The Red Bow

8.Little things

                  

02 de Novembro de 2014. - Primeiro ano da faculdade.

As semanas se passaram rapidamente e com elas o mês de novembro que, para Camila, se tornava mágico pelo simples fato de ser natal. Sim, ela era clichê ao ponto de ser apaixonada por luzes natalinas, bonecos de neve, árvores de natal e a família reunida em volta da mesa para a ceia. É assim que foi criada, em uma família grande onde todo ano era comemorado o natal de forma simples, mas em união. Camila amava estar em volta das pessoas, amava a forma protetora de seus pais e sabia que devia tudo o que tinha a eles que sempre acreditaram em seus sonhos, especialmente Alejandro que a incentivou a se inscrever em Juilliard desde que, aos dezesseis anos, anunciara na mesa de jantar que seria musicista.

O dia era 02 de Novembro de 2014 e o Giants havia perdido o jogo da última temporada do ano para o Chicago Bears. Lauren estava uma fera assim como a maioria dos estudantes que tinham marcado de assistir ao jogo no Blue Note, um bar de Jazz muito frequentado pelos alunos de Juilliard localizado entre a 6th Avenue e o MacDougal Street. Agora a maioria deles apenas resmungava pagando as apostas perdidas enquanto uma jovem DJ subia ao pequeno palco e iniciava a atração daquela noite.

– Nunca subestime os ursos, baby! – dizia Ally eufórica enquanto virava seu quarto copo de uísque. – Passe a grana, chica.

Lauren passou de má vontade sessenta dólares e logo se virou em direção ao palco ignorando qualquer comemoração que viesse de Ally e Normani naquela mesa. Dinah e Camila estavam alheias ao jogo conversando sobre o lançamento do novo álbum de uma girl group americana.

A DJ havia iniciado a playlist com Dark Horse da cantora Katy Perry fazendo alguns estudantes gritarem animados e a ovacionarem, a maioria já bêbada demais para manter-se sentado. Apesar de o local ser um bar de Jazz, o dono sempre cedia noites especiais aos estudantes liberando pequenas baladas como a da aquela noite, para a alegria de todos em Juilliard que adoravam aquele lugar.

– Não vai deixar que isso estrague sua noite, não é? – ouviu Camila comentar cutucando sua perna por baixo da mesa. – Ally está apenas sendo Ally, o jogo não foi grande coisa de qualquer forma.

– Você ouviu música o tempo todo. – retrucou a morena olhando para o lado e encontrando os olhos castanhos cheios de culpa. – Eu vou ficar bem, daqui a pouco a raiva passa.

As duas tinham se tornado uma dupla inseparável desde o passeio no chalé de Normani. Lauren não a via apenas nos dias de estágio, mas também quando estava livre de estudos na faculdade, era quando a buscava em Juilliard e passava o resto da tarde na casa da família Cabello sentindo-se incluída como filha. Camila trancou-se na própria negação nesse meio tempo, por fora agia como sempre agiu com Lauren, mas nos momentos mais íntimos conseguia uma forma de escapar e enrolar a morena quando o assunto sobre sentimentos vinha à tona. Ela sabia que era ridículo agir de tal forma, Dinah fazia questão de jogar esse fato no ar a cada cinco minutos e talvez até Lauren estivesse cansada de suas infantilidades, mas o medo era maior quando se tratava de estar amando alguém. Não era uma brincadeira, para Camila, o amor era algo muito além de apenas segurar a mão e trocar beijos carinhosos; o amor era o conhecimento da alma da pessoa, entregar-se totalmente a alguém sem medo do amanhã, era jogar-se de uma montanha sem se importar com o que encontraria lá embaixo.

E seu maior medo era que Lauren não a estivesse esperando no final daquela queda livre.

Dinah acenou em direção à porta onde um grupo de estudantes entrava no bar tirando as capas de chuva devido ao mal tempo. Camila virou-se e, para sua decepção, Rachel fazia parte de um dos grupos. Não que a pequena não gostasse de Rachel, elas eram boas colegas em Juilliard e a ruiva sempre se provara uma boa pessoa, mas sua paixonite por Lauren incomodava Camila que fazia de tudo para não transparecer.