4. Festa!

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09:45 AM
SEOUL SOUTH KOREA.

𝐦𝐢𝐫𝐚𝐢!

Nossa turma voltava de uma aula prática, o curso de dança era um dos poucos que tinham salas maiores e distantes das salas de aulas didáticas. Era complicado sair de uma aula de dança extremamente cansada, ter de andar o campus quase inteiro e ainda ter mais aulas de outras matérias. Como sempre, andavam eu e Esmé lado a lado. Algumas pessoas caminhavam atrás mas a maioria estava na frente, logo depois teríamos aulas de coreano, e eu claramente não sou a favorita do senhor Jung, então faço de tudo pra enrolar e não chegar na aula cedo.

Aprendi essa técnica com Felix, na época que ele e Bangchan entraram nas aulas, ele sabia muito pouco do idioma e aquele velho rabugento fazia graça disso. Percebi que o garoto sempre chegava atrasado nas aulas de coreano, e agora que ele já aprendeu bem, quem faz isso sou eu.

Me distraia tentando roubar a garrafinha de Esmé enquanto ela parecia fazer de tudo pra não me entregar, ouvimos uma pessoa coçando a garganta alto próximo a nós, as duas congelaram imaginando ser algum professor ou inspetor.

– Mirai, será que dá pra tirar a mão da minha cara? Ah, oi Bangchan. Pera... BANGCHAN?? - No momento em que ela repete o nome eu me viro rápido, estampei um sorriso apesar de estranhar mais um contato repentino.

– Oi Chan, precisa de algo? - Disse com uma doçura totalmente contrastante com a Mirai que acabara de socar a amiga em troca de roubar sua garrafa de água.

– Na verdade, eu vim aqui porque semana que vem é meu aniversário e eu resolvi fazer uma festa lá em casa. Eu queria saber se vocês querem ir, eu ainda não decidi o dia mas eu vou mandar no grupo da sala mais tarde. - Ele já vestia o uniforme comum e não mais o de esportes, provavelmente voltava do vestiário.

Olhei para a francesa que me olhava de volta, pareceu entender meu nervosismo e se posicionou no meu lugar.

– Claro que a gente quer! Não é, Mirai? Só avisar quando vai ser e se tem algum dress code que a gente cola lá. - Me abraçou de canto, eu concordava com o que ela dizia.

–Beleza então! Depois meu mando tudo certinho. Até mais tarde, meninas.- Ele se virou e seguiu até as salas enquanto Esmé parecia me usar como saco de pancada.

– Sua batata! Por que não falou direito com ele? "Eu fiquei nervosa" - Imitou meu jeito de falar antes mesmo que eu conseguisse abrir a boca. – Mesmo assim! E se eu não tivesse aqui? Ia dizer que não vai? Olha, se eu te pego no soco... - Proferiu um leve tapa em meu ombro.

– Foi mal, okay? Eu travei, juro que vou melhorar e falar igual gente. É que tá muito estranho, nesses dois anos ele nunca chamou a gente e agora do nada vamos pra festa dele de aniversário? - Apesar de gostar da idéia, realmente parecia incomum. Preciso começar a observar melhor essa mudança do Bangchan em relação a nós.

– Não sei não, será que ele tá sabendo dos desenhos? - Neguei com a cabeça. – Tem razão, ele parecia bem de boa. Acho que só vamos descobrir na festa mesmo, ele deve conversar com você lá. - Me puxou pelo braço nos fazendo voltar a caminhar até a sala. Concordei em silêncio, procurava entender. Parte de mim parecia extremamente animada com uma pequena possibilidade de Bangchan estar interessado em mim, outra parte temia que essa idéia dele saber dos desenhos fosse verdade.

02:50 PM
SEOUL, SOUTH KOREA


Eu comia num pote de pipocas meio queimadas enquanto Esmé procurava algo pra vermos. Ela cantarolava algumas coisas em francês, vez ou outra lia com dificuldade alguns títulos da Netflix, deixei em coreano propositalmente. Procurava de uma vez por todas aprender o idioma, mesmo que falasse praticamente o tempo todo em inglês com minha melhor amiga, tinhanos de usar o coreano na escola e por excessão de Felix e Bangchan ninguém da nossa sala era fluente em inglês. Eu sou filha de mãe Japonesa e pai coreano, mas que por conta do trabalho moravam no Canadá, então cresci falando um pouco de cada idioma, era confuso para a pequena Mirai.

– Mirai, eu tava pensando aqui: o que a gente compra de presente pro Bangchan? Tipo, ele não é muito rico mas todo mundo sabe que ele não precisa de nada. - Dessa vez parou a procura e pegou algumas pipocas do pote que eu segurava.

– Eu também tô com dúvida nisso, não sei nem o que ele gosta pra pelo menos tentar acertar em alguma coisa. Se a gente ainda tivesse contato com alguém que conhece ele bem... Mas nem com os meninos eu falo. - Comentei um pouco frustrada, queria mesmo dar algo legal, sei que não precisava ser nada caro, mas algo que ele fosse gostar era o mínimo. Olhei para Esmé e ela me olhava como quem armava um plano maligno.

– Mas a gente tem alguém que conhece exatamente o que o Bangchan gosta... Bem ali - Apontou para a escrivaninha do quarto onde a agenda "mágica" ficou desde então.

– Não, você não tá pensando em fazer isso. - Disse tão dura quanto uma mãe alertando um filho que apanharia.

– Eu não 'tô só pensando, como eu vou fazer. - Correu até a agenda, tentei reagir tão rápido quanto ela mas foi tarde demais.

Ela abriu o caderno e então de novo o quarto pareceu pequeno com tanta gente ali. Novamente os oito meninos desenhos estavam lá, vestidos como antes, mas aparentemente alguns estavam bravos.

– Porra, finalmente lembrou da gente. - Changbin dizia como quem esperava muito pra sair, estranhei.

– Ah, eu tava com receio... Não é comun ter clones em casa. E, quem abriu o caderno não foi eu. - segurei a agenda nas mãos.

– Foi eu, e inclusive se tivesse um jeito eu tinha libertado só o Bangchan. A gente precisa da ajuda dele, já que são iguais a eles devem gostar das mesmas coisas, né? Não sei como funciona mas... Bangchan: o que você gostaria de ganhar de presente de aniversário? Tipo, algo tão incrível que você ficaria super feliz em ganhar. - Esmé abriu espaço e logo perguntou, era um interrogatório.

– Sei lá, eu não ligo tanto pra isso... - Percebeu o olhar matador de Esmé para si quando respondeu, então voltou a falar como se não tivesse terminado antes. – Maaas, se eu quisesse algo provavelmente seria algo sobre o Deadpool, eu gosto bastante dos filmes. - pareceu aliviado assim que Esmé baixou a guarda.

– Ah, faz sentido. Obrigada chan! Agora tenho que ver algum boneco que talvez ele goste. - Eu disse enquanto já procurava em meu celular algum action figure que não fosse tão caro.

– É isso? Não vão nos prender de novo né? Porque olha, eu sei que é complicado oito pessoas do nada na sua casa mas pensa bem, a gente não sente sono, fome, e nem sede. Se pudesse, sabe... Deixar a gente ficar aqui às vezes, nem que seja enquanto você tiver fora. - Jeongin disse tocando no meu ombro, eu não senti realmente seu toque mas era como se o verdadeiro Jeongin estivesse na minha frente, ele era adoravelmente fofo e eu não me contive.

– Tudo bem. Mas acho que é melhor irmos pra sala. Aqui tá muito apertado e não quero oito marmanjos bisbilhotando meu quarto. - Assim que seguimos até lá nos sentamos e conversamos por muito, mas muito tempo. Todos ali tentavam entender mais da realidade um do outro.

Deu a impressão de que os meninos vivem em uma realidade paralela onde eles têm exatamente a mesma vida que aqui, com exceção de que eu e Esmé não existimos por lá, exatamente a mesma história de vida, mesmos costumes, cursos, gostos e etc. Mas em outra realidade.

Confesso que meu medo foi sumindo aos poucos, eles eram legais. Tão quanto os "de verdade" e não pareciam trazer nenhum tipo de problema. Ainda era estranho, é verdade, mas às vezes me pegava olhando para Bangchan, ele era tão lindo quanto o que conheço e de algum jeito estar naquela rodinha naquele dia pareceu me deixar confortável com a presença dele em específico. Me perguntei se isso me ajudaria de alguma forma a conseguir manter algum diálogo com o verdadeiro Bangchan na festa, eu ficaria feliz se o fizesse.

Draw my love | BangChanOnde histórias criam vida. Descubra agora