Capítulo 5

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Abri os olhos devagar , tinha pegado no sono logo. Olhei ao redor e estava sozinha. Ele tinha ido . Parece até que não era realidade o que tinha acontecido. Não sabia explicar como era estar naqueles braços fortes, era uma válvula de escape de toda aquela sensação que estava vivendo. Me levantei, coloquei as peças ali espalhadas e sai do quarto. Já era quase dia, tudo já estava fechado e sem ninguém. Apenas Jorge que parecia que não dormia nenhuma noite.

Jorge: Oi garotinha de ouro... Ótimo trabalho! Ele pagou muito bem. O cara colou em você! Você é gostosa assim ?- Ele se aproximou e eu empurrei .

Sai de lá fui e fui para o quarto.

Quando entrei Maraisa estava deitada, conseguia ver alguns roxos em seu braço e em seu rosto. Meu deus, o que tinha acontecido ?! Como já estava dormindo a deixei quieta, tomei um banho e fiz minha higiene. Deitei novamente pois não tinha nada para fazer presa naquele lugar. Mas a única questão era que quando me deitava, não vinha sono algum. A não ser quando estava nos braços de Fernando, agora sabia seu nome.

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Maraisa acordou bem tarde. Sentou na cama e como eu estava acordada a olhei, com receio de perguntar o que houve.

Maraisa: Ontem foi péssimo...fui para o quarto com um homem e ele era ridículo. Me bateu, pegou a força...- Ela contava tristonha.

Maiara: E as pessoas daqui... Não fazem nada ?-

Ela deu uma risada e se levantou indo até o banheiro escovar seus dentes.

Maraisa: Somos apenas vadias para eles Maiara. Ainda mais eu que já estou aqui a tanto tempo, pouco importa.- Ela fala já bem acostumada.

Ali era realmente o inferno. Éramos objetos que eles faziam o que quiser. A única coisa boa foi conhecer Fernando, me respeitou muito e não sabia o que fazer quando ele não quisesse mais e acabasse sendo obrigada a ficar com um homem violento como esse ou então com velhos fedidos. Estava com o coração apertado por Maraisa que sempre demonstrou ser tão prestativa e tinha que passar por coisas tão terríveis. Não conseguia imaginar tudo que ela já deve ter passado nesses anos nesse lugar podre.

Então o dia seguiu normal. Marmita pessima, não consegui comer praticamente nada novamente. Acho que nesses poucos dias já estava começando a emagrecer pois a alimentação era precária . E quando deu a hora , lá vinha mais uma lingerie para ser vestida. Será que ele vinha hoje ? Será que iria me querer novamente? Era o único momento que conseguia esquecer que estava no inferno.

Saímos no horário, Maraisa cobriu os machucados com maquiagem e como sempre quando entrava no salão se tornava outra mulher, forte e desinibida. Como nos acostumamos, ficamos ali no balcão e olhei ao redor. Nada do Fernando ali . Pedi uma bebida daquelas, era vodka e tomo fazendo uma careta ao sentir queimar na garganta . Precisava tirar aquela tensão. Foi então que Jorge se aproximou e segurou meu braço .

Jorge: Vamos trabalhar Princesinha!- Me puxando para a porta e o corredor vermelho.

Fernando já estava lá? Não o vi chegar . Estava confusa. E quando abri a porta o Velho João estava nu, uma barriga saliente, bêbado . Mexia em seu membro asqueroso e vinha em minha direção.

João: Vem cá baby!- Se esfregou no meu corpo e em o empurrei.

Estava com nojo, desesperada . Ele cheirava a bebida e cigarro . Parece ter ficado irritado e me segurou pelos braços jogando na cama, rasgou minhas roupas.

João: Vadia fazendo charme não é?- Subiu em cima de mim .

Eu tentava sair, procurava uma solução e então chutei entre suas pernas fazendo-o cair de lado. Corri para fora do quarto enquanto ele xingava. Fui para o meu e de Maraisa e me encolhi no canto. Lágrimas desciam como uma cachoeira. Meu deus, me tire daqui. Suplicava. A imagem daquele homem em minha cabeça estava me deixando muito perturbada, soluçava copiosamente

Foi aí que a porta se abriu com toda a força. Jorge estava furioso me olhando no canto, seus olhos pareciam brasa . Foi até mim e pegou nos meus cabelos .

Jorge: Como você faz isso com um dos melhores clientes Vadia?! Puta !- Ele me dá um tapa forte no rosto.

Senti queimar e acabei caindo para o lado. Ele chutou minhas pernas e apertava meus ombros. Mais dois tapas na cara, queimando como fogo e cai no chão, deitada ali ...humilhada.

Jorge: Nunca mais faça isso entendeu!!! Porra !!!- Ele saiu de lá e bateu a porta.

Fiquei ali no chão mesmo. Acho que era melhor morrer do que ficar naquele lugar. Era justamente isso que eu queria agora, não conseguiria suportar ficar naquele lugar. Isso não era viver!

Quando o expediente acabou, Maraisa entrou no quarto e me viu no chão. Correu me pegando pelos ombros e ajudando a levantar .

Maraisa: Hey criança... Meu Deus! - Ela me olhou tirando os cabelos do meu rosto.

Me deitou na cama e eu não conseguia falar nada. Apenas me encolhi e fiquei ali pensando. Por que não veio Fernando? Chorei , já que dormir era impossível.

Resgatada por eleOnde histórias criam vida. Descubra agora