Papai me acordou 05:00 da manhã, eu nem queria levantar da cama. Ele preparou o café e me fez tomar banho, porém, comer e me lavar estavam sendo mais difíceis do que pareciam para mim. Ele notou que havia algo de estranho comigo, e me encorajou a tentar outra vez, a ir para Hogwarts de cabeça erguida.
Tentei enrolar no banheiro, fingir que estava passando mal, mas nem isso o convenceu. Tomei um café da manhã que era sopa de ervilhas e pão, e logo estávamos no caminho para a escola. Nos portões, Hagrid esperava, com um grande sorriso no rosto e os braços pedindo um abraço. Simplesmente, abaixei a cabeça, e não quis andar, gostaria que as chamas da noite passada viessem novamente e eu pudesse escapar.
Nada aconteceu, papai ainda estava me encorajando, levando meus materiais e o guarda-caça encarava toda a situação com bom humor. Eu detesto a insistência de serem bonzinhos e acabo seguindo o caminho, no entanto, fico planejando um jeito de matar aula.
Como se os meus pensamentos tivessem sido lidos, a primeira pessoa que aparece no castelo para nos receber é o professor da aula de feitiços. O bruxo com a menor altura que já vi! E ele estava tão animado e, ao que pude notar pelas pernas trêmulas, nervoso, que tive que ir para a primeira aula de feitiços.
Nos corredores, cabeças viravam em nossa direção, cochichos aumentavam, e vez ou outra algumas caretas de estranhamento. Eu não queria sentir desconforto, mas, ter tanta atenção em tão pouco tempo, não era o que imaginava.
Já na sala de aula, fiquei na primeira carteira, ao lado de Carmen Oris, para não ver os rostos dos colegas e concentrar no professor Flitiwick. Primeiro, o professor fez a chamada, houve piadinhas com o meu nome e o fato de ser Sonserina, mas, parecia até que Carmen estava preocupada, pois encarou os engraçadinhos e ficaram mudos. Bom, ontem havia sentido que ela podia assustar, só que não imaginava que seria legal comigo.
A aula foi tranquila, com a lembrança de não se usar da magia enquanto estiver fora da escola, de ser proibido os duelos não oficiais e de que uma simples confusão de palavras ou movimentos, colocaria em risco não somente que soltou o feitiço, mas quem estaria próximo.
Deu para anotar bastante coisas, o professor nos fez desenhar diagramas e, por ter uma aula à mais enquanto a professora McGonagall estava viajando, fez um pequeno questionário no final da aula, o qual acertei todas as questões e ganhei 5 pontos para Sonserina. É, talvez não seja um bicho de sete cabeças, como o papai estava me avisando.
Vou para a próxima aula, desta vez acompanhada de Carmen Oris e Roberto King, eles são os únicos que não queriam conversar sobre a Seleção, estavam tão ansiosos, e curiosos, quanto eu, para as próximas aulas. Na manhã, teríamos aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, depois do almoço, aula de Voô e, por último, História da Magia.
Na sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas há um dragão, melhor dizendo, um esqueleto de Dragão pendurado. Nas paredes, há ilustrações de criaturas, consigo até reconhecer os lobisomens e os vampiros, A professora Stan chegou 10 minutos atrasadas, com o rosto amassados e os cabelos levemente desarrumados. Por muitas vezes, ela pediu desculpa pelo atraso e mencionou sua insônia.
Mesmo assim, ela conseguiu dar uma aula interessante. Ela explicou o motivo da matéria ser chamada de Defesa Contra as Artes das Trevas, e não Arte das Trevas, que deveríamos sim conhecer esse tipo de arte mágica, como também combatê-la e não deixar que ela afete o equilíbrio entre os dois mundos. Então, ela começou por contar, utilizando as cartas do Sapo de Chocolate, os feitos dos maiores bruxos das Trevas, e como eles foram derrotados.
Morgana Le Fay, ex-estudante da Sonserina, era uma animaga, ou seja, conseguia transformar se em um animal - segundo os livros, um corvo - foi discípula de Merlin e, com raiva do irmão tê-la usurpado o trono, gerou revolta pelo reino, ao lado de seu filho Mordred e dos povos do Lago. Utilizou de magias antigas e obscura para reviver mortos, amaldiçoar tropas e conseguir o aumento de poder para seus exércitos. Porém, ela foi derrotada, no combate no castelo de Avalon, pelo próprio Merlin, após ele saber do ritual de passagem de poderes entre ela e Mordred. Tirando os poderes do filho dela, a magia sucumbiu e a matou.
Herpo, o Sujo, bruxo das trevas de nacionalidade grega que viveu há mais de mil anos. Foi o primeiro responsável pela criação do animal basilisco, após inúmeras experiências. E por meios dessas experiências, fabricou venenos e elixires que o imunizaram, porém foi pego de surpresa pela sacerdotisa da época, que o fez olhar para o basilisco e morrer.
Merwyn, o Malisioso, creditado pela invenção de muitas maldições e azarações desagradáveis, foi morto pela própria criação, o feitiço do corpo preso, durante uma luta em um dos penhascos mais altos da Grã-bretanha, onde foi impossibilitado de mexer e empurrado desfiladeiro abaixo.
Wendelin Esquisita, uma bruxa muito bela que gostava tanto de ser queimada na fogueira que se permitiu ser capturada nada menos que 47 vezes, sob vários disfarces. Ela encantava homens e mulheres para fazerem a sua vontade, até que um dia, o feitiço saiu contra a feiticeira, ela tentou encantar uma bruxa, pensando que ela era trouxa, e acabou recebendo o próprio feitiço. Seu corpo foi encontrado no meio de uma caverna.
Depois de nos apresentar a vida e a derrota dos bruxos das trevas, a professora pediu para que cada um de nós fôssemos à sua mesa e encostassemos na bola de cristal lilás que tinha. A bola mudava de cor, e pude perceber que, se a pessoa saísse feliz, a bola ficava amarela, mas se a pessoa saísse triste, ela ficava azul. Para Roberto, a bola ficou amarela, e ele não pode contar o que aconteceu, pois a professora pediu para que revelássemos na próxima aula. Já Carmen, a bola ficou azul, e o rosto dela estava com um pouco de pânico nos olhos.
Quando chegou a minha vez, a professora Stan estava séria, não calma como foi com os demais, e com graciosidade, pegou na minha mão e me disse para confiar nela e que se precisasse de algo, era só a chamar. Coloquei minha mão na bola, e rapidamente ela esquentou, parecia que ia pegar fogo, mas nada disso aconteceu. Na verdade, quase aconteceu, pois ao meu lado, não estava a professor Stan, e sim Dom Slope. Ele tentou me agarrar, mas consegui derrubá-lo, e corri para o final da sala, mas quanto mais tentava me afastar, mais Dom Slope se aproximava, suas mãos quase encostaram nos meus cabelos, quando vi labaredas surgirem . De repente, ouvi meu nome e me deparei com a bola brilhando em azul, a professora Stan me deu um sorriso, e apertou minha mão, senti na hora que a havia queimado.
Pedi desculpas e ela disfarçou, dizendo que não aconteceu nada com ela, mas que eu precisava de treinamento. Logo depois, outros colegas continuaram e, para que estudássemos sobre estratégias de defesas, a professora recomendou a leitura das páginas 5 e 6 do livro "Desvendando as artes das trevas: estratégia de defesa para iniciantes, de Leon Harcourt".
Segui Carmen e Roberto para o salão principal, ainda não me acostumei com os caminhos dentro do castelo, tudo parece tão igual! Almoçamos rápido, eles sentiram que os alunos veteranos queriam conversar comigo e demos um jeito de sair e despistá-los nos campos. Não demorou muito e a professora de voô chegou, nos avisou que deveríamos ter cuidados com as vassouras, e nos primeiros treinos, não ficassemos achando que tudo seria um fiasco.
Para mim quase foi, a vassoura não respondia bem os meus comandos. Carmen e Roberto, assim como a maioria dos alunos da Sonserina, conseguiram montar suas vassouras. Algumas alunos da Grifinórias, que também fariam poções conosco, estavam como eu, sem saber se a vassoura não mexeria ou subiria de uma vez no rosto. Até o final da aula, consegui fazer com que a vassoura subisse, mas não viesse para a minha mão. Ouvi a professora resmungar de canto, que esse ano seria mesmo um desafio e, sem querer, deixei que a vassoura caísse no pé dela. E lá se foram 5 pontos da Sonserina pela minha falta de atenção.
Na última aula do dia, acabei cochilando. O professor Bins é um fantasma, que faz com que a História da Magia seja um grande Sermão, parecido com o que eu escutava da irmã Hoffman. Tentava manter os olhos fixos no papel e na pena enquanto anotava o inicío das descobertas bruxas, quando não pensava mais em outra coisa a não ser a minha cama. Parei de escrever no momento em que o professor tentou fazer piada sobre diabretes e fadas. Carmen me acordou e passou o dever de casa. O capítulo inteiro de Mitologias Antigas, para segunda-feira, com resumo e tudo.
Sai arrastada, mas querendo ficar no castelo para jantar e conversar com Carmen e Roberto. Isso não foi possível pois Hagrid estava na porta do salão principal, me aguardando para escoltar para casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Diário de Vivian White
FanfictionConfissões e reflexões de uma bruxa da época moderna, em forma de relatos da década de 1980 à 1990, perpassando as felicidades e dificuldades na adaptação da vida no mundo bruxo, nas primeiras amizades, nos primeiros amores e nas descobertas sobre s...