2. Doppelganger.

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01:20 PM
SEOUL, SOUTH KOREA.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐦𝐢𝐫𝐚𝐢!

As oito figuras estranhamente conhecidas estavam sentadas no chão da sala, sobre o tapete, enquanto eu andava de um lado para o outro tentando entender o que havia acontecido.

– Ai minha nossa, ela não tá nada bem. - O possível Jisung sussurrou numa tentativa falha de não me deixar ouvi-lo. Me virei no exato instante, minhas mãos ficaram na cintura, eu estava genuinamente perplexa.

– Okay, quem caralhos são vocês? Não faz sentido, os garotos vão todos pro outro lado da cidade, como chegariam aqui? E outra, vocês se parecem com eles, mas não totalmente. Tem algo errado! - Dizia cada palavra tão rapidamente que poderia desbancar a carreira do Eminem em um estalo de dedos, o que seria legal se eu não estivesse em puro desespero.

– Ei, ei! Calma. Olha, pra ser sincero: nem nós sabemos o que tá acontecendo. Eu só abri o olho e de repente apareci aqui, acho que com o resto dos meninos foi igual. - Dizia "Bangchan" com o jeito calmo e reconfortante dele, aliás, do verdadeiro Bangchan.

Enquanto reparava nos garotos eu pude perceber algo, os uniformes deles tinham algo de diferente também. O estranho é que esse algo em específico era o brasão da nossa escola, era tão difícil e detalhado que eu só desenhava um sorriso no lugar. E era exatamente o que tinha nas roupas deles. Como alguma escola teria esse tipo de logo? Olhei fixamente para a camisa de bangchan enquanto pensava em algo que justificasse essa loucura.

– Não... Puta merda! Meu caderno. - Enquanto eu dizia parte da frase, meus pés já se moviam até a mesa da sala de jantar. Corri até lá e abri a agenda úmida e suja, assim que segurei ela aberta meu queixo pareceu ter 50kg.

As páginas que eu havia desenhado cada um dos meninos simplesmente estavam em branco! Não que estivessem limpas, mas não havia mais desenho nenhum. Folheei aquilo como se minha vida dependesse disso, nenhum sequer rastro de lápis ou caneta. Voltei até a sala ainda andando vibrada nas páginas, mostrei para os rapazes e suspirei.

– Eu posso ter ficado doida mas... Eu acho que vocês vieram daqui. - Minha garganta parecia seca.

– Espera aí, quer que a gente acredite que saímos de um caderno todo sujo? Isso não faz sentido. - "Seungmin 2" disse se aproximando da agenda, ele parecia tão confuso quanto eu.

– Ah ha, e vocês querem que eu acredite que teleportaram pra cá num piscar de olhos? Nenhuma das opções faz sentido! Presta atenção, eu conheço vocês da escola, sei o nome de cada um, se isso for algum tipo de zoação só porque eu desenhava vocês- Fui interrompida por um barulho de porta sendo aberta.

– Ei, Mirai. Você tá bem? Eu fiz um bolo pra você se animar - Esmé adentrava falante até que sua voz cessou por um tempo ao ter visão da sala. - Que porra é essa? - Sua feição era idêntica ao personagem do quadro "O grito"

– Ah não, só fica pior. Escuta, Esmé. Esses não são os meninos da escola, tá? Eu sei que são parecidos, mas eu tava conversando com eles e aparentemente todos vieram da minha agenda e- Novamente fui cortada por ela, estaria zangada se não entendesse completamente seu choque.

– A chuva. Mirai, a chuva! Eu li sobre isso esses dias num site mas eu achei que era só algum louco por signo inventando coisa. Eu li... Eu li que tiveram alguns casos onde as pessoas molhavam as coisas deles na chuva e elas ficavam mágicas. - Ela dizia tão rápido quanto eu disse aquelas coisas alguns minutos atrás.

– Calma, quê? - Me aproximei dela.

– Mirai, será que a gente foi drogada no caminho pra casa? - Ela segurou nas minhas mãos. Balancei a cabeça como quem acordava de um devaneio, tentando assimilar tudo.

– Tá, calma. Então nós somos tipo seus desenhos só que em pessoa? Isso não faz sentido mas ao mesmo tempo faz, mas ainda é estranho. - Jeongin comentou confuso em suas próprias palavras, buscando reações dos outros meninos.

Enquanto esperava mais alguma opinião eu senti um vento bater da janela, só então me lembrei de estar com as roupas completamente molhadas por debaixo desse roupão.

– Caralho que frio. - Cochichei abraçando a mim mesma na esperança de me aquecer minimamente.

– Frio? Eu não sinto nada. - Minho, que não havia se manifestado até então, falou levantando o rosto.

– Meu Deus, então é real. Vocês são tipo fantasmas? Espera, eu preciso testar. Me desculpa aí fofinho. - Esmé se direcionou até Felix e beliscou seu braço com força, assustando a todos.

– Ai cacete, que do- Mudou de expressão repentinamente. – Eu não senti nada... Eu não senti nada?!

Em silêncio, eu corri até meu notebook na mesinha de centro ali perto e logo procurei por algo. E, felizmente (ou infelizmente?) achei uns artigos sobre.

"Doppelganger místico. Quem são e como tê-los em seus rituais." Li um pouco aquele texto completamente desconhecido pra mim, assim que passei o olhar por tudo eu comecei a falar sobre.

– Okay, prestem atenção. Eu achei um site que basicamente confirmou essa história maluca. Aparentemente eu fiz um ritual sem querer, tem bruxos ou sei lá o que, que escrevem cenários ou pessoas pra se tornarem reais e esperam até um período do ano pra molhar as folhas na primeira chuva do mês. E aparentemente, se eu quiser devolver vocês pro caderno eu só preciso fechar ele próximo de vocês em uma página em branco.

– Ah sim, o que é agora? Somos pokémons? Vai tacar o livro na nossa cara e capturar a gente? Qual é. Não creio que vai acreditar num sitezinho de fonte questionável - Hyunjin dessa vez parecia irritado.

– E qual outras fontes a gente tem, hein? Senhor sabe tudo. - Esmé revidou tão irritada quanto.

Sem esperar a curiosidade me corroer por dentro, me aproximei dos garotos e fechei o caderno. Nesse momento a sala voltou a ficar vazia. Me sentei no sofá, exausta e provavelmente com uma cara impagável de horrenda. Funcionou, mas ainda assim aquilo parecia surreal demais pra mim.

** Doppelganger: pessoa extremamente semelhante a outra, popularmente associada ao "gêmeo do mal" ou gêmeo perdido de alguém. Nessa obra o termo é apenas usado para se referir aos "cópias" dos meninos. **

Draw my love | BangChanOnde histórias criam vida. Descubra agora