Capítulo 6- Alicia

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Já havia se passado uma semana do  ocorrido com minha mãe, ela não estava bem, acabou entrando em coma.

Recebi ligações da minha avó, e alguns parentes distantes que temos, meu pai não ligou e eu também não tive coragem de ligar para ele.

Jonathan também não me ligou, não que eu estivesse esperando que ligasse, mas quero ouvir a voz dele novamente.
Sentir aquela pele macia junto da minha aqueles lábios macios, a cada dia eu penso mais nele e naquela noite.
Pois acho que ela foi boa e especial para nós dois. Eu sinto que ele quer me ligar, mas não tem coragem.

Mas agora, eu tenho que pensar somente na minha mãe. Ela precisa de mim nesse momento.

Estou sentada pesando, e me reclino na cadeira, fechando os olhos.
Quando sinto uma mão em meu ombro, abro os olhos e dou de cara com a última pessoa que eu pensei que veria aqui... Meu pai.

Minha reação foi levantar e ficar analisando seu rosto, que à muito tempo eu não via. Para ser mais exata quase um ano.

Depois que ele largou nossa família para ir morar com sua secretária, não significa mais nada para mim.

Parece que foi ontem que tudo aconteceu... eu deveria estar no curso, mas quando se está com nota baixa em Biologia é preciso estudar.

Pois bem, minha mãe viajava muito e naquela época também estava em viajem, mas ela me disse que só voltaria daqui a dois dias.
E meu pai provavelmente estava no escritório.
Mas eu escuto uns barulhos que fazem meu coração pular. São  passos, a voz do meu pai- e de uma mulher que não reconheci.Pensei até ser a minha mãe, mas a voz da mulher era fina e irritante a de minha mãe é bem diferente.
Sai do meu quarto e fui em direção ao quarto dos meus pais, que por sinal é ao lado do meu.
Bato na porta e espero...bato de novo e começo a escutar passos apressados pelo quarto.

Meu pai abre a porta. Não completamente é claro, ele não quer que eu veja quem está lá dentro.
  -O que você está fazendo Alicia?-Ele pergunta com uma cara de desentendido.

  -Eu é que pergunto, você não deveria estar no trabalho?
E já sentindo o sangue subir.
Quando tento entrar no quarto e ele bloqueia a passagem já começo s entender tudo.
  -Me deixa entrar, eu quero saber quem está com você!
 
-Deixa ela entrar, ela já sabe.

Foi quando tudo fez sentido, eu conhecia aquela voz. Ouvia Sempre que ligava para o escritório do meu pai.
Não consigo mas ficar nesse lugar, não consigo mas olhar para a cara dele.

  -Eu vou ser bem direta... se você não contar para a minha mãe quando ela voltar de viagem, conto eu mesma. -Virei as costas para ele sem me importar.
Entro em meu quarto, pego uma mochila e coloco algumas roupas,
Saio sem olhar para trás, as lágrimas queimam em meu olhos. Pego um táxi e lembro que deixei meu dinheiro no apartamento. Ligo para Rachel e peço para ela me esperar na porta de sua casa.

Depois peço para alguém pegar o resto de minhas coisas.

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Só de lembrar desse dia sinto náuseas.
Quando finalmente consigo falar alguma coisa, vejo que atrás dele, está ela. 

  -O que ela está fazendo aqui?
Pergunto apontando para Eva com cara de nojo.
Que ela parece não ligar.

  -Ela é minha esposa agora, precisa aceitar isso.

  -Não acredito, minha mãe está em coma e você trouxe essa mulher aqui.

  -Olha como fala comigo, menina.- só de ouvir a voz dela me sinto mal.

  -Eu falo do jeito que eu quiser, e quero que você vá embora agora.
Meu pai puxa Eva para um canto, fala com ela que me olha com uma careta, se vira e vai em direção ao elevador.

  -Satisfeita? -Meu pai pergunta.

  -Muito.

-Eu posso explicar...

-Nem vem com esse papo de eu posso explicar. - Corto meu pai, antes que ele termine.
- Você sabe que eu não gosto da Eva, muito menos a minha mãe. 

- Não entendo esse ódio todo que você sente pela Eva, o que ela te fez?

Ta brincando que ele está me perguntando isso. Acho melhor eu até rir, para não acabar sendo grossa com ele.

-Eu vou te dizer o por que da minha raiva, ela simplesmente acabou com a minha família, você foi influenciado por ela. Eu sempre soube, eu nunca gostei dela. Agora você se casou com ela, ficou um ano sem me ligar ou me visitar, e quer que eu aceite? Eu nunca vou aceitar.

Percebo que estou chorando quando sinto meu rosto molhado. Meu pai me observa por um tempo e finalmente responde.

-Olha Alicia, eu sei que eu estou errado mais tenta me entender, depois do que eu fiz, eu não tive coragem de falar com você, eu estava com... vergonha. E me culpo por tudo que fiz você e sua mãe passar.

Minha mãe depois que descobriu a traição, ficou muito chateada com tudo, e até faltou o trabalho por alguns dias. Mas aos poucos ela foi melhorando e ficamos morando por um tempo na casa da Raquel até encontrar uma casa nova. Já meu pai, se mudou para São Paulo com  Eva e o filho dela.

-Vergonha? Você? Eu não consigo acreditar nisso. Até por que quando eu encontrei vocês no quarto, onde você dormia com a minha mãe, não estava nem um pouco envergonhado.

Acho que fui um pouco dura com ele, mas isso não importa, agora eu vou até o fim.

-Eu vou ser bem direto com você, eu quero que você venha morar comigo em São Paulo, até sua mãe se recuperar e poder voltar para casa.

Olho para ele sem acreditar, nunca que eu iria morar com ele, muito menos com a mulher dele. E para completar ainda tem o filho dela, que eu não conheço pessoalmente, mas só de ouvir falar já não gosto. Não sei o nome dele mas, Eva chama ele Jonh. Ele está passando um tempo com o pai, mas o que isso me importa.

-Mas é claro que eu não vou, até parece que eu vou morar com o senhor e a bruxa da sua mulher.

-Olha como fala dela.

Ignoro seu comentário. E prossigo.

- Além do mais tem a minha escola, meus amigos, minha vida. Eu não posso largar tudo e ir morar em outro estado. 

-A escola eu já resolvi, afinal minha empresa patrocina a sua escola, você esqueceu desse detalhe. Eu expliquei a situação e a diretora aceitou de imediato.

E agora o que eu faço?

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