"if you go, i'll go"

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— Eddie! — Dustin gritou.

Edward Munson estava lavando sua faca ensanguentada, e logo se levantou e foi até seu irmão mais novo. Os dois tentavam fazer o parto de uma porca, no chiqueiro ao lado da casa deles. Todos os moradores de Hawkins, a pequena vila aonde moravam, sempre falaram que o mais velho tinha talento para realizar partos de animais. Se ele realmente tinha um talento, não sabia, mas queria ensinar tudo que sabia para o irmão mais novo, seu ajudante. Eddie, como era conhecido, se ajoelhou ao lado da porca.

— Dustin, segura firme — Ele falou enquanto o mais novo segurava o animal. Ao aproximar sua faca dela, a porca se remexeu. — Firme, Dustin! — Ele gritou.

— Desculpa — O menor segurou a porca com mais força.

Ao enfiar sua faca nela, sangue espirrou no rosto do maior. Ele sorriu ao conseguir tirar o último leitão, tirando o sangue de seu rosto.

— Nenhum nasceu morto — Wayne Munson, tio dos dois, falou. — Você realmente tem um talento, Eddie

— Não é talento — Eddie sorriu. — Qualquer um com uma faca afiada conseguiria fazer isso — Ele pegou um dos filhotes, o colocando dentro de um saco.

— Vai entregar esse para quem? — Wayne perguntou, se referindo ao filhote.

— Chrissy

— Chrissy Cunningham... — Wayne sorriu. — Ela é uma garota boa. Já pensou em se casar com ela?

— Tio, ela é só uma boa amiga — Eddie riu. — E pare de tentar me achar uma esposa

— Qual é o problema em um tio querer que seu sobrinho se case?

— Como eu poderia te deixar aqui, sozinho com todo esse bacon? — Eddie terminou de amarrar o saco, o colocando por cima de seu ombro.

— Certo, vá. Mas volte cedo, essas florestas são perigosas durante a noite.

— Certo — Eddie abriu a porta e saiu de casa, em direção a floresta que levava a casa de Chrissy.

Enquanto andava, via seus amigos andando pelas simples ruas cercadas por casas da vila. Várias pessoas trabalhavam e conversavam pelas ruas, crianças brincavam, animais eram alimentados. Era um dia comum em Hawkins.

— A lua cheia nasce antes do anoitecer — Robin Buckley sussurrou ao passar por ele. — É uma boa noite para aproveitar os frutos da terra — Ela sorriu ao mostrar sua cesta de frutas, com várias garrafas escondidas no fundo.

Eddie sorriu e continuou andando. Ele logo ouviu a cantoria de crianças próximas. Como sempre, as crianças da vila se reuniam para brincar, sempre lideradas por Mike Wheeler.

— Pastor Harrington, cego como um morcego! — Mike e a demais crianças cantavam, todas em uma roda. — Tentou ler a bíblia e seus olhos caíram!

— Mas eu tenho olhos nas costas! — O pastor brincou, se virando para as crianças, que riram e correram.

— Michael! — Nancy Wheeler, a irmã mais velha de Mike, gritou, o puxando pelo braço. — Pare de fazer bagunça!

— E você, pare de ser chata! — Mike respondeu.

— Eddie! — Nancy foi até ele quando o viu, seu irmão a seguindo. — A lua cheia nasce antes do anoitecer

— É uma boa noite para aproveitar os frutos da terra — Eddie sorriu.

— Eu quero ir junto! — Mike falou.

— Nem pensar — Nancy o fuzilou com o olhar.

— Então eu vou contar para a mãe!

— Faça isso e eu arranco esse seu cabelo da cabeça! — Nancy o puxou novamente, o arrastando para casa.

Eddie riu com os irmãos, que estavam sempre brigando, e logo percebeu uma pessoa na casa a sua frente. Ele foi até o garoto, que logo se virou para ele, sorrindo.

— A lua cheia nasce antes do anoitecer — Steve Harrington, o filho do pastor, disse.

— Como assim? — Eddie sorriu. — O santo Steve Harrington vai vir com a gente?

— Eu não só vou, como vou buscar os frutos com a bruxa antes, com a Robin — Steve disse, animado.

— Uma coisa é a Robin ir negociar com aquela bruxa velha — Eddie sussurrou. — Outra coisa é o filho do pastor ir lá

— Ah, vai! — O Harrington sorriu, se aproximando do mais velho. — Você não está nem um pouquinho curioso pra saber se a bruxa existe mesmo?

Os dois se olharam por um segundo intenso. Eddie sabia muito bem que apenas pessoas amaldiçoadas e pecadoras poderiam se apaixonar por pessoas do mesmo sexo. Mas não era errado achar o filho do pastor encantador, com o sorriso mais lindo que o Munson já havia visto na vida. Ele sabia que não estava apaixonado pelo Harrington já que nunca havia feito nada de tão mal para merecer tal castigo, mas, com certeza, o achava o garoto mais lindo de toda a vila.

— Vamos fazer assim — Steve continuou. — Se você for, eu vou — Steve sorriu. — Por favor?

Eddie riu antes de alguém abrir a porta da casa dos Harrington, fazendo os dois imediatamente se afastarem.

— Droga, Steve! Por que está demorando tanto? Eu preciso de ajuda com... — A mãe de Steve parou de falar ao ver os dois, logo agarrando o braço do filho e o puxando pra dentro da casa. — Venha pra dentro. Agora!

Os dois sorriram um para o outro antes da mãe de Steve fechar a porta de sua casa, fazendo Eddie continuar seu caminho para a casa de Chrissy. No meio do caminho, a porta de uma patente na rua se abriu, fazendo ele se assustar. Billy Hargrove saiu de lá, completamente bêbado, como sempre.

— Olha só, se não é Edward Munson — Billy riu e foi em sua direção. — Tome cuidado, Munson — Ele segurou o rosto de Eddie, que logo se afastou.

— Para com isso, Billy Louco — Eddie puxou seu cabelo, que caia no rosto, para trás. — E vê se toma um banho!

Quando ele tentou passar pelo Hargove, ele o agarrou pelas costas.

— Eu sei a verdade sobre você, Eddie Munson — Billy riu. — Eu consigo sentir as trevas em você

Eddie o empurrou, finalmente fazendo ele o soltar.

— Tome cuidado, Munson — Billy se virou, indo em direção a vila enquanto Eddie andava em direção a floresta.

Ninguém levava a sério o que Billy dizia. Ele era conhecido por toda a vila como Billy Louco por um motivo. Mas do mesmo jeito, Eddie se assustou com a ação de Hargrove. Mas, claro, nada do que ele disse fazia sentido. Afinal, o Munson tinha certeza que não tinha nenhuma treva em si.

1666 || SteddieOnde histórias criam vida. Descubra agora