Morena insuportável

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POV SUSAN

Duas coisas que eu odeio mais que tudo no mundo: a primeira é ser contrariada e a segunda é essa maldita cidade chamada Hanover (EUA).

Eu não nasci para morar em cidade pequena, muito menos nessa onde nasci e morei até meus onze anos. Sim, morei nesse lugar perdido no tempo até a minha pré-adolescência, mas graças ao incrível trabalho do meu pai nos mudamos para Nova York e tenho morado lá desde então.

Quando meu pai Thomas cismou de fazer a reforma na única escola daquela cidade, pensei que ele estava querendo apenas fazer caridade.

Mas quando praticamente ME OBRIGOU a vir para esse fim de mundo, fazer o projeto e acompanhar ATÉ O FINAL eu tive a plena certeza que meu pai tinha enlouquecido e pra piorar a minha mãe enlouqueceu junto quando apoiou toda aquela insanidade.

É claro que meus pais já deixaram de mandar em mim há muito tempo, sou crescida, vacinada e casada, mas o meu pai nunca havia gritado comigo da maneira que gritou.

"-VOCÊ VAI FAZER O QUE EU ESTOU MANDANDO, SUSAN GILBERT!"

Não era do gênio do meu pai gritar com as filhas e nunca nem tinha feito isso, então não tive outra alternativa a não ser fazer exatamente aquilo que me fora dito.

Contei ao Shipley, meu marido, que passaria um tempo em Hanover e para o meu infeliz azar ele resolveu tirar férias do consultório onde trabalha e me acompanhar. Eu deveria estar feliz por viajar ao lado do meu marido, mas o sentimento sempre foi algo que nunca existiu entre nós.

No começo até teve algum tipo de química e essas coisas, por isso acabamos nos envolvendo mais sério e pelo dito "comodismo" acabei casada com ele. Não reclamo, a minha vida é estável e muito bem vista aos olhos de terceiros, milhares de mulheres matariam para estar no meu lugar.

Meu pai decidiu que eu ficaria com a antiga casa dele, uma mansão na Rua Maple.

Eu não queria de maneira alguma me mudar, mesmo que fosse temporariamente, para aquela cidade e queria menos ainda trabalhar naquele maldito projeto.

Não por ser de graça, já que era uma doação da família Gilbert, mas porque... bom, eu não sei, só não me agrada nem um pouco.

Agora, voltando àquela lista do começo, pensando melhor, há mais uma coisa que eu odeio mais que tudo no mundo: ser desafiada.

E fui desafiada exatamente no MESMO DIA em que cheguei a esse inferno de lugar.

Aquela morena prepotente acha que é quem pra me desafiar daquela maneira?

Eu queria esganar ela com toda a minha força, mas infelizmente o homicídio ainda é considerado um crime gravissimo,

E pra piorar a situação aquela infeliz ainda me chutou de sua casa a qual FUI CONVIDADA a entrar por seu próprio filho.

É claro que eu não sabia que aquele garotinho adorável era filho daquela insuportável e se eu soubesse jamais teria aceitado seu convite para entrar em sua casa e "conhecer sua mãe".

Não sei onde eu estava com a cabeça quando aceitei aquilo, parecia até que eu estava em busca de algum tipo de amizade naquela cidade.

-Por que está com essa cara, Susan? - Shipley me perguntou quando entrei no quarto que iríamos dividir pelas próximas semanas.

-Porque eu não tenho outra pra trocar e por no lugar dessa daqui.

Pergunta estúpida, resposta estúpida.

Meu marido apenas revirou os olhos, completamente acostumado com as minhas grosserias. Puxei o lençol que estava sobre a cama e me ajeitei embaixo dele.

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