Capítulo seis

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— E um... E dois, e três. - Murmurava o treinador, conforme sua mão movimentava seguindo o ritmo da melodia. — Lindo, Louise. Kendra, levante mais a perna, sim? - Ele volta seus olhos para a porta que se abriu inesperadamente.

Por ela, adentrou Sophie, encharcada por suor. A música parou no instante em que a porta bateu ao se fechar. Everdeen suspirava buscando fôlego, afinal tinha corrido de sua casa até a sua academia de dança.

— E parece que nossa estrela finalmente resolveu brilhar, não é? - Indagou o homem ao resto das bailarinas ali presentes. — Está atrasada, de novo. - O tom de sua voz soou amargo.

— Desculpe, professor. - Mordeu a parte interna de sua bochecha como forma de abafar o nervosismo. — Eu apenas me atrasei por ajudei um senhor a atravessar a rua. - Observou-o gargalhar.

— Sophie, agora, seu tempo não é mais maleável. Suas boas ações terão de esperar. - Estalou seus dedos. — Se prepare, em cinco segundos você dançará a sua coreografia principal. - Todas as bailarinas se afastaram do centro do salão de forma imediata, abrindo espaço para Sophie, que deixou sua bolsa sobre um banco ali apresente se dirigindo até o centro do salão.

A doce melodia começará assim que ela chegou ao círculo central, obrigando-a a repetir os movimentos para acompanhar o ritmo.

Durante os primeiros cinco segundos, Sophie dançou de forma atrasada, procurando seguir seus movimentos para alcançar a sincronia com a melodia o mais rápido que podia.

Porém, durante os próximos segundos de dança, ela conseguiu recuperar o tempo perdido, dançando lindamente, com imperfeições visíveis aos olhos do seu professor.

— Péssima. - Murmurou batendo com a bengala sobre o chão amadeirado, fazendo com que a música pare imediatamente. — Comece novamente. E desta vez, eu quero que você tenha sincronia com a música! - Exclamou se voltando para as outras que observavam tudo com receio.

Sophie o observou com tédio, tentando recuperar seu fôlego. Então quando a música recomeçou, ela seguiu a sincronia, contudo, seus braços estavam um pouco baixos, o que deixou seu professor bravo outra vez.

Então quando a melodia recomeçou novamente pela sétima vez, após vinte e seis minutos de dança, durante a primeira parte de sua coreografia, Sophie despencou sobre o chão. Houve-se um susto em todo o salão, o que fez com que todos se aproximassem de Sophie para ver se ela estava bem.

— Oh meu Deus, Sophie. - Jennie foi a primeira a se aproximar, ajudando sua melhor amiga a ficar sentada. — Você está bem? - Indagou segurando o rosto da outra.

— Eu... - Voltou seus olhos para o professor que a observava decepcionado. — Estou bem. - Aceitou a ajuda para se colocar de pé.

Sophie sentiu medo de perder seu papel para outra dançarina, afinal, ela fez muito para transformar toda a sua fama em realidade. Aquele sofrimento vale a pena até o momento em que seu objetivo é tirado de você.

Algumas horas mais tarde, Everdeen foi chamada até o escritório de seu professor. Quando recebeu o aviso, ela sentiu seu coração parar por alguns segundos.

— Professor, o senhor me chamou? - Indagou ao adentrar a sala do homem com um semblante sério. — Algum problema? - Questionou ao suspirar, observando-o pedir em gesto para que ela se sente.

— Sim. - Ele respondeu ao sentar-se em frente a ela. — Você sabe que temos um problema aqui, não sabe? - Perguntou ironicamente. — Principalmente sua relação com a comida. Primeiro começaremos com isso. Como está comendo ultimamente? - Indagou entrelaçando suas mãos.

— Bem, na verdade. - Murmurou desviando o contato visual. — Eu ganhei sete quilos desde que saí do hospital. - Manteve seu olhar fixo sobre a janela.

— Você sabe que não quero que continue com isso. Hoje, você é uma das minhas melhores bailarinas. - Disse com calma. — Agora, ao assunto principal... - Silêncio se estabeleceu por alguns segundos. — Eu vou precisar de você aqui por pelo menos doze horas todos os dias. - Ela se afastou um tanto confusa e surpresa.

— O que? - Indagou surpresa. — Doze horas todos os dias? - Questionou balançando a cabeça negativamente. — Eu não posso passar todo esse tempo aqui, professor. - Reclamou cruzando seus braços.

— Você precisa treinar. Veja como sua dança está péssima depois de algumas semanas sem treinar. Como quer subir ao palco daqui a dois meses? - Indagou cruzando suas sobrancelhas.

— Eu posso fazer em casa. - Não há como treinar doze horas por dia, senhor. - Ele se colocou de pé, negando com a cabeça.

— Você quer ser uma estrela? - Indagou caminhando pela sala. — Quer ser conhecida como a bailarina do século?! - Voltou-se para ela. — Olhe para isto. - Apontou para sua parede de fotos retratando sua grande e prestigiada fama. — Na sua idade, quando eu ainda dançava, eu treinava por quinze horas consecutivas! - Caminhou até ela. — E sabe no que resultou? - Indagou colocando suas mãos sobre o ombro da cadeira dela. — No meu prestígio. Em toda a minha fama. Eu, fui o bailarino do século. - Caminhou até a sua própria cadeira.

Você é Minha - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora