Já haviam se passado algumas horas desde que chegaram ao Apartamentos Addison, seu novo lar. Bom, ao menos era o que deveria ser, mas Sal Fisher não chamaria aquilo nem de espelunca.
O prédio era velho, bem velho, com pichações e janelas quebradas, principalmente o último andar. As paredes tinham leves rachaduras à mostra, o que denunciava a idade já avançada do edifício ou, na pior das hipóteses, uma péssima fiscalização estrutural.
O garoto de madeixas azuis levou um tempo para sair do carro, esperou seu pai sair e observou os dois grandes homens da companhia de mudanças levar alguns móveis para dentro do prédio. O garoto respirou fundo, colocou sua prótese, pegou a gaiola de Gizmo e saiu do carro em direção ao prédio. Evitou todas as pessoas possíveis, o que não foi difícil já que o lugar estava deserto a não ser pelos dois homens, seu pai, e um pequeno homem de boné com uma prancheta, que conversava com Henry Fisher.
Sal adentrou no novo apartamento quieto, não era nada demais, tirando o fato do papel de parede ser cafona e estar descolando nos cantos era até confortável, se você olhasse bem rápido.
— Ei, filho. — Ouviu seu pai lhe chamar do cômodo que seria a cozinha. — Este é o Senhor Addison, ele é o proprietário dos Apartamentos Addison. — Henry diz apontando para um pequeno senhor de talvez uns 30 anos de idade, segurando uma prancheta com papéis que Sal não conseguiu identificar e um boné verde. O homem exalava simpatia.
— Olá Sal, seu pai estava me falando sobre você.
— Estava? — O garoto perguntou confuso.
— Sim, ele disse que você tem uma guitarra, certo? — O mais novo acenou a cabeça afirmando. — Que ótimo, eu adoro música! Mas sabe o que eu não adoro? Reclamações. Não toque tarde da noite e muito menos toque alto e não teremos problemas, certo garoto Fisher?
O homem perguntou sem pausas entre as frases, era claramente calmo mas, aparentemente, muito sério no que diz respeito ao seu prédio. O garoto apenas concordou com a cabeça e olhou de relance para a gaiola de Gizmo em suas mãos.
— A certo, você também tem um bichinho de estimação, não é? — Em um piscar de olhos o homenzinho se abaixou para espiar o animal dentro da gaiola. Era realmente ágil. — Ah, um gatinho. Fofo. Gosto de animais, não o deixe sair sozinho pelos corredores ou que entre no apartamento dos vizinhos e, claro, limpe suas... supresinhas, certo? Não gosto de mal cheiro.
O Senhor Addison pronunciava o seu monólogo de exigências ao garoto, que achou um tanto quanto irônico o comentário do proprietário. Ele, por acaso, já viu a quantidade de sacos de lixos que estão acumulado ao lado da entrada do seu precioso prédio?
— Então — Henry dirige a palavra para o Senhor Addison novamente. — Tudo certo com a papelada? O Senhor recebeu o meu pagamento que enviei pelo correio semana passada?
— Ah sim, três meses muito bem pagos Senhor Fisher. — Henry sorriu orgulhoso, e Sal sorriu de canto por baixo da prótese. Essa era uma das coisas que mais admirava em seu pai; sua administração impecável com o dinheiro. Nunca passaram necessidade e nem deveram nada a ninguém, não porquê eram ricos, longe disso, mas sim porque seu pai dava duro no trabalho e investia cada centavo a mais que ganhava. — Sobre o seu apartamento, Senhor Fisher, acho que está tudo em ordem. Sim. Janelas trocadas, paredes repintadas. — Repintadas? Sal desconfiava sobre a data das anotações que o homem lia em sua prancheta. — É. Tudo em ordem, exceto pela pia da cozinha. — O homem tirou os olhos do papel e apontou sua caneta para a pia acoplada nos armários embutidos na parede da cozinha. — Ela anda vazando, essa danada, mas não se preocupe, vou ligar agora para a Srta Jonhson e ela dá um jeito nisso rapidinho. Como eu não vi isso antes? Francamente Addison...
O homem se afastou tirando um pequeno celular do bolso, discando algum número enquanto resmungava sozinho.
— Ei, Sally. — Henry praticamente cochicha, chamando a atenção do azulado mais novo. — Eu pedi para os caras da mudança trazerem as coisas do seu quarto primeiro, acho que já montaram sua cama. Você pode descansar um pouco se quiser.
— O Senhor não quer ajuda com as coisas, pai?
— Foi uma longa viagem, eu sei que você tá cansado. Além do mais, seu velho dá conta de algumas caixas. — O mais velho sorriu exibindo os músculos já não tão definidos por conta do tempo. Sal não conteve sua risada. Este era o seu pai, se esforçava até mesmo para animar os outros. — Leva o Gizmo pra lá. Ele deve estar com um ódio mortal dessa gaiola já.
— Isso com com certeza. Obrigado pai, sabe, eu acho que
— Garoto Fisher! — O mais novo dos Fisher's foi cortado no meio de sua fala, o que pareceu não incomodar Addison, aliás talvez nem tenha percebido sua interrupção. — A Srta Jonhson não está atendendo minhas ligações, poderia, por favor, ir chamá-la? Iria eu mesmo mas preciso me certificar de que esses brutamontes não vão danificar minha propriedade. — O homem apontou sua caneta por cima dos ombros sem olhar para trás, onde os homens carregavam o armário de Henry de uma forma nada sútil. Se arranhões na madeira incomodassem seu pai ele teria que trocar de armário.
— Eu posso ir.
— Ah, agradeço a gentileza, Senhor Fisher, mas ainda não terminei de te passar as informações sobre os horários do prédio. Ou dos correios, manutenção, reuniões, hora de tirar o lixo, vizinhos
— Eu vou. Onde essa Srta Jonhson mora? — Sal interrompeu o homem. Quantas xícaras de café ele havia bebido essa manhã?
— Ótimo, ótimo. Aqui, vai precisar desse cartão de acesso, os Jonhson's moram no subsolo. Seja breve, sim?
Sal pegou o pequeno cartão de acesso, apressou-se em direção ao seu quarto onde deixou seu gato. Fechou a porta e saiu, não antes sem pedir para seu pai deixar água e comida para Gizmo. Entrou no elevador e passou o cartão de acesso, sentindo o chão descer sob os seus pés.
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Hey, Johnson!
FanfictionOnde Sal vê algo interessante nos apartamentos Addison. Onde Larry é interessante. 2 🎖#larryxsally 11/10/22 1🎖 #larryxsally 06/12/23