Vinte e nove

243 19 4
                                    

Chase

Não sou uma criança.

Não mesmo, eu já tenho quatro anos. Crianças tem quatro anos? Hein, não tem. Crianças são aqueles bebês pegajosos que não param de babar e vivem grudado nas suas mães, por tanto, Chase Hossler não é uma criança.

Meus avôs me tratam igual um bebê, fazem umas vozes chatas e eca, apertam minhas bochechas com muita força. Ponto bom, sempre ganho presentes e muitos doces. Tia Darianka vive me enchendo de doces escondido da minha mamãe, ela não gosta muito que eu coma doces o tempo
todo.

Tia Darianka é minha tia preferida, depois do tio Bryce. Ele me ensinou a tocar campainha e sair correndo, é muito maneiro.

E tem tio Quin, mas ele só me faz escutar umas músicas chatas. Quando eu gosto de escutar músicas da vaquinha chata com voz de criança. E, talvez eu seja uma.

Todos os dias acordo mais cedo que meu papai, ele demora muito para acordar e eu fico
conversando com minha mamãe. As vezes ela
deixa eu jogar água nele, é muito divertido. Hoje era um dia depois de sexta, quando acordei não tinha ninguém em casa, então, peguei Pugy que agora tinha um olho a menos e fui até o quarto do papai e da mamãe, abri a porta e vi os dois dormindo abraçados.

Eca, eu não gostava de abraços.

Pulei em cima da cama, me deitando no meio dos dois e logo minha mãe percebeu que eu estava ali e me abraçou, beijando minha bochecha. Gostava do carinho dela. Minha chupeta estava caindo da minha boca quando ela ajeitou, ela estava planejando tirar minha chupeta de mim até meu aniversário. Faltavam cinco meses.

Eu não conseguia dormir sem ela, iria ser ruim,
mas a mamãe disse que seria melhor para mim.

Não entendo como pode ser bom se vai tirar meu sono, adultos não conseguem me enganar. Nem um pouquinho. Esqueceu? Não sou uma criança.

Depois que mamãe fechou os olhos, tentei fazer o mesmo, mas não estava mais com sono e não dava para contar carneirinho, já é de manhã! Então, minha única saída foi deitar em cima do meu pai, tirei minha chupeta e dei um beijão na sua bochecha. Papai despertou sorrindo para mim e voltei a colocar a chupeta, sendo abraçado pelos braços fortes do papai.

- Acorda, papai. Quero comer. – Pedi, ainda
deitado no seu peito, conseguia até ouvir seu
coração fazendo "tum-tum".

- Tira a chupeta para falar, carinha. – Falou, já puxando da minha boca. Resmunguei tentando pegar o objeto de volta.

- Pai! - Ele riu. - Quero que o senhor acorde, eu estou com fome.
-
- Tudo bem, o que você acha da gente acordar sem fazer barulho e deixar a mamãe dormir mais um pouco?

- Tudo bem, papi. - Assenti, saindo da cama e pegando minha chupeta de volta.

Antes que eu pudesse correr para o banheiro,
papai levantou e me puxou para seu colo, me
levando até o banheiro e depois me colocando em cima da pia. Ele me ajudou a escovar os dentes e lavar o rosto, depois me ajudou a tirar o pijama e saímos bonitos do banheiro.

Queria acordar a mamãe, mas o papai falou que ela estava muito cansada e era melhor deixar ela dormir, desconfiei que eles estavam fazendo a simpatia do irmão.

Baby on board | J.H ✔︎Onde histórias criam vida. Descubra agora