Capítulo 47

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Volto para o quarto e me tranco novamente. Como meu futuro com Dulce foi cair nas mãos do Christian? Isso me soa desesperador. Mas já é um passo. Se ele souber onde ela está, só me resta convence-lo a me contar.

Tomo um banho e tento me acalmar, preciso da minha cabeça no lugar. Fico algum tempo olhando o lago iluminado pela lua pela varanda até que alguém bate na porta. Que inferno! Não posso nem ficar só nessa casa sem ser incomodado!

-Vá embora! Não me enche por hoje! -Grito com raiva, pouco me importando para quem está do outro lado.

-Desculpa, papai. - É Alicia , que diz a frase com tom triste.

Droga. O que eu estou fazendo? Não posso descontar minha raiva nas pessoas, ainda mais na minha própria filha.

Corro até a porta e a abro indo atrás de Alicia que anda triste pelo corredor em direção das escadas.

-Alicia ! -Chamo e ela para. Ela limpa os olhinhos e se vira.

Ela está chorando.

Também, com o tom de voz que eu acabei de gritar. Ela é só uma criança. -Ah meu amor. -Me aproximo mais ainda dela e a pego no colo a abraçando apertado.

-Não fica bravo comigo, papai. -Ela funga.

-Não, não estou bravo. Não queria ter gritado daquele jeito com você.

-Se fosse outra pessoa você gritaria mesmo assim? -Ela pisca e aperta os olhos mandando o choro embora.

-Você tem razão. -Suspiro pesado e caminho com ela ainda em meu colo até o meu quarto. -Precisamos conversar um pouco.

-Tudo bem. -Ela diz.
Chego no quarto e me sento na cama, Alicia senta ao meu lado e pega na minha mão assim que a solto. Minha menininha insegura.

-As coisas estão meio difíceis, não é ? -Pergunto a ela.

-Um pouco. Eu sinto falta dela.

-Eu também. Desculpe por xingar você mais cedo, é que eu ando meio estressado, fiquei triste com a partida dela.

-Eu estava triste, mas Christian me disse que você está passando por muitos problemas, e por isso está assim.

-É, aconteceram algumas coisas... -audiência da guarda, a doença da Dulce e obviamente seu sumiço inexplicado.

-Ela vai voltar?

-Não sei, não posso prometer. Mas vou tentar.

-Ela disse que quando ela melhorasse ela ia me visitar.

-Ela disse é?

-Sim, ela me fez prometer que não ficaria triste. Eu não estou sendo muito boa nisso. Mas ela me prometeu que ia voltar para me ver.

-Você ama ela não é?

-Demais. Queria que ela estivesse com a gente. Eu você e ela.

-Eu vou buscar ela.

-Por favor, ela também ama você . - Ela me diz com os olhinhos brilhando.

-Agora vamos dormir que amanhã nós dois temos que acordar cedo.

-Amanha tem aula?

-Sim, sua última aula... Ano que vem você vai para uma escola normal. -Por mais que eu esteja remoendo um pouquinho deixando minha filha presa em uma escola com pessoas desconhecidas , é o melhor para nós dois.

- Eu não quero ir pra escola. Mas no Christian disse que lá vou poder fazer amigos.

-Sim, vários . A escola e legal.-Eu não era muito fã ,mas é melhor não contar essa parte a ela. -Agora vamos dormir.

-Vai até o quarto comigo? A casa fica meio escura...

Eu sorrio devido ao medo do escuro dela e solto um suspiro.

-Hoje vamos dormir aqui então. Já que estamos nos sentindo sozinhos. -Sorrio e me levanto.

-Eu vou poder dormir com voce? -Ela se entusiasma.

-Por que não?

Ela me ajuda a arrumar a cama e deitamos em seguida. Ela se agarra em mim como uma macaquinha e assim adormece cinco minutos depois.

Quando percebo que está em sono profundo, eu a ajeito no travesseiro ao lado e aconchego as cobertas nela. Fico observando seu sono ,enquanto o meu não vem, provavelmente vou demorar uma eternidade para dormir hoje.

Meia Noite e Um - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora