Não sei o que aconteceu com meu cérebro, mas ele não para de dar voltas em assuntos como: como Benhur fica bonito assim, bem vestido e de barba feita. Será que ele costuma trazer outras mulheres aqui? Será que ele as leva para um motel ou para casa? Provavelmente para casa, porque isso justificaria porque ele não quis nem me contar onde está morando. Será que ele usa Tinder?
Eu não sei porque isso desperta tanta curiosidade em mim agora, e por mais que seja um assunto que eu gostaria de evitar e que de fato tentei me manter longe a noite inteira, me distraindo com banalidades e caipirinha, foi um choque para mim mesma quando percebi que minha voz estava saindo de minha boca sem permissão. Perguntando sobre as namoradas que ele teve.
— Eu só tive dois namoros sérios nesse meio tempo, um deles foi com uma garota que tu não conhece, ela não morava aqui no teu tempo.
— E a outra? — pergunto ligeiramente incomodada
Benhur faz uma careta, como se soubesse que não vou ficar feliz com a resposta.
— Com a Kelly.
Ele tem razão, não estou nada feliz.
— Tu não pode estar falando sério. A Kelly?
Ele dá de ombros como se não fosse nada de mais.
— Era fácil, eu não tava procurando romance — ele justifica.
E aqui é onde me lembra porque nós nunca tentamos ser outra coisa além de amigos, nós jamais teríamos dado certo, eu sempre fui do tipo que namora já pensando em casar, enquanto Benhur gostava de se envolver só pelas necessidades fisiológicas.
Mas Kelly... ela era um monstro.
O que tinha de bonita também tinha de podre.
— Eu achei que tu ia passar meia hora me dando sermão, teu silêncio é meio anti-clímax — ele diz frustrado.
Seguro meu copo para manter as mãos ocupadas e encaro meus próprios dedos. Estou decepcionada e queria muito passar meia hora dizendo a Benhur que pare de se desvalorizar como sempre fez, que aceite o amor das pessoas, sobretudo aquelas que fazem bem para ele. Não sanguessugas desalmadas como Kelly.
Mas meus dentes estão travados com tanta pressão que as palavras não tem por onde sair e o tempo continua passando.
Não tenho coragem de dizer nada disso a Benhur porque sei que as palavras vão se voltar contra mim no instante em que eu tiver que contar a minha história.
— Nina? Tá tudo bem?
Respiro fundo e ergo o rosto.
— Desculpa, tava me convencendo de que tu é adulto e sabe o que faz.
Ele entorta a cabeça e me analisa com cautela.
— Só isso? — pergunta.
— Tu realmente quer aquele sermão? — pergunto rindo, dou um gole na caipirinha na esperança de amortecer o resto dos meus sentidos quando a represa começar a fluir.
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Agora foram quatro
Любовные романыQuando Nina volta para sua cidade natal ela sabe que está indo de encontro a antigos demônios, o que ela não sabe é que alguns reencontros tem coisas muito boas para oferecer. Este livro contém linguagem inapropriada, conteúdo sexual e uso de drogas...