26 de agosto de 1982

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Não sei o que fiz para merecer isso, mas de madrugada o meu quarto comesou a ficar sufocante, havia umas faíscas do lado da minha cama. Papai apareceu, seguido de mamãe, e juntos eles fizeram com que surgissem água das varinhas e apagaram as chamas.

Fiquei muito assustada, chorei no meio deles, de vergonha e medo, porque a última coisa que me lembro de ter visto antes do fogo, era a cara do bispo Slope, com aquela pele macilenta e pálida, com rugas no lado dos olhos e perto do nariz de pássaro, os cabelos negros, com alguns fios prateado, sobre a testa e os dentes tortos em um sorriso de intidimidasão ao agarrar o meu braso.

Foi doloroso relembrar a presensa dele, e também da sala dele, parecia mais uma cela, só que com muitos livros de religião e velas espalhadas, duas cadeiras e uma mesa, com uma cruz em cima, para absolvição dos pecados. Eu lembro de cada detalhe, pois virou costume me mandarem para lá, logo após um castigo no porão do orfanato.

Não sinto saudade nenhuma daquele lugar, nem das irmãs Hoffman e Grace. Hoffman era uma alemã, parecia a general do lugar, mandando em todos e distribuindo castigos. Grace era seu braso direito, onde Hoffman ia, ela ia atrás, e apreciava os momentos em que podia bater em nós. Ou melhor dizendo, para bater em mim, pois as outras garotas do Santa Berta não faziam coisas estranhas como eu, levantar velas, fazer papéis mudarem de forma e voarem, colocar fogo nas coisas...Por muito tempo, coloquei fogo no quarto do dormitório enquanto dormia, e era sempre o mesmo tratamento, colocavam logo a culpa em mim, jogavam-me no porão e, de manhã, levavam para a sala de Slope.

A última vez que fizeram isso, pude ao menos queimar as mãos de Slope. Ele estava me abrasando forte, e tampando a minha boca! Escapei por sorte e fiquei na antiga capela, e foi lá que conheci a mamãe, em sua forma de gato. Ela me fez companhia, trazia lanche e me vigiava, acho que foi assim que ela ficou me conhecendo e aprendendo sobre o meu gênio.

Não passou muito tempo e papai chegou no orfanato, com uma carta de Hogwarts, parecia um homem importante e, depois de horas conversando com a irmã Grace, pude sair do orfanato. Bom, não só de papo que papai conseguiu isso, teve um dedo de magia, ou uma gota de poção Marioneta, para ser mais verdadeira. E foi assim, papai fez com que a irmã Grace assinasse os papéis da adosão, sem nem ler, e me levou de lá em um Ford Mustang 1965, branco, fazendo com que eu e mamãe escutássemos várias músicas. Ainda lembro da que mais gostei:

Come on, Eileen

Oh, I swear (what he means)

At this moment

You mean everything

O Diário de Vivian WhiteOnde histórias criam vida. Descubra agora