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Regan estava sendo levantada no ar, seu corpo chacoalhava e batia contra o teto do quarto. O padre Dyer tinha dificuldades em exorcizá-la, e aparentava estava tão amedrontado quanto Steve e Keith estavam.

Os dois últimos pareciam entretidos na cena do exorcismo, sentados a uma distância grande um do outro, como costumavam ficar quando assistiam a filmes para não terem que conversar nos intervalos entre um cliente e outro. 

Não notaram quando a porta da locadora foi aberta por Eddie, muito menos quando o rapaz se debruçou no balcão atrás dos dois e ficou entre eles para assistir à cena.

O rosto de Regan se transfigurou completamente, assumindo a feição do demônio que a possuía. 

Eddie percebeu que os dois estavam completamente vidrados, mas não conseguia ver seus rostos — na verdade, eles morriam de medo.

O rapaz logo se cansou daquele filme que já havia visto milhares de vezes e passou a se entreter com o cabelo de Steve. Munson ficou observando seus fios castanhos, percebendo que ele tinha algumas mechas loiras, e que as camadas de seu cabelo caíam perfeitamente umas sob as outras. Devia ser tão macio. 

Ele sorriu e colocou a língua no lábio superior, um pouco antes de sanar sua dúvida e enfiar uma de suas mãos gentilmente entre os fios do cabelo volumoso.  

Não durou dois segundos, pois Steve levantou de supetão e olhou para trás, com a mão onde Eddie havia tocado e com uma expressão de puro terror. 

Keith levantou no mesmo momento, assustado com o susto de Steve. 

— Cacete! — Steve exclamou, assim que viu Eddie ali. O rapaz tinha um sorriso brincalhão. — Que susto do caralho! 

Seu peito subia e descia de modo desesperado. Keith ainda estava tentando processar o que havia acontecido, mas assim que entendeu que Eddie Munson estava ali, não deteve a curiosidade. 

— Munson? — arqueou a sobrancelha. — Cara, eu não te vejo há... 

— Quase um ano — Eddie desviou o olhar de Steve e o encarou, sem muita animação. — É, eu sei... você se formou. Parabéns! — gesticulou, soando um tanto sarcástico. 

Keith nunca entendia se Eddie falava tudo de forma irônica, ou se falava sem más intenções, só que seu jeito de ser era naturalmente sarcástico.

— Eu tava suspeitando que você ia vir — Steve semicerrou os olhos. — Infelizmente, você veio.  

Eddie arqueou a sobrancelha e cruzou os braços. 

— Você estava me esperando, Stevie? — ele fez uma voz fofa. 

Keith alternava o olhar entre o colega de trabalho e o ex-colega de classe, enquanto comia a pipoca que havia feito só para si. 

— Claro que não, — Steve revirou os olhos. — mas depois daquele show dramático eu imaginei que não iria acabar por ali. 

Eddie tombou a cabeça para o lado e sorriu. 

— Você é espertinho, não é? — brincou. 

— Tá, você veio me bater ou o quê? — Steve questionou, querendo acabar logo com aquilo. — O que você quer?

— Bater nesse rostinho lindo? Jamais... — Eddie batia os dedos levemente contra o balcão.

Keith ergueu as sobrancelhas e observou a reação de Steve àquele comentário, notando que o rapaz ficou tremendamente sem graça. 

— Eu só quero um favor, e então podemos esquecer o que aconteceu.

— O que aconteceu? — Keith questionou, curioso. 

angeleyes | steddieOnde histórias criam vida. Descubra agora