Capítulo 7

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Eu não era idiota. Eu sabia o que era importante: dinheiro e poder. Ambos estavam diminuindo desde que a Bratva, a Tríade e outras organizações de crime menores vinham tentando expandir sua influência em nossos territórios. As famílias italianas em todos os EUA estavam se unindo e trabalhando juntas para derrubar seus inimigos. Eu deveria estar honrada
por me casar com o filho mais velho da família de Nova York. Isso é o que o meu pai e todos os outros parentes do sexo masculino tinham tentado me dizer desde o meu noivado com Itachi.
Eu sabia disso, e não era como se eu não tivesse tido tempo para me preparar para este momento, e ainda assim eu tremia nesse corpete apertado.

— Você pode beijar a noiva. — disse o padre.

Ergui a cabeça. Cada par de olhos na tenda me examinou, à espera de um lampejo de extrema fraqueza. Meu pai ficaria furioso se eu deixasse de cumprir o protocolo, e a família de Itachi poderia usar isso contra nós. Mas eu tinha crescido em um mundo onde a máscara perfeita era a única proteção para as mulheres, e não tive problemas em colocar uma expressão plácida no
rosto. Ninguém sabe o quanto eu queria fugir naquele momento. Ninguém além de Itachi. Eu não conseguia esconder dele, não importa o quanto eu tentasse. Meu corpo não parava de tremer e seu aperto aumentava em minhas mãos. Quando o meu olhar encontrou os seus frios olhos cinzentos, eu poderia dizer que ele sabia. Quantas vezes ele tinha disseminado o medo nos outros?

Reconheci que provavelmente era uma segunda natureza para ele.
Ele se abaixou para diminuir nossa diferença de altura. Não havia nenhum sinal de hesitação, medo ou dúvida sobre o seu rosto. Meus lábios tremeram contra sua boca. Seus olhos estavam cravados em mim, mesmo
quando ele se afastou. Sua mensagem era clara: Você é minha.
Não é bem assim. Mas eu seria hoje à noite. Um tremor passou por mim, e os olhos de Itachi se estreitaram brevemente antes de abrir um sorriso apertado quando enfrentamos os
convidados aplaudindo. Ele podia mudar de expressão em um piscar de olhos. Eu tinha que aprender muito se quisesse ter qualquer chance neste casamento.
Itachi e eu andamos pelo corredor, sendo aplaudidos pelos convidados quando deixamos a tenda. Do lado de fora, dezenas de garçons estavam esperando com taças de champanhe e
pequenos pratos com canapés. Agora era nossa vez de aceitar as bênçãos e parabéns de todos os convidados antes que pudéssemos passar para as mesas e nos sentar para o jantar. Itachi tomou duas taças de champanhe e entregou uma para mim. Depois pegou minha mão novamente e não parecia que tivesse intenção de me deixar ir tão cedo. Ele se curvou, e seus lábios escovaram meu ouvido quando sussurrou.

— Sorria. Você é a noiva feliz, lembra?

Eu endureci, mas forcei meu mais brilhante sorriso no rosto quando os primeiros convidados saíram da tenda e fizeram fila para falar com a gente.
Minhas pernas começaram a doer quando já tínhamos sido cumprimentados por metade dos nossos convidados. As palavras dirigidas a nós eram sempre as mesmas. Elogios para minha beleza e parabéns a Itachi por ter uma bela esposa e tal – como se isso fosse uma
conquista – sempre seguido de dicas não tão discretas sobre a noite de núpcias. Eu não tinha certeza se o meu rosto ficou vermelho brilhante para todos eles. Itachi não parava de olhar para mim pra se certificar que eu ia manter a postura.
Ino e seu marido apareceram. Ele era pequeno, gordo e careca. Quando ele beijou a minha mão, eu tive que parar de tremer. Depois de algumas palavras obrigatórias de parabéns, Ino agarrou meus braços e me puxou para o seu corpo para sussurrar em meu ouvido.

— Faça-o ser bom para você. Faça com que ele te ame, se puder. É a única maneira de passar por isso.

Ela me soltou e seu marido passou o braço em volta da sua cintura, a mão carnuda em seu quadril, então eles foram embora.

— O que ela disse? — perguntou Itachi.

— Nada. — eu disse rapidamente, contente com as próximas pessoas bem-intencionadas que impediram Itachi de fazer mais perguntas. Balancei a cabeça e sorri, mas minha mente zumbia em torno do que Ino tinha dito. Eu não tinha certeza se alguém podia fazer com que Itachi fizesse qualquer coisa que ele não quisesse. Será que eu poderia fazê-lo ser bom para mim? Será que eu poderia fazê-lo me amar? Ele seria capaz de tal emoção?

𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 𝐁𝐘 𝐇𝐎𝐍𝐎𝐑 - 𝑏𝑜𝑟𝑛 𝑖𝑛 𝑏𝑙𝑜𝑜𝑑 𝑚𝑎𝑓𝑖𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora