Caro destino, venho lhe escrever para falar das peças a quais tem me pregado. Estava pensando em meu passado,uma onda de sentimentos tomaram parte de mim, tive uma epifania me senti como na história de Clarice Lispector,mas logo vim a realidade e disse a mim mesmo para deixar de pensar nessa maneira, mudei de roteiro e fui a nostalgia,quase a mesma coisa! Resolvi parar de me deixar levar por lembranças projetadas de meu cérebro e passei a refletir sobre minha realidade.
Que peças você tem me pregado,em!
Primeiro, me sinto leiga no português, houve uma época em que diria que sabia escrever correto dentro das normas gramáticais e blá blá blá,hoje eu nem sei o que é correto dentro da gramática. Falo a mim mesma que é apenas meu psicológico brincando comigo,que antes me dava melhor porque realmente era melhor em muitas coisas e agora sou apenas o resto daquilo,como se o tempo tivesse feito eu esquecer de como era ser eu e fosse uma obrigação ter que me reinventar para não entrar no lapso de me sentir um ninguém,embora houve um período que se alguém me chamasse de ninguém,acabava por levar como elogio.
Segundo,ganhei um sorteio que nem sabia que estava.Sorteio esse que definiu meu ano de uma forma bem significativa,me levando a fazer coisas que se quer pensei, como: Seminários de física,não sei explicar o interesse que essa matéria uma vez odiada por mim me causou.Perder meu intervalo estudando para provas por vontade própria,mesmo sabendo que não havia necessidade, já que sabia o necessário. Preferir pegar um ônibus a mais para não ter que me atrasar.Sair na chuva,com bastante enchorrada para chegar a um local com frio e fome, só para escutar um "você veio atoa".E, faltar aula só para ficar curtindo preguiça.
Terceiro,me afastou pessoas que não queria ficar longe e quando comecei a pensar que não teria a capacidade de fazer amizade com mais ninguém,me apresentou dois seres quais tenho prazer de chamar de amigo,eles me lembram de como ja fui um dia,não curtem sair,mas gostam bastante de jogar e todas as vezes que os vejo me surpreendo de alguma forma,o caráter deles me intriga e a sinceridade que utilizam me comove,de uma forma interessantes passsei a ama-los.
Quarto,como foi possível meu sentimento rocha virar uma macinha? A indiferença sumiu,surgiu a sensação de que as pessoas e o que falavam, importava. O vazio deu lugar a um choro silencioso e o desapego virou carência a qual quanto mais ignorei,mais machucou.
Quinto,teve momentos que o errado simplesmente não existiu,arrisquei minha vida,menti sem necessidade,briguei sem razão,esqueci de ser eu,me joguei a momentos como se fossem uma piscina de bolinhas que tinha a necessidade de me cobrir.
Sexto,me agarrei a responsabilidades que me obrigaram a ter, uma maturidade que não estava preparada.
E por fim o Sétimo,me permitir ter coragem de ser intensa, tanto para o bem quanto para o mal,larguei coisas que amava e agarrei da mesma forma. Machuquei pessoas quais gosto,sem permitir ter qualquer remorso por um determinado tempo,mutilei a mim mesma,não de forma carnal ,porém a alma chegou a ser difícil dar uma forma nova para ela. Perdoei o que jurava não haver perdão,aprendi o que não via solução.
Ah destino,brincou tanto comigo, que ficou até difícil tirar sarro de você. "Obra do destino",coloca obra nisso,cada acontecimento...suas brincadeiras foram bem variadas,algumas até magoaram,mas sabe como é né? Tem que saber fazer com o que o destino lhe entrega.
Encerro esta carta por não poder continuar escrevendo-a,o destino não me permitiu,sabe?Tive que parar para poder fugir um pouco dele.Agradeço pelo tempo que me garantiu para que pudesse lhe escrever,mas preciso deixa-lo um pouco...
De sua velha amiga, Lamoon.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma carta para...
General FictionDiversas cartas surgem do nada,nem todas tem propósito,mas cada uma tem uma história,se é boa ou ruim isso quem irá decidir é você caro(a) leitor (a)...