Camila estava concentrada em seu velho livro à beira da janela de Juilliard enquanto Dinah praticava algumas notas no piano, e resmungava palavrões audíveis quando falhava. Tinham acabado de voltar do almoço com Normani e aguardavam o professor na sala de ensaios, cada uma presa em seu próprio mundo. Era mais uma tarde ensolarada onde os alunos andavam de um lado para ao outro se abanando com os panfletos do evento de terça do grupo de dançado segundo ano; o inverno parecia algo muito distante aos americanos naquele dia.
A pequena estava concentrada demais decidindo se estava amando ou odiando o livro - por fazê-la chorar mais vezes do que se permitia admitir -, para notar que o som das teclas havia cessado e que agora Dinah se encontrava com os braços apoiados em cima da tampa do piano a observando atenta como uma velha cartomante analisa seu futuro.
– Quer dizer que passou a noite com Lauren? – finalmente perguntou, segurando-se tempo demais para entrar no assunto, pois sua curiosidade não lhe permitiria mais nenhum segundo de espera.
Camila sorriu para si mesma convicta de que Dinah não aguentaria muito tempo em silêncio quando viu Lauren a deixar na porta de Juilliard naquela manhã, mesmo que do outro lado da rua e com os vidros escurecidos, Dinah conheceria aquele Dodge em qualquer lugar.
– Eu não passei a noite com ela – explicou fechando o livro com o marca-página e se virando para a amiga. – dormi na parte de baixo do beliche de Lauren, o que é bem diferente.
– Oh! Ally com certeza não ficou muito feliz de ver Lauren em sua cama.
– Nós saímos antes que ela chegasse, de qualquer forma. – continuou caminhando até o piano e se debruçando nele. – Lauren me trouxe para Juilliard e voltou para Columbia, fim de história.
O sorriso de Dinah cresceu duas vezes quando a amiga terminou de contar. Talvez Camila e Lauren não tenham percebido, mas pareciam mais um casal de namoradinhas do que imaginavam e já não era mais segredo nenhum que Lauren estava investindo descaradamente em Camila.
– Não posso acreditar que não houve sequer um beijo, Mila. – reclamou fazendo bico, o que fez Camila revirar os olhos e corar. – Vocês parecem duas baratas tontas sem saber o que fazer.
– Dinah! – exclamou Camila fazendo careta de desaprovação com o comentário. – Lauren e eu estamos nos conhecendo melhor, acho que realmente posso gostar dela futuramente e-
A garota foi cortada quando um garoto franzino do departamento de teatro bateu na porta timidamente perguntando por Camila Cabello. Ele segurava um enorme buquê de rosas vermelhas e o entregou para Camila que estava de boca aberta e quase se esqueceu de agradecer ao moço com a paralisia que seu corpo sofreu. A pequena deixou o buquê em cima do piano e tirou o cartão rosa com notas musicais em azul que estava embrenhado entre as rosas.
"Estranho seria, se eu não me apaixonasse por você. – Nando Reis."
Os olhos de Camila rapidamente mudaram para surpresa ao mesmo tempo em que um brilho intenso entregava o que ela vinha tentando esconder de si mesma. Música brasileira. E novamente Lauren tinha acertado em cheio. Ela terminou de ler e abaixou o papel deixando seus olhos repousarem nas rosas vermelhas que tanto lhe agradavam, o coração traindo as ordens de sua razão para não se abalar.
– Futuramente, uh? – brincou Dinah apanhando o cartão das mãos da pequena e o lendo mais uma vez. – É mais do que óbvio o sentimento que está envolvido, Mila. Se acha que pode mudar isso...eu acho que é tarde demais.
Ela tinha mais do que certeza de que estava corada o suficiente para ser notada do outro lado de sala por alguns alunos que começavam a adentrar despreocupados e entretidos na própria conversa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Red Bow
RomanceQuando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem saber a letra. Camila e Lauren formam o perfeito oposto, mas a pergunta é: Isso durará para sempre ou aca...