Pete:

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Voltei a me concentrar no que estava fazendo. Embora eu me sentisse confuso com aquela sensação que o toque de Vegas provocou em mim, tudo o que faço é tentar agir o mais calmamente possível para evitar que ele se irrite comigo.

O pequeno teste de hoje prova que esse plano pode dar certo. Em todo o tempo que Vegas está no quarto nenhum vestígio de toda aquela escuridão de ontem voltou a aparecer em seus olhos. Me sinto confiante.

Mas a medida que a noite ia avançando meu estômago dava indícios de que eu estava cada vez mais com fome. Apenas peixe e aquela mísera salada, isso nunca iria me satisfazer completamente.

O que devo fazer? A fome realmente estava me incomodando... Será que falo alguma coisa a Vegas? Mas o que posso dizer? Tenho um debate em minha cabeça sobre pedir a ele alguma comida ou não. Até que junto alguma coragem e o chamo.

- Hunnn... Vegas? - o chamo, mas assim que o vejo desisto. Ele estava dormindo com o livro apoiado em seu peito. Inspiro e respiro. O som do seu ronco baixinho mostrava o quanto ele parecia cansado.

Me obrigo a terminar de digitar as duas últimas linhas do que ele havia marcado e decido ir para a cama. Me sinto contente de terminar o dia de hoje sem apanhar. Realmente tive dúvidas de que esse plano idiota não desse certo.

Apago a luz, vou para a cama e me enrolo no enorme cobertor que estava na cama. A noite estava tão gelada que o quarto mais parecia uma câmara fria.

Vegas provavelmente iria congelar essa noite. Ele estava apenas vestido com um fino pijama de cetim. Mas foda-se. Ele que congele sozinho.

Mas levanto minha cabeça para olhar em direção ao sofá. Apesar da fraca iluminação do quarto ainda consigo ver o enorme corpo dele dormindo sem nem se mexer.

Mas deito novamente, tentando não dar a mínima se ele está com frio ou não. Fecho meus olhos pronto para relaxar, mas...

- Mãe? Por favor, mãe... Não me deixe. Eu não quero ficar sozinho...

Escutar Vegas choramingando como uma criança em seu sono me faz pensar no quão difícil deve ter sido sua infância. Sem a mãe e com um pai tão lunático quanto Kan, não deve ter sido nada fácil...

Mas eu não iria me sentir abalado por isso. Não mesmo. Ele que se foda!

- Merda!

Me levanto irritado. Ascendo a luz e vou até o guarda roupa pegando um outro cobertor. Me aproximo de Vegas e olho por alguns segundos para seu rosto... Seu sono parecia um pouco agitado agora. Envolvo a coberta nele e aguardo alguns instantes... Seu semblante muda gradualmente e agora ele parece mais tranquilo.

Apago a luz e volto pra cama.

Sim. Eu sou um idiota.

De manhã, quando acordo tudo parece normal. Vegas não está mais no quarto e o cobertor está dobrado perfeitamente nos pés da cama. Talvez ele tenha provas esta manhã novamente.

Passo o dia tedioso fazendo coisas banais. Tomo banho, limpando bem minhas feridas. Arrumo a cama, ajeito algumas coisas no quarto e volto a tentar me livrar das correntes. Eu ainda não desisti disso. Mas era inútil.

Quando minha comida chega eu a olho com desgosto. Eu iria morrer se continuasse a ser alimentado apenas com isso. Preciso de algo que possa me sustentar melhor. Mas enfim, era o que tinha.

Gasto meu tempo procurando algum modo de fugir, me exercitando e olhando para fora da janela... Merda. Sinto tanto tédio que agora começo a pensar que sinto falta de TanKhun e suas maluquices.

Vontade de ver uma série idiota com meu chefe e rir quando íamos a um karaokê. Saudade dos meus amigos bobos e brincalhões...

A tarde meu jantar foi basicamente a mesma coisa de ontem. A diferença é que hoje ao invés do peixe era frango grelhado. O que eu não daria por um prato enorme de arroz e um simples omelete com muito queijo.

VegasPete (Versão de uma fã)Onde histórias criam vida. Descubra agora