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20 de novembro de 2015, às 23 horas.
Lembro-me até hoje as sensações daquele momento. Aquele aperto e dor por receber notícias, que mudariam tudo na minha vida.

Onde eu recebo a notícia de que minha mãe havia sofrido um acidente de carro e o pior de tudo, foi que ela nem ao menos teve um enterro digno. Pois, assim como o carro e ela, viraram cinzas. Minha mãe morreu queimada naquele carro. E nem sei como e por quê. Qual a razão disso? Porque isso me aconteceu? Por quê? Era um dia importante para mim.

Céus, afastou meu único membro. Minha única família. Meu porto seguro, razão, felicidade, vida e minha mãe.

Dor, só sei sentir isso. Mesmo ter passado 2 anos, é como se fosse a mesma sensação de quando recebi a notícia.

O gatilho.

Minha mãe sempre lutou por mim, sempre me ajudou quando eu precisasse ou não. Ensinou-me, me treinou e me fez a mulher que sou hoje. Ela sempre quis que eu fosse forte e fui. É tão difícil, para mim agora. Ela sempre esteve ali comigo, nos bons e piores momentos de minha vida. Mas entre todos os meus problemas, a minha maior dor foi te perder.

Agora, sem sentir seus toques. Conselhos e Broncas. E o seu tão maravilhoso cheiro de framboesas, que sempre me fez ter um certo alívio pelo cheiro agradável que transmitia.

Tenho que continuar sendo mulher que ela sempre quis que eu fosse, e que eu seja forte e corajosa, mas ela me dá uma abertura tão grande quando lembro. Eu tenho pesadelos como era e como ela estaria naquele carro, me dá uma angústia e um sentimento diferente. Talvez eu ainda esteja de luto? Não sei. Eu pensei muitas vezes que ela tinha sido assassinada, porque dias antes ela estava estranha e preocupada, fui várias vezes ao local para verificar tudo ou o que precisava e infelizmente não consegui nada... só quero que passa.

Fico voando em meio aos pensamentos que nem percebo que deixei uma lágrima escorrer em meus olhos.

— Ah, droga! De novo não. — digo ao perceber meu coração começar a acelerar. — passo a mão no rosto.

Respire, apenas ... apenas respire.
— digo a mim mesma depois que ficou difícil respirar.

Passam alguns minutos e agora me sinto melhor.

Outra crise, também. Já é um traje para mim. Isso não é nada comparado à dor que sinto. Portanto, a irrelevância é subjetiva para mim.

Acabo decidindo indo ao central parque, para esfriar a cabeça. Desde a morte de minha mãe fico nessa mansão  gigante sem sentido e tão vazio.

O tempo está bom para se ter companhias, ou estar com suas famílias. Chego e acabo por ficar olhando a paisagem dessa maravilha de lugar.

Central Park, Nova York, é o maior parque urbano da cidade e um dos maiores parques do mundo. Não é à toa que ele recebe milhares de visitantes todos os anos, tanto de turistas quanto de moradores da cidade.

Era o lugar favorito da mamãe. Sempre víamos aqui para ler, conversar e relaxar. Ou até sair correndo atrás dos cachorrinhos de seus donos.

Sorri ao lembrar.

O tempo era bom onde só tinha eu e ela. Nada para se preocupar, talvez seja porque você é novo, você deve entender essas coisas ruim do mundo. Que coisa! Nunca precisei de muito ou o que tinha já me bastasse. Era ela.

Com os olhos doces e esverdeados que mudavam para um azul claro, com uma pele branca que quando pegava um sol, ficava um tanto bronzeada. Como ela era bonita com aqueles cabelos castanhos médios. E o melhor, a voz. Sim, aquela voz doce como uma tranquilidade. E quando ficava irritada era com um jeito surpreendente. Era tão charmoso, ela era dura, mas também uma boa pessoa.

RED AND BLACK - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora