Capítulo 7

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A Sra. Bárbara estava irritada. Já eram nove horas da noite e nada do John aparecer. Ele nunca se atrasara e, se não estivesse divertindo-se muito com a situação, Clara ficaria mais preocupada. Foi até a casa do amigo a pedido da já enraivecida mulher.

Encontrou a Sra. Joan e Beatriz aflitas. Nem John e nem o Thomas haviam chegado. Ligaram para a transportadora e nada dos meninos. Clara teve uma ideia. Voltou minutos depois avisando que o caseiro da fazenda dissera-lhe que ambos estavam lá. Mas, Clara não contara tudo.

- Olha, menina, eu não sei o que aconteceu, mas eles tiveram uma briga feia. Chegaram a dar uns murros um no outro. – Foi o que Clara ouviu do aflito Carlos.

Clara deixou as mulheres na cozinha e foi chamar tio Jeremy que estava no quintal, limpando o carro dos meninos. Contou-lhe o que acabara de ouvir. Tio Jeremy subiu assustado e voltou com a Sra. Joan, pedindo para Clara que cuidasse de Beatriz.

Para variar, ela chorava. – Que saco – pensou Clara enquanto a consolava – esta mulher é uma manteiga derretida. Só chora. Mas, teve compaixão e foi fazer-lhe um chá de hortelã.

A culpa era dela. Com certeza Tom havia contado ao irmão sobre o tapa, sobre a revelação, sobre o ciúme que sentia dele. Clara sabia do ciúme de Tom também. Eram iguais.

Após fazer a visita a Diana, John encontrou Thomas esperando-o, sentado na caminhonete. Queria conversar, mas longe de casa. Foram para a fazenda.

Thomas não revelou que fora Clara quem levantara a suspeita e, muito menos que a agredira. Mas, com sua agressividade natural, colocou a situação de modo que John ofendeu-se.

- Você acha que eu e a Beatriz temos alguma coisa além de amizade? Está louco. Não imagina a besteira que está falando.

Tom irritou-se tanto com o ar de desdém do irmão que esmurrou aquela face querida. É claro que passado o susto, John tentou em vão defender-se. Acabou irando-se e atacando também.

Foi um dos empregados da fazenda que os separou. Com a face sangrado, John permanecia caído no chão, enquanto Tom, também ferido, se levantava.

Não muito tempo depois, ambos estavam sentados um na frente do outro e tio Jeremy como juiz. A Sra. Joan, com os olhos úmidos, olhava calada a face ferida de John. Depois, olhava para Tom e, não conseguia entender o que acabaram de fazer.

John foi o primeiro a falar. Pediu desculpas ao irmão, à mãe e ao tio. Contou-lhes o motivo da briga, mas Tom, indiferente à ordem do tio para voltar a sentar, saiu da cozinha. Somente mais tarde foi que a Sra. Joan encontrou-o na varanda. Apenas sentou-se ao seu lado.

Após uma hora, levantando-se, disse ao filho que não colocasse tudo o que tinha mais precioso em jogo por desconfianças sem fundamento. Beijou-lhe a testa e foi recolher-se, mas antes, ligou para casa.

Quando Clara desligou o telefone, sentiu a alma pesada. Ela fora a causadora direta de toda a confusão, mas pelo tom da Sra. Joan, Tom não contara. Pior. Era pior ser culpada e todos acharem que você é inocente.

Mas, não iria falar nada. Com certeza Deus iria dar-lhe uma boa e merecida lição. Era melhor assim. Avisou para Beatriz que tudo estava bem agora e, deixou a noiva de Tom com Deise. Foi embora.

Sua mãe também deixara seu pai por causa dela. Para evitar o pior que Clara não tinha certeza de não ter acontecido. Explicou a Sra. Bárbara o ocorrido e, a mulher simplesmente lhe disse:

- Arrume a cozinha. Você tem certeza de que não tem nada a ver com isso? – disse e foi deitar-se sem esperar a resposta.

" É claro que eu tenho tudo a ver com isso " – Clara pensou e foi fazer seus afazeres.

Tio Jeremy era outro que não conseguia parar de pensar que Clara estava envolvida na confusão. Sabia que John não ocultara nada. Mantinha-se sentado, pensando.

A Sra. Joan foi até a cozinha para ver se o cunhado não ia deitar-se.

- John já dormiu. Thomas está lá fora, mas parece mais calmo. Sei que amanhã ele irá fazer as pazes com o irmão e tudo estará esquecido.

- Minha cunhada, pode parecer injusto o que vou lhe falar, mas sei que aquela menina tem algo a ver com isso ...

- Você está falando da Clara? Mas, ela não tem nada a ver com o assunto – a Sra. Joan não conseguia entender a desconfiança do bom homem.

- De uma maneira ou de outra, ela tem sim. Tenho certeza de que foi ela quem envenenou a cabeça do Thomas. Não vê como observa cada gesto, cada palavra.

- Jeremy eu acredito que você está se deixando levar pelo seu coração que não aprova a Clara. Ela é um pouco estranha, mas não acredito que seja má a este ponto ...

- Estive pensando e acho que podemos aproveitar esta situação e mandar o John para a Alemanha, para a casa de nossos parentes. É o momento Joan, para afastá-lo dela.

O coração de mãe da Sra. Joan pesou; sabia do imenso afeto que os unia e, a dor que uma separação, ainda que de apenas um ano, poderia causar. Mas, por outro lado, talvez fosse bom para todos que John fosse para a casa dos tios - avós. Eles também tinham uma transportadora e, ele aprenderia coisas novas. Thomas também teria um tempo para deixar de pensar tolices.

Naquela noite, ambos decidiram falar ao jovem sobre seus planos, já no dia seguinte. Sabiam que ele não se oporia a fazer um bem ao irmão.

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