Eu pensei nas coisas que meu pai me disse. Queria não pensar. Eu até deixaria esse sentimento fluir por todo meu eu. Mas como deixar fluir uma coisa que está tendo barragens?Uma vez eu gostei de alguém, ele morava ao lado de casa, a gente praticamente cresceu junto. Íamos para a escola juntos e tudo. Quando a gente se formou no Fundamental, eu resolvi me declarar para ele. Eu não sei onde eu estava com a cabeça. Criança, né, gente. Achando que tudo é um conto de fadas. Lembro da expressão dele como se fosse hoje. Sabe quando o dia está lindo, aí do nada a céu começa a escurecer e desaba a tempestade? Dá água pro vinho.
Lembro de ele olhar na minha cara, meio com nojo e sair correndo. Não o vi mais naquele dia. Uns dias depois ele e a família dele se mudaram. Eu fiquei mal, não pelo fato de ele ter se mudado, mas sim por ter sido rejeitado. Isso dói. Meus pais fizeram de tudo para me consolar. Se eu pedisse o mundo, eles dariam um jeito de me dar, só para que eu não ficasse mais triste.
Ester dormiu todas as noites comigo. Meus pais estavam com medo de que eu fizesse alguma besteira comigo por conta disso. Mas eu pedi que eles ficasse despreocupados, pois nada de ruim aconteceria. Pensando direito no que meu pai disse, acho que eu não gostava tanto assim dele. Eu não demorei muito para esquecê-lo. Não sei o que eu tinha na cabeça. Mas é melhor agora eu dar um jeito de tirar isso da minha cabeça.
- Enzo!- diz Alice.
- Oi - digo saindo do transe.
- Tá bem longe, ein? - diz Rogério.
- Desculpa.
- Que tal a gente sair para beber esse fim de semana? Faz tempo que a gente não se diverte junto.- diz Ester.
- Até parece que nossos pais vão deixar.
- Eles não precisam saber.- diz Ester.
- Eu que não vou mentir para eles.- digo.
- Você é um bebê chorão.
- Bom, se resolvam vocês.- diz Alice.
- Eu topo, se vocês forem.- diz Clara.
- Combinado então, sexta à noite vamos beber todas.- diz Ester.
- Se seus pais deixarem, sim.- diz Alice.
- Viu, para que estragar o momento? - diz Ester.
Elas começam a discutir o que vão vestir e tal. Eu olho para Lucas. Talvez seja bom esquecer um pouco os problemas. Ou o problema.
◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇☆◇◇◇◇◇
A sexta vem como uma rasteira, rápida e certeira. Mal piscamos.
- Vamos, Enzo.- diz Ester na porta do meu quarto.
- Posso acabar de arrumar minhas coisas, posso?- digo.
- Tá, mas vai logo.
Termino e a gente desce.
- Tchau pai, tchau pai.- diz Ester e sai porta a fora.
- Nunca vi sua irmã tão animada para dormir na casa da Alice.- diz pai Lian.
- E você acredita mesmo que é só isso?- diz pai Talyer.
- Óbvio que não.- diz pai Lian.
Ele me olha, eu sem saber o que falar.
Eu não sei mentir, meu pai me conhece.- Independente do que vão fazer, cuide da sua irmã. E quando forem dormir, me avisa.- diz pai Lian.
- Tá bom, pai.
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Amor Verdadeiro II
RomanceEnzo é um rapaz alegre e gentil, que foi bem educado por seus pais. Nunca faltou amor e carinho para ele. Isso o fez uma pessoa boa. Nunca foi muito exigente com seus pais, desde pequeno entendia bem as coisas. Lucas é um típico rapaz que não sabe b...