Capítulo 5

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-Graças a Deus, eu estava achando que só eu tinha ficado preocupada! - Eu dizia a Paco. - Você precisava ver, fui na maior boa vontade atrás daqueles dois, e eles não deram moral, praticamente me receberam à força.

-É porque eles não conhecem a fama daquela dupla. Só quem é tijucano conhece. Eles são da barra da tijuca. - Paco zombou e eu sorri.

-Como que a gente não tinha conversado antes, hein? Você sempre morou aqui?

Paco era um homem muito simpático e bonito, ele aparentava estar na casa dos 40 anos e pelo que eu estava sabendo, vivia uma vida tranquila com a filha. Parece que a mãe da menina tinha morrido no parto.

-Desde sempre, a Tijuca sempre foi o meu lugar. - Ele sorriu. - Mas vem cá, o que a gente vai fazer? Estamos sozinhos nessa, aqueles dois têm dinheiro, vão se safar.

-Não sei, Paco. Você ouviu o que aqueles bandidos disseram, dentro de um mês vem procurar a gente e nos obrigar a fazer sei lá o que. - Eu estava assustada, não tinha como negar.

-Eles querem nos usar para atravessar as fronteiras com drogas. - Paco sussurrou, como quem tivesse com medo que alguém nos ouvisse, estávamos sentados no bar da Tetê, famoso na Tijuca.

-Eu sei. - Sussurrei de volta. - É que ainda não consegui engolir essa história, sabe? O Rodrigo resolveu dar de bandeja quatro pessoas que nem se conhecem, não tem nada em comum. Tudo isso pra que? Dinheiro? Ele está sendo ameaçado?

-Não sei, Flávia. Mas eu fui atrás daquele desgraçado para tirar satisfação, me disseram que ele fez as malas com a esposa e sumiu.

-Meu Deus. - Respirei fundo, sem saber o que faria dali para frente.

-Você só tem seu pai, não é? - Paco perguntou com um tom de carinho.

-Só. Meu pai é tudo para mim, Paco. Eu nunca tive mãe, não posso arriscar perder ele. - Lágrimas ameaçaram descer pelo meu rosto.

Paco segurou minha mão e a apertou, em um gesto de carinho, tentando me consolar. Sentia que ele poderia ser um grande amigo.

-Fica tranquila, Flávia. Eu também quero proteger minhas filhas, não vamos deixar que eles façam nada para nós.

-Obrigada, Paco. - Dei um sorriso. - Ouvir isso é muito importante para mim.

Um mês depois.

Terminei o turno sentindo meus pés cansados, eu amava dançar pole dance, mas era muito desgastante. Tirei minha marca registrada, vulgo minha peruca pink, e a guardei no armário. Vesti um camisão largo por cima do conjunto de lingerie preto que eu usava.

Ao contrário do que muitos pensavam, dançar pole dance não era uma bagunça e nem todas que faziam, eram prostitutas também. Pelo menos na Pulp Fiction, era extremamente proibido qualquer nudez ou toque sem nossa permissão - e eu nunca permitia.

Minha maquiagem ainda estava intacta, o delineado colorido era minha marca registrada, o de hoje era azul. Peguei minha mochila com objetos pessoais e estava quase saindo da boate, pela porta dos fundos, quando percebi uma movimentação.

-Paco? O que você tá fazendo aqui? - Paco estava com uma cara de assustado e não me respondeu.
Em seguida, Guilherme entrou também.

-Doutor? O que você tá fazendo aqui?

Ele me olhou, também assustado, e antes que pudesse responder algo, percebi o que estava acontecendo quando Paula também entrou, e atrás dela, Léon. Ele apontava uma arma para a cabeça dela, que estava com muito medo.

Os capangas foram entrando também, e de repente o vestiário ficou pequeno demais.

-Viemos te buscar, Pink. - Ele disse perverso. - E você não vai resistir, o Doutor aqui tentou e demos um pequeno sustinho no segurança que ele mandou vigiar a família dele.

PINKOnde histórias criam vida. Descubra agora