Pete:

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(contém cenas de violência)

A dor irradiava por todo meu corpo. Apenas respirar fazia com que eu sofresse como se estivesse a beira da morte. Não sei quanto tempo fiquei desacordado, mas ao abrir meus olhos agora, todo meu pesadelo retorna como flashes de lembranças que eu jamais esquecerei.

Eu já havia apanhado muito em minha vida, mas nunca como agora. Sem conseguir me defender, sem ter a chance de lutar contra meu agressor... Eu apenas fiquei preso àquelas correntes recebendo golpes e mais golpes daquele bastão.

Forço meus olhos a se abrirem mais, e mesmo esse simples gesto me faz gemer de dor. A luz tênue invade aquele quarto pelas janelas fechadas e percebo que já deve ser noite.

Não parece que faz apenas algumas horas que eu entrei nessa casa, que eu vasculhei a sala de Vegas, que vi aqueles vídeos asquerosos...

Sinto como se estivesse preso aqui há uma eternidade.

Fecho meus olhos novamente e cerro meus dentes por causa da dor. Com minhas mãos tento me segurar nas correntes para que isso diminua o desconforto em meus braços. Eu ainda estava praticamente pendurado ali...

Me mexer assim quase me faz desmaiar novamente. A dor era insuportável... E há tantos hematomas em meu corpo que penso que jamais conseguirei ficar curado. Estou praticamente sem energia nenhuma...

Mas ainda assim, meu cérebro não deixa de processar uma informação. Eu não implorei nenhuma vez.

Saber disso quase me faz sorrir, pois se Vegas desejava me fazer implorar ele não havia conseguido.

— Já está acordado? - meu choque ao vê-lo entrar no quarto não é maior do que quando sinto uma de suas mãos tocarem meu corpo. - É uma bela visão...

O ódio que sinto dele, o asco de ter sua mão me tocando... Isso me faz respirar com dificuldade, temendo que eu fique louco apenas por não poder revidar com o ódio que eu sentia agora.

— Não me toque! - grito me mexendo tentando de algum modo tirar seus dedos de mim. Ele não estava me machucando, mas apenas o passear delicado de seus dedos sobre minha pele tão dolorida me causava enjôo.

— Você está bem. Já até consegue latir... - ele diz sorrindo. Seus olhos me observam com uma satisfação que me dava medo. Vejo ele levantar a corrente que prendia meus pulsos  e temo que ele possa me bater novamente. Mas ainda assim eu o encaro de volta.

Quando ele solta aquelas correntes, não consigo me manter de pé... Então quando meu corpo cambaleia para frente eu teria ido direto para o chão, se não fosse Vegas me segurar. Seus braços ao meu redor me dão uma sensação horrível de pavor. Mas mesmo meu cérebro querendo me livrar de seu toque eu não tinha forças nenhuma para isso.

Ele me leva até a cama e por incrível que pareça me coloca ali com alguma delicadeza. Quase perco a consciência novamente, pois a dor estava me ganhando. Fico deitado ali, de olhos fechados. Mas sinto a presença daquele demônio próximo demais de mim. Abro meus olhos, achando seu silêncio muito suspeito.

O rosto dele pairava sobre o meu, e me sinto paralisado pelo medo. Não gosto de como ele me olha agora, observando meu rosto, como se estivesse memorizando meus traços. Os olhos dele sobem e descem devagar... Até se prender aos meus.

Vejo uma escuridão ali, o que me faz pensar em como ele conseguiu esconder isso por tanto tempo. Vegas não era apenas um psicopata como Kinn dizia. Ele era a própria encarnação do mal.

Ele se afasta e me entrega algo. Um copo de água e um comprimido.

— Toma. Vai ajudar um pouco.

— Não quero. - rejeito, e apenas viro meu rosto por que não tinha forças para mais nada. Mesmo que eu esteja morrendo de sede, prefiro não aceitar nada dele.

VegasPete (Versão de uma fã)Onde histórias criam vida. Descubra agora