Capítulo 2

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Como o lugar era pequeno, eram apenas dois funcionários para dar conta de tudo. Naquele dia a garota que trabalhava comigo não tinha ido e eu fiquei responsável por todas as tarefas, desde lavar a louça, limpar o local e servir os clientes. Como eu dava conta? Não me perguntem, eu apenas tentava dar o meu melhor. Quando estava no balcão, escutei a porta abrir, virei-me e vi um homem alto de cabelos loiros e uma roupa extravagante entrar, caminhando em minha direção. Ele sentou em um dos bancos ali a frente e ficou me olhando demoradamente.

Maiara: Deseja alguma coisa? –

XX: Um capuccino e panquecas, por favor! – Ele já fez seu pedido.

Eu o atendi de imediato, fazendo o seu pedido e depois de alguns minutos o servindo. Eu notei o olhar dele atento sobre mim, não chegava a ser como um assédio, mas sim analítico.

XX: Já pensou em trabalhar como modelo? Você tem um perfil para isso! –

Quando ele perguntou aquilo eu parei imediatamente e fixei por alguns segundos, seguindo de uma risada baixa. Isso nunca passou pela minha cabeça e muito menos imaginaria que um cliente naquela cafeteria pequena iria perguntar tal coisa.

Maiara: Eu? Não tenho nem perfil para ser modelo – Afirmei com convicção.

Minha altura era 1,52, meu corpo era relativamente normal para as pessoas dessa altura, tinha os cabelos longos e ruivos, olhos castanhos e os lábios levemente carnudos, eu me considerava uma pessoa com traços físicos totalmente fora do padrão exigido em modelos, altas e magras.

XX: Por que não? Existe modelo passarela e modelo fotográfica e sua beleza sem dúvida iria se dar muito bem na segunda opção – Ele tentava explicar. – Eu trabalho em uma agência de modelos em São Paulo, a maioria das meninas que agencio são modelos fotográficas assim como você... só um minuto! –

Ele estava com uma maleta da cor preta, quando abriu tirou alguns papéis com letras impressas e depois algumas fotos de garotas muito bonitas posando para as câmeras, as fotos eram profissionais e os papéis que ele mostrou, afirmou que seria os contratos fechados com todas elas e que ele tirava apenas dez por cento do valor do trabalho e a agência oferecia hospedagem os 3 primeiros meses até a modelo começar a se estabilizar, perguntou minha idade e sobre a minha família e eu estava em um momento tão triste que poderia desabafar até com as paredes.
Aquilo estava me deixando curiosa, poderia ser a luz no fim do túnel para sair daquela situação, ele falou com veemência que os contratos eram valores consideráveis e eu imaginei que poderia quitar as parcelas que estavam pendentes do empréstimo e consequentemente recuperar minha casa, isso era minha prioridade.

XX: Eu preciso ir, se mudar de ideia... – Ele me entrega um cartão. - ... esse é o meu contato! –

Ele saiu de lá e reparei que o carro que estava era bem luxuoso, suas roupas mesmo que extravagantes e bregas aparentavam ser de grife. Tinha ficado verdadeiramente balançada com aquela proposta, eu não tinha a quem recorrer e poderia ser uma boa oportunidade, mas ainda queria pensar um pouco sobre isso.

Quando cheguei em casa, fiquei assistindo TV até o sono dar sinal, mas aquilo que tinha acontecido mais cedo, não saia da minha mente e no dia seguinte quando acordei e olhei para os cômodos da casa, imaginando que ali poderia não me pertencer mais em alguns meses, não pensei duas vezes e liguei para o homem que no cartão tinha o nome de Jorge, atendendo no segundo toque com um alô.

Maiara: Jorge? É esse seu nome? Sou a Maiara da cafeteria, eu aceito sua proposta! –

Alguns segundos de silêncio foram dados por ele, depois começou a passar informações avisando que iria sair de Campos do Jordão em uma semana, era o tempo para que eu organizasse tudo para a viagem.

Resgatada por eleOnde histórias criam vida. Descubra agora