. Estava no carro com o motorista e seguranças, não demonstraria fraqueza na frente de ninguém. Não mais.

Desci do carro com o sangue fervendo. Subi as escadas como um raio e me tranquei no quarto com a batida estrondante da porta. Me joguei na cama e agarrei o travesseiro, deixei que meu choro saísse, que se libertasse de mim.

Não foi um choro simples, foi forte, daqueles que você convulsiona e soluça sem parar.

Me sentia enganada. Traída.

E o que me deixava pior era saber que Selena não me pertencia, pois não a pedi em namoro e nem nada do gênero. Combinamos em ficar apenas uma com a outra, mas isso não me parece forte o bastante. E pelo visto nem para ela.

Cada lembrança de nós duas surtia em mim como uma soco no estômago. Doía, doía como jamais doeu qualquer sensação em mim. Fazia arder em minha própria pele lembrar de seus beijos e carinhos.

Parecia insuportável. Precisei chorar tudo que tinha e que não tinha para enfim meu corpo se acalmar. Deixei o travesseiro todo molhado e me forcei a levantar da cama.

Mesmo com as pernas ameaçando fraquejar, cheguei ao banheiro a tempo de levantar a tampa da privada e vomitar.

Burra.

Burra.

Burra.

Mil vezes burra.

Como pude acreditar que alguém seria verdadeiro comigo? Que ELA seria verdadeira e que me daria seu amor, sua companhia, sua sinceridade.

Me sentia uma palhaça usada.

Ela já tinha alguém e só estava comigo para lá sabe o quê. Talvez fosse mesmo uma maldita interesseira como todas as mulheres que já conheci. E tive a prova esta manhã, ao vivo e a cores. Selena ainda tinha um marido. Ela estava rindo para ele! Recebendo o abraço dele!

Voltei a chorar no chão do banheiro, me sentindo suja e usada. Estava despedaçada por algo que nunca existiu.

O cansaço mental me fez dormir o restante do dia. Acordei por volta das 17h e chamei o motorista. Pedi que me levasse para a praia. Iria acabar fazendo uma loucura se continuasse trancada no quarto com pensamentos destrutivos.

O carro estacionou numa área reservada e sem banhistas. O sol estava leve e não queimava a pele. Os seguranças ficaram de prontidão na frente do carro enquanto me afastava devagar pela areia. Caminhei até poder sentir a água morna.

Não sei por quarto tempo andei e nem me dei ao trabalho de olhar para trás e verificar se os seguranças me seguiam, mesmo sabendo que sim. Sentei-me, sem me importar de sujar as roupas ou de me molhar e fiquei observando, ouvindo o som do mar.

Selena

Após ver seu carro sair do estacionamento, corri para meu veículo e entrei às pressas, não poderia deixá-la ir embora pensando aquelas coisas horríveis sobre mim, sobre nós, não poderia e não queria. Dei partida e parei abruptamente. Golpeei o volante algumas vezes e voltei a chorar forte.

Estava machucada, ferida por suas palavras, por seu olhar de julgamento. Mesmo sabendo que ela estava errada, mesmo sabendo da MINHA verdade, pensar que ela agora tinha aquela imagem de mim, de uma mulher qualquer e aproveitadora, doía. Me machucava como nada jamais machucou.

Não, ela não podia pensar nada daquilo, porque nada era verdade. Eu NUNCA a trairia, NUNCA a usaria.

Nem se me oferecessem dez milhões de dólares, não aceitaria para fazê-la sofrer.

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