1º de setembro de 1982

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Tive crise de falta de ar de madrugada, não consegui dormir nada. Não quero ir para Hogwarts, vou ficar deslocada e vão perceber que não sou boa o bastante para estudar lá! Papai está tentando me acalmar, e até agora na parada do Expresso de Hogwarts e Hogsmeade eu quero pegar o trem e sumir.

Hagrid também está aqui e está me encarando muito, dizendo coisas como Hogwarts será meu segundo lar e que logo logo irei me adaptar. Papai combina com ele que após o jantar, é para eu voltar para casa, todos os dias, até que vejam que consigo viver com os demais.

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A Cerimônia de Seleção, foi uma derrota! Deve ser um pesadelo, não pode ser real. Segurei o choro até chegar no meu quarto e ficar sozinha. Papai já está dormindo e eu, só quero esquecer de tudo.

Para começar, conheci meus colegas. Guilherme Weasley é um garoto ruivo simpático, gosta de conversar e parece saber muitas coisas sobre o mundo bruxo. Marisa Skeeter é o contrário, acha-se experta demais e é uma mandona. Tem Roberto King, ele é bem quieto e, como da primeira vez que eu o vi no Beco Diagonal, gosta de observar tudo e tratar a todos com educação. E a minha colega de casa, Carmen Oris, ela é engraçada, porém tem horas que me dá medo o jeito franco de ser. Há mais pessoas, só que é um borrão na minha memória, pois foi um evento bem movimentado.

A maioria não sabia o que era a Cerimônia de Seleção, estavam com medo de ser uma prova. Eu e Guilherme explicamos o que era, Marisa também deu sua opinião do Chapéu Seletor, mas, ainda assim, alguns colegas não confiaram na informação ou tiveram ainda mais medo de ter um chapéu lendo sua mente.

Ao entrar no Salão Principal, acompanhados do Professor Flitwick, fomos chamados um a um para sentar em um banquinho, na frente da escola inteira, e sermos colocados em uma das quatro casas de Hogwarts. Muito que bem, entre um nome e outro, fiquei observando o lugar, como era espaçoso e organizado o salão, os rostos dos professores, a atenção do professor Dumbledore, que às vezes me encarava, e...isso ainda me dá calafrios, a cara do professor-diretor da Sonserina.

Ele era, sem tirar e nem por, a cópia escarrada do bispo Dom Slope! Os mesmos olhos escuros, a pele macilenta, o nariz de passáro! E pra piorar, os lábios estavam comprimidos, como se estivesse nos julgando. Ver isso, me deixou com os nervos à flor da pele, mais do que já estavam. Tudo aconteceu muito rápido, nem bem uma chama azulada apareceu nas vestes pretas do professor, surgiu uma jarra de água nas mãos da professora Stan, indo ao socorro.

A Cerimônia pausou por alguns minutos, o salão foi invadido por conversas paralelas, tanto de alunos, quanto de professores. O dito professor fechou ainda mais a cara, e parecia procurar o culpado por aquilo, até que os olhos deles pararam em mim, e senti um formigamento na cabeça e a sensação de que estava ficando gelada.

Logo, a seleção voltou quando ouvi meu nome, e além do diretor da Sonserina, muitos olhares me traspassaram, estavam curiosos para saber quem era "Eileen Mcgonagall". Por um bom tempo, pensei que o chapéu não funcionaria, mas ele estava me avaliando, e logo soltou um

"Interessante. Muito interessante o que vejo aqui. Há bastante coragem...bem como uma criatividade e ambição nada más. Sem contar da excepcional vontade de se provar e explorar suas habilidades. Isso sim é um desafio que gosto, poder vislumbrar tantas aptidões assim. "

Perguntei se era bom ou ruim, e ele me disse

" É excelente...não é a primeira vez que me deparo com algo assim, este ano teremos muitos alunos habilidosos. E espero que se sobressaiam mais do que a geração anterior...bom...percebo que gostou da ideia de não ser semelhante ao outros...Então, você preferiria um glória própria, ou uma comunitária?"

E, obviamente, respondi a que for mais proveitosa, porque costumo trabalhar sozinha, mas também posso fazer outras pessoas simpatizarem com as minhas ideias.

Foi batata, no momento que o respondi, veio a decisão. SONSERINA!

Uma Mcgonagall, adotada, sem história de família de sangue, na SONSERINA? Ainda bem que mamãe está viajando e não pode presenciar esse momento, porque foi crucificante sair do banquinho, minhas pernas estavam bambas e sentia que iria vomitar, e o salão estava totalmente silencioso, nem a mesa da Sonserina, nem o diretor dela, aplaudiram o resultado.

Me sentei ao lado de uma veterana, que me deu boas-vindas e olhou de cima a baixo. Mais nomes foram chamados e quando achei que iria passar mal, recebi uma água com açúcar e um pedaço de pão da professora Stan. No final da seleção, Dumbledore fez um discurso, deu avisos de início de ano e iniciou o banquete.

Comi pouco, e falei menos ainda, mesmo com alguns curiosos me fazendo perguntas e me espiando. Aliás, o diretor da Sonserina não deixou de tirar o olho da mesa da casa, e parecia que iria borbulhar de nervoso, o rosto tinha um tom avermelhado durante a refeição. Não demorei muito e, por sorte, Hagrid me fez um sinal com a cabeça e fui com ele para os portões do colégio

Em momento nenhum ele quis falar sobre a cerimônia. Elogiou a comida e disse que amanhã era outro dia. Quando avistou meu pai, me desejou boa sorte. Estranho que, não precisei falar o que aconteceu no salão, pois papai já estava sendo carinhoso e me dizendo que eu ficaria bem na Sonserina.

O Diário de Vivian WhiteOnde histórias criam vida. Descubra agora