Capítulo 6

50 7 3
                                    

-É isso pessoal, devemos agradecer porque o resgate de vocês deu certo, mas não se enganem... A justiça não vai demorar muito a soltar aquela gangue novamente e com certeza eles virão atrás de vocês.

O Delegado do caso dizia com certeza. Estávamos na delegacia há horas, dando depoimentos, contando a mesma história mil vezes, repassando os detalhes, tudo para contribuir com a prisão dos bandidos.

-Eu tenho que agradecer muito a vocês, Doutor Guilherme e Paula, achei que nunca mais veria minha filha novamente! - Paco desabafou.

-Não precisa agradecer. - Guilherme disse rígido.

-Eu sei como você pode me agradecer... - Paula insinuou com um sorriso. - Dá uma passadinha na minha empresa depois, tenho uma proposta pra você.

Paco deu um meio sorriso e assentiu a cabeça.

-O Paco tem razão, vocês dois foram muito corajosos de arriscarem e procurarem a polícia... Mas eu conheço Nico e Léon, assim que pisarem fora da cadeia vão querer se vingar de nós. - Foi minha vez de falar.

-Escuta, como você conhece aquela dupla, hein garota? - O doutor me perguntou com arrogância.

-Estudei com Nico, éramos amigos. Ele acabou se perdendo no meio do caminho. - Disse e senti o olhar de reprovação de Guilherme para mim. - Nem todo mundo vive em um castelo blindado como você, Doutor. No mundo real, pessoas que convivemos acabam indo por caminhos errados.

-Isso não me importa. - Guilherme levantou da cadeira, ajeitando a camisa que estava amarrotada por conta da confusão. - Estou liberado? Quero voltar para o meu castelo blindado. - Disse a última parte me lançando um olhar debochado.

-Podem ir, estão liberados. - O delegado falou. - Agora, uma coisa, a justiça não pode fazer muito mais por vocês agora que eles foram presos, vou lhes dar uma estimativa: 1 ano. É o tempo máximo que eles vão ficar presos, com bom comportamento e tudo mais. Extraoficialmente vos digo, se eu tivesse na pele de vocês, cairia fora do país o quanto antes. Léon não brinca em serviço, procuramos aquela dupla há anos, são bons no que fazem, e voltarão para se vingar.

Engoli em seco ouvindo aquilo. Estava aterrorizada pensando na desgraça que poderia acontecer com meu pai. Eu não deixaria, faria o que fosse preciso.

Horas depois...

O último ônibus me deixou próximo a casa do Murilo, precisava andar só mais alguns minutos até lá.

Será que eu deveria contar a ele? Não, melhor não. Quanto menos souber, menos envolvido ele vai ficar nessa confusão.

Aquela história toda tinha mexido comigo, ver que eu poderia ter morrido por nada, sem viver nada. Na verdade, eu tinha vivido uma vida boa até aqui, apesar das dificuldades. Aproveitei minha adolescência do jeito que bem entendi, mas a vida nunca foi fácil, sempre tive que correr atrás do meu, meu pai nunca teve condições de me proporcionar nenhum luxo. Antes do Murilo, tive namorados que foram especiais em minha vida, me trataram bem e sempre foram muito apaixonados por mim. Eu terminei todos os relacionamentos. Era sempre eu que estragava tudo, desde o início.

Senti um vazio no peito ao pensar naquilo, saber que eu nunca tinha me apaixonado de verdade, nunca tinha vivido um amor intenso e verdadeiro me fazia questionar o motivo de tudo até aqui. Segundo o delegado, eles não ficariam presos mais que um ano, e seria o prazo que eu teria para fugir ou para morrer nas mãos daqueles criminosos.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e consegui me lembrar da forma como o Doutor Guilherme falava e defendia a família dele, eu queria muito viver um amor assim.

PINKOnde histórias criam vida. Descubra agora