Capítulo 7

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-Flávia, eu não consigo entender porque você está fazendo isso? Escuta, foi algo que eu fiz? Eu posso melhorar- Murilo dizia chorando.

-Murilo, não foi nada que você fez, eu juro. Você é incrível. - Respondi olhando nos olhos dele.

Decidir terminar tudo entre nós tinha sido uma escolha fácil, magoar ele que tinha sido difícil. Murilo era um cara doce, gentil, amável e ele era apaixonado por mim. Mas só.

Eu precisava me dar a oportunidade de me apaixonar, não queria que nada de ruim acontecesse comigo sem experimentar essa sensação algum dia. Eu não sabia se poderia continuar morando na Tijuca depois que os bandidos fossem soltos, não sabia se eles me deixariam viver minha vida em paz, então eu precisava correr contra o tempo.

-Eu não sou incrível, se não você não estava me deixando. - Ele dizia sem entender. - Flávia, você é minha musa inspiradora, lembra? É minha razão para respirar!

-Murilo, eu não posso mais. Eu quero viver um grande amor, eu quero me apaixonar.

Senti que aquilo foi um baque para ele, acho que ele sempre soube que gostava muito mais de mim, mas ouvir era mais difícil.

-Me desculpa por ser essa confusão toda, eu nunca deveria ter deixado que você se apaixonasse por mim. - Disse, passando a mão no rosto dele.

-Você não conseguiria impedir, Flávia. - Ele disse, fazendo meu coração partir. - No minuto em que eu te vi, me apaixonei.

-E eu queria muito que fosse você. - Respondi. - Mas não é, eu não te amo dessa forma. Mas eu sei que alguém vai, alguém vai se apaixonar por você e vai ser a garota mais incrível do mundo, só que essa garota não sou eu.

Depositei um beijo em sua bochecha, pegando minha bolsa e saindo da casa dele. Era melhor assim, Murilo era um cara incrível que merecia alguém que gostasse dele.

Decidi ir até a Pulp Fiction, Rodrigo tinha abandonado o barco mas a boate ainda estava funcionando. Eu precisava voltar para a minha vida, conseguir algum dinheiro e tentar cair fora.

Passei o dia ensaiando e quando estava próximo do horário de abrir, fui trocar de roupa. Ouvi um barulho vindo do lado de fora, mas não dei muita importância. Troquei de roupa e vesti meu figurino da noite de hoje, era de franjas e rosa, coloquei minha peruca rosa e a partir daquele momento eu era a Pink.

Uma hora depois...

A movimentação já tinha começado, as pessoas já chegavam e pediam suas bebidas no bar, algumas meninas já estavam no pole dance fazendo suas apresentações, Murilo já arrumava os equipamentos para começar a cantar.

Éramos como um barco sem comandante, os funcionários iam trabalhar, mas sem um chefe era difícil. Rodrigo devia estar com muita vergonha pelo que fez, e com razão. Combinamos de dividir os lucros ao final da noite em partes iguais.

-E aí, Pink, vai dançar hoje ou não? - Lua, uma garçonete simpática me perguntou.

-Claro que vou. -Dei um sorriso. - Vou esperar o Murilo se apresentar primeiro.

-Vem cá, em falar nisso, aconteceu algo? Ele tá tão estranho, tão triste.

-Nós terminamos. - Respondi e Lua assentiu com a cabeça.

-Entendi tudo. - Ela deu de ombros. - Bom, não é como se todo mundo não esperasse por isso, né.

-Meu Deus, Lua, como assim? Que horror!

-Não me entenda mal, Pink. - Ela se explicou. - Mas você tem um espírito selvagem, sabe? Dá para notar que o relacionamento não ia ter futuro. Ele é bonzinho demais.

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⏰ Última atualização: Feb 18, 2023 ⏰

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