Minha ideia é você

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No dia seguinte, Katsuki levou a neném para o escritório na cadeirinha e agradeceu por vê-la passar a maior parte do tempo dormindo. O loiro também pareceu ter desenvolvido um sensor de choro, qualquer grunhido mínimo que ela dava, ele já se desesperava e se levantava para alimentá-la. E quando não era esse o caso, Katsuki se via na obrigação de criar uma mesa improvisada para trocá-la.

Era o auge. Nunca pensou sequer cogitou que se meteria em algo parecido com aquilo em sua vida. Sempre teve muito cuidado para não ser pai e, sinceramente, criar uma família era de longe o seu mais inexistente desejo.

O destino estava de parabéns.

— Ela até que está quietinha, não é? — Denki disse, aproximando-se do bebê conforto sobre o balcão do outro lado onde Katsuki estava sentado à mesa, analisando papéis e com os óculos no rosto.

— Não toque nela, acabei de botá-la para dormir. — Apertou os olhos ao retirar com raiva os óculos, evitando falar alto.

— Oh, papai, sinto muito. Ela é muito fofa, só isso. — Sorriu afastando-se, mas parando frente a mesa do loiro. — Você não tem nada marcado para hoje, também cuidei para não ter nenhuma visita esta semana, apenas por precaução. — Piscou, orgulhoso da própria atitude.

Katsuki discretamente suspirou aliviado, jogando a cabeça para trás para se fingir de morto por alguns segundos.

— Mas já tem três entrevistas com babás daqui dez minutos — Denki avisou, sorrindo ao ver o outro levantar igual um zumbi. — Aliás, você deveria lavar o rosto, está péssimo. Não dormiu de noite? — Virou levemente o rosto curioso.

Katsuki encurtou os olhos ao encarar o secretário, ódio explícito em suas íris.

— Como porra se dorme com alguém berrando no seu ouvido a noite toda!?

[...]

Katsuki já estava pedindo arrego e não era por qualquer coisa.

Na segunda-feira, o que mais apareceu foi adolescente, na terça, foram idosas, na quarta, foi um combo de pessoas iguais a de segunda e terça; quinta apareceu uma pessoa que ele conseguia cogitar contratar. Organizada, recém-formada em pedagogia e aparentemente madura, porém ela não conseguiu ficar até o final por conta de um incidente na família que Katsuki não se viu na obrigação de perguntar, então, apenas a agradeceu pela escolha e a deixou ir.

Já sexta foi um completo caos. Teve uma garota que queria sair da casa dos pais e um deles apareceu na porta para buscá-la nos tapas, ela tinha 22 anos. Depois daquilo, Katsuki desistiu de fazer mais entrevistas, inclusive tirou o anúncio que Kaminari havia feito na internet. Não apareceu ninguém relativamente sério, que Katsuki considerasse suportável e que transmitisse a segurança de que iria cuidar bem da bebê. A maioria queria dinheiro fácil, e Katsuki queria alguém útil, alguém que pudesse contar quando não conseguisse sair cedo do trabalho.

Alguém que não matasse a criança sem querer.

Ele estava estressado com o cuidado extra que estava tomando, porém fazia aquilo apenas porque seria mais um problema se seus pais chegassem e ficassem reclamando do quão irresponsável ele foi por deixar a criança na mão de qualquer um.

Falando neles, não haviam sequer dado uma data para volta. Katsuki já estava irritado em receber mensagens com apenas "voltaremos em breve". Quando seria esse em breve, ele não sabia, mas mataria para saber.

— Kacchan? — Denki estranhou Katsuki estar deitado – lê-se jogado – na cadeira e com os pés na mesa, os olhos fechados como quem dormisse. — Por que ainda está aqui?

Please, be mine [BakuDeku]Onde histórias criam vida. Descubra agora