— Vejo que mudou de ideia sobre a adoção, senhor Bakugo — Mirio cumprimentou, educado e de certa forma não impressionado.
Katsuki odiava aquele sorriso prepotente, inferno, como ele odiava, ainda mais quando relacionado a algo que havia dito que lidaria. Ele sentia o estômago se revirar ao pensar no peso daquela decisão.
— É — falou seco, coisa que não diminuiu a animação do médico também loiro. — Quero saber mais sobre isso, poderia me informar?
— Claro que sim! Sente-se, por favor. — Indicou o assento frente à sua mesa. — Tudo bem? Como vai a vida com um bebê? — Soltou uma risadinha divertida.
— Podemos ir direto ao assunto? — Katsuki cortou, a voz levemente mais áspera do que pretendia. Ele queria acabar com aquilo logo, antes que sua cabeça começasse a questionar de novo.
— Certo. — E Mirio riu do mesmo jeito. — A adoção é um processo perfeitamente legal e, como já foi realizada a busca de família extensa, no caso parentes ou familiares próximos devido à situação, podemos pular para a fase da equipe técnica multidisciplinar. Eles farão um parecer para o juiz e, em audiência, a palavra final será dada. O senhor terá dez dias caso se arrependa da entrega da bebê. Depois disso, oficialmente, ela não será mais responsabilidade sua.
Katsuki sentiu o peso daquelas palavras como uma pedra afundando em seu peito. "Não será mais responsabilidade sua." Uma parte dele queria abraçar isso, mas outra parte... se sentia vazia. Ele engoliu em seco, lutando para não deixar isso transparecer.
— E quanto tempo leva para isso acontecer? — perguntou, tentando manter o tom casual, mas sua garganta estava apertada.
— Talvez em torno de algumas semanas, depois ela será entregue imediatamente após a audiência acordada com o juiz.
Um embrulho surgiu em seu âmago, e Katsuki subitamente se levantou, agoniado. O ar parecia mais pesado, sufocante.
— Certo, lhe darei a resposta ainda essa semana. Meus pais ainda não estão no país, preciso informá-los do processo. — Forçou a garganta a liberar as palavras, mas elas pareciam arranhá-lo a cada sílaba. Não deveria se sentir assim, deveria? Era a decisão lógica, racional... então por que diabos parecia que estava cometendo um erro?
[...]
— Você só pode estar brincando, Kacchan!
— Fale baixo, anão de jardim, estamos na porra de um hospital — Katsuki retrucou irritado, porém sussurrando.
Não havia ficado sequer dez minutos na sala com o médico falando sobre como funcionava a papelada sobre adoção e, quando saiu, pensou, muito de longe, que, de todas as pessoas em seu ciclo social, Denki conseguiria entender sua decisão.
— Você não pode estar falando sério sobre colocar Aya para adoção! — Denki grunhiu no mesmo tom sussurrado, mas ainda completamente puto com o loiro.
— Você quer a maldita obrigação? — o advogado perguntou franco e Denki não respondeu, hesitando ao apertar os lábios. — Porque eu não posso viver a droga da minha vida assim.
— Você tem o Midoriya agora, eu também posso ajudar...
— A questão não é essa, Denki. Aya ainda será minha responsabilidade até a droga dos meus pais voltarem, e só Deus sabe quando isso vai acontecer. Eles deveriam ter a guarda dela, não eu.
Denki franziu o cenho, surpreso pela informação súbita.
— E-Eu não sabia que seus pais deveriam cuidar dela...
— Eles deveriam, mas, como sempre, eles não ligam para porra nenhuma a não ser a própria vida. — Suspirou frustrado e desistiu de continuar. — Quer saber? Esqueça. Eu não deveria ter comentado com você, eu sequer assinei a documentação ainda — concluiu grosso, e só não saiu porque Izuku ainda não havia aparecido.
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Please, be mine [BakuDeku]
RomanceKatsuki estava acostumado com a vida corrida e sem tempo, até que sua irmã deixa um bebê aos seus cuidados. Agora o loiro estava em um dilema, salvar a carreira ou dar atenção a um bebê que nem sabia quem era o pai. O problema era que, Katsuki havi...