Capítulo 3

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Ponto de vista de Flávia.

Cheguei em casa, tirando minha peruca rosa e jogando no sofá. Até o momento, não acreditava no que a noite tinha se tornado. Eu, claramente, não era a pessoa mais sortuda no mundo, meu pai tinha trabalhado a vida inteira para conseguir me dar o justo, nunca tive e nunca precisei de luxo. Depois que saí da escola, tratei logo de começar a trabalhar para me sustentar, e hoje aos vinte anos, era dona do meu próprio nariz.

-Flávia, meu amor! - Meu pai apareceu na sala com um sorriso no rosto. - Chegou mais cedo hoje! Odete, arruma a janta da Flávia, ela deve estar com fome!

-Me poupe, Juca. Manda essa pilantra ir comer alguma coisa na rua, não tem comida mais não. - A bruaca da mulher do meu pai gritou de volta. Ela era insuportável, e claramente não dávamos certo.

-Fica tranquilo, pai, eu não estou com fome. Só vim te dar um beijo mesmo. - Disse com um sorriso e meu pai sorriu.

-Mas você não vai dormir aqui, filha? - Perguntou, preocupado. - Sua cama já está pronta. - Disse ele, se referindo ao sofá da sala.

-Vou dormir na casa do Murilo hoje, pai.

-Juca, quando essa garota aparecer grávida aqui eu boto pra fora, tá me ouvindo? - Odete gritou histérica.

Revirei os olhos e abracei meu pai.
-Eu te amo, ouviu? Nunca vou deixar nada de mal te acontecer, nem que para isso eu precise fazer alguma besteira. - Não consegui controlar as lágrimas e meu pai ficou preocupado.

-Filha, me promete que não vai se meter em nenhuma encrenca? Amanhã a Odete vai começar a vender marmitas no bairro, e eu vou procurar emprego. Olha, se o papai conseguir juntar um dinheiro, posso pagar sua faculdade. Você quer estudar música, não é? Ser cantora.

-Não se preocupe, pai, esse sonho ficou para trás. Eu não quero que esquente sua cabeça comigo, o que eu ganho na boate dá para me virar. Eu te amo muito.

Abracei meu pai e me despedi, ainda precisava pegar um ônibus até a casa do meu namorado.

Ponto de vista de Guilherme.

Depois de sair daquela boate, dirigi meu carro até em casa. Minha cabeça estava doendo, depois de um dia inteiro salvando vidas ainda tinha que me preocupar com uns bandidos de quinta categoria infernizando minha vida, mas isso não ficaria assim, amanhã mesmo iria procurar a polícia e me livrar dessa chantagem.

"Sua esposa, Rose, e seu filho."

As palavras ecoavam na minha mente, jamais permitiria que nada acontecesse com minha mulher e meu filho. Eu amava muito minha mulher, mesmo que estivéssemos enfrentando uma crise no casamento, de muitos anos diga-se de passagem, ela era tudo para mim.

Ao entrar no meu quarto, não encontrei Rose, fui até o quarto de Thomás. Ele estava jogando vídeo game, como sempre.

-Já fez sua lição de casa? - Perguntei.

-Oi pra você também, pai. - Respondeu meu filho, revirando os olhos. Os 15 anos são fodas.

-Desculpa. - Eu disse. - Como você tá, meu filho?
Tudo bem na escola hoje?

-Tudo do mesmo jeito.

-Onde sua mãe tá? - Perguntei, já meio impaciente.

-Ela disse que saiu para correr, mas já fazem algumas horas.

-Vai logo para a cama, amanhã tem que acordar cedo para ir para a escola, ainda mais com suas notas. - Ordenei e saí bufando do quarto. Onde minha esposa tinha se metido?

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