Capítulo 6

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Imprensados. Silencioso, mas firme. E quente. Tão quente. Possivelmente perfeito. Se ao menos não fossem os lábios de Potter.

Draco piscou quando Potter fez um estranho som de asfixia, seus olhos se arregalando impossivelmente. Seus lábios se moveram levemente contra os de Draco antes que ele se virasse bruscamente. Ele quase esfaqueou o pergaminho com sua pena e continuou a escrever, embora suas palavras parecessem suspeitosamente sem sentido.

Eu deveria fazer uma piada, Draco pensou apesar da tontura repentina. Ele deveria ter ridicularizado Potter, alegando que Potter tinha feito isso de propósito, mas os lábios de Draco formigavam muito e ele não conseguia fazê-los se mover para formar palavras. Potter parecia determinado a não comentar sobre o evento e Draco decidiu que era provavelmente o curso de ação mais sábio.

Um rubor escuro se espalhou pelas bochechas de Potter até o pescoço. Foi fascinante de assistir. O olhar de Draco permaneceu na corda que apertava a garganta de Potter; deve tê-lo sufocado porque Potter estava respirando pesadamente. Ele não mostrou nenhum outro sinal de desconforto, no entanto, apenas continuou seus rabiscos furiosos, aparentemente não exigindo mais a ajuda de Draco. Sua mão na coxa de Draco estava fechada em punho; tão apertado que estremeceu com o esforço. Quando Draco olhou para baixo, pôde ver que a vermelhidão do pulso de Potter estava se espalhando e escurecendo. Parecia assustadoramente insalubre.

— Pare de apertar sua mão, Potter. Você está cortando minha circulação. — Draco disse, chocado com a aspereza de sua própria voz. Ele pretendia gritar, mas acabou quase sussurrando.

Potter parou de rabiscar, a ponta de sua pena pairando sobre o pergaminho enquanto sua mão congelava no ar. Draco se sentiu estranhamente culpado, como se tivesse quebrado alguma regra de não falar. Eventualmente, Potter fez o que Draco disse e abriu sua mão. Então ele se contorceu um pouco em seu assento antes de voltar a escrever as linhas.

Draco fechou os olhos e amaldiçoou por dentro, horrorizado com sua própria estupidez. Por que ele disse a Potter para abrir a mão? A palma da mão de Potter estava agora espalhada sobre a coxa de Draco, irradiando calor que queimava através das calças de Draco, aquecendo sua pele. Não ajudava que o corpo inteiro de Potter parecesse irradiar calor como se ele tivesse se transformado em uma fornalha. Ele até parecia uma fornalha com o rosto corado.

Um pensamento estranho ocorreu a Draco enquanto olhava as bochechas de Potter. Potter estava certamente envergonhado, assim como Draco, mas ele parecia excessivamente envergonhado. Talvez ele tivesse gostado do beijo. Era um pensamento digno de exploração.

Draco encarou a nuca de Potter, tentando em vão ler sua mente. Potter parecia determinado a fingir que o incidente nunca ocorreu, mas Draco queria saber se Potter estava enojado ou intrigado. O assunto exigia uma investigação sutil.

— Você tem uma queda por mim, não é, Potter?

A mão de Potter se contraiu com tanta força que ele bateu no tinteiro. Ele tombou; tinta preta escorrendo sobre a mesa antes que Potter a pegasse rapidamente. Ele olhou para ele por um momento, como se quisesse ter certeza de que o tinteiro não planejava fugir, e então ele se virou para Draco – cuidadosamente desta vez – e sussurrou, — O quê?

Draco lhe deu um sorriso lento; o que Pansy alegou ser irresistível. — Você está apaixonado por mim, Potter, — ele disse confiante. — Por que mais você me beijaria?

— Eu não te beijei! — Potter ofegou, seus olhos ridiculamente redondos. — Isso foi um acidente. Um acidente terrível, terrível. Você estava se inclinando demais para mim.

Por mais ofendido que estivesse por Potter ter dito terrível duas vezes, Draco ainda conseguiu responder. — Oh, eu não sei, Potter. Olha só pra você - gay e apaixonado por mim, e aqui estou eu - preso a você com cordas. Que situação conveniente, não?  Estou começando a achar que você não beijou por acaso, mas que isso tudo faz parte de um plano maligno e muito bem arquitetado pra me seduzir!

The Ties That Bind Us | Drarry Onde histórias criam vida. Descubra agora