Capítulo 18

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Dentro de uma semana, John e Clara se casariam e a moça sabia que não teria mais tempo; precisava agir rápido e colocar em prática os atos que há meses planejara. Não importava a dor que sentisse, era necessário que fizesse o que considerava ser o melhor para todos, principalmente, para o rapaz.

Mas, as coisas que ocorreram na semana que antecedia as cerimônias civil e religiosa acabaram por surpreender a jovem, sem contudo, movê-la de suas ideias. John parecia querer revelar-lhe algo que também preparara há algum tempo.

Clara decidiu contar-lhe a " verdade " em uma terça-feira. Porém, na noite do dia anterior, John apareceu em sua casa com aquele sorriso de menino que a encantava, dizendo-lhe que precisava mostrar-lhe algo. Clara pediu-lhe um tempo para arrumar-se e, em breve, os dois estavam no carro do rapaz.

- Tenho uma surpresa para você e, por isso, não quero que veja nada – John colocou-lhe mais uma vez a famosa venda nos olhos.

Clara sentia-se desconfortável com aquela situação, mas sorriu. Não queria fazê-lo sofrer mais do que o necessário e antes do tempo.

John falava o tempo todo, animado e feliz com a realização de seus desejos mais íntimos; sempre quisera fazer parte definitivamente da vida de Clara e, ajudá-la com mais eficiência. A Sra. Joan até lhe sugerira certa vez que aquele encantamento por Clara deveria ser fruto da situação de abandono da jovem; ele sempre tivera uma inclinação para ajudar as pessoas e, Clara, precisava sempre de alguma coisa ...

A jovem ouvia-o com atenção; queria gravar na memória o som daquela voz que, em breve, deixaria de ouvir, talvez durante o resto de sua vida. Adoraria poder compartilhar com ele aquela alegria singela ao ver se aproximar a data em que, finalmente, poderiam ficar juntos totalmente. Mas, escolhera tê-lo apenas no coração e levá-lo consigo aonde quer que fosse.

Depois de algum tempo, John parou o carro e pediu-lhe paciência. Clara ouviu-o conversar com outra pessoa e, quase retirou a venda para "bisbilhotar ",porém, controlou-se, afinal, fosse o que fosse não poderia mudar nada.

Ele entrou novamente no carro e, devagar, dirigiu alguns metros. Desceu novamente do veículo, mas desta vez, para ajudá-la a sair. Um vento frio soprou e Clara sentiu-se estremecer desde a alma.

Conduzindo-a, John avisou-lhe sobre degraus a subir e, Clara sentia o coração batendo velozmente. Pressentia que a surpresa talvez antecipasse a revelação.

- Vou retirar a venda e, o que você conseguir ver, considere seu.

Era a casa em que, há pouco mais de um ano, ela comemorara seu aniversário com o seu anjo azul. Clara não podia falar e, virando-se espantou-se ainda mais ao perceber que ele tinha entre as mãos vários documentos.

- Isso lhe pertence – declarou-lhe o rapaz, entregando os papéis a jovem e beijando-lhe a testa e os cabelos.

Não podia acreditar. Ele comprara a casa e aquele documento dizia que agora ela era a nova proprietária. Virou-se para procurá-lo, mas ele já havia entrado no imóvel que havia sido todo restaurado.

Entrou e viu que ele a pintara de azul e branco, o mesmo tom que ela comentara que amava quando estavam escolhendo as cores para pintar a casa em que estavam preparando para " morar ", nos fundos da da Sra. Joan. Ele insistira para que escolhesse outra cor, falando-lhe que "tudo azul enjoa " e, como ela não pretendia mesmo levar o casamento à diante, deixou-o escolher um tom que aproximava-se do pêssego.

Ele observava cada gesto da jovem que, timidamente, olhava tristemente para as paredes e móveis. Ficou sério ao vê-la fitá-lo profunda e solenemente, parecendo querer dizer-lhe algo. Ia aproximar-se para abraçá-la, mas Clara interrompeu-o com um gentil levantar da mão.

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