Hey, Johnson!

Capítulo III

— Hey, Sally Face! Tudo pronto pra irmos? — Do banheiro, Sal ouviu a voz de Larry chamá-lo através do walkie-talkie que o mesmo havia lhe dado dias atrás.

— Me encontra na portaria em cinco minutos, beleza? — Perguntou após pegar o aparelho eletrônico em cima do braço do sofá da sala, que agora já estava totalmente mobiliada e decorada.

— Beleza. Câmbio e desligo.

Sal soltou o aparelho no sofá, já estava pronto fazia horas, eram cerca de 5:40am e havia assistido ao nascer do sol pela janela de seu quarto, já que não havia conseguido dormir na noite passada. Havia mais cafeína no seu organismo do que nas lavouras das zonas rurais de Minas Gerais, no Brasil, e o garoto passou tanto tempo acordado que teve tempo de estudar sobre a agronomia de um país subdesenvolvido.

Estava nervoso.

Se passaram exatos sete dias desde que chegara em Nockfell, tudo no apartamento estava em seu devido lugar, seu pai, Henry, já havia começado a trabalhar na empresa de carnes embutidas da cidade, seu novo emprego. Sua transferência escolar estava praticamente pronta, tudo que restava era levar o histórico escolar e ser resignado para uma turma e isso o garoto mesmo faria hoje daqui a alguns minutos. Isso se ele parasse de enrolar e saísse logo daquele  andar.

Passou uma última vez em seu quarto, talvez Gizmo pudesse estar passando mal por ter comido muita ração no dia anterior? Se sim, o azulado teria que ficar em casa cuidando de seu melhor amigo peludo.

Abriu a porta e qualquer um poderia jurar que o felino estava roncando, sério, aquele gato tinha um sono mais pesado que qualquer ser humano existente na terra. Mas pro azar, e alívio de Sal, Gizmo estava perfeitamente bem.

O que estava esperando, afinal? Era só mais uma escola, e, além do mais, Sal não estaria sozinho, teria Larry ao seu lado e iria conhecer os amigos do moreno, moreno esse que lhe passou um resumo sobre como o colégio de Nockfell funciona. Estava à três passos andiantdos do que nas outras vezes. Não havia o que temer dessa vez, disse a si mesmo trancando a porta de seu apartamento com sua mochila nas costas.

Continuava nervoso.

— Cara, como a gente vai se atrasar se todo dia a gente sai do apartamento literalmente uma hora mais cedo?! — Fisher ouviu Larry questionar a um garoto ruivo, de óculos redondos e quase da mesma altura de Larry. O azulado sabia quem ele era.

— Oi pessoal. Desculpa o atraso.

— Pela última vez, a gente NÃO tá atrasado, beleza?! — O ênfase na palavra "não" demonstrava o mal humor de Larry, o moreno sempre ficava meio irritado pela manhã.

— Ninguém disse que estamos atrasados, tá bom, Rapunzel das Tranças Enferrujadas? Só disse que não quero chegar em cima da hora hoje, custa entender isso? — Protestou o ruivo, ajeitando seus óculos de armação mais fina que seus cílios.

Sal e Todd não eram próximos, não como o azulado é do moreno. Conversaram poucas vezes nas noites em que Larry chamava os dois pra assistir a Sessão Coruja na tv, ou jogar algum jogo enquanto ouviam a fita com as músicas favoritas dos três, que, aliás, não tinham nada a ver uma com a outra. Larry gostava de metal e rock pesado, Todd preferia instrumentais e orquestras épicas de peças específicas que só ele conhecia, não que os outros garotos tivessem assistido a alguma peça na vida, é claro. E Sal? Sal sempre ouvia as mesmas músicas da mesma banda. Mas apesar dos gostos diferentes nenhum deles reclamava ou pulava alguma música, Jonhson até gostava de algumas orquestras, mas nunca admitiria isso ao Morrison.