Capítulo 29

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Levar um tiro era um problema. Eu tive que cobrir meus curativos para tomar banho, mas a sensação de lavar com água quente o sangue e o suor valeu a pena. Meus irmãos haviam ido embora há menos de uma hora atrás. Meu pai tinha insistido que eles fossem embora.

Não que eles estivessem muito mais seguros em Chicago. A Bratva estava fechando o certo sobre o Outfit também. Pelo menos, eu os tive comigo um dia a mais do que o planejado. Eles
me mantiveram entretida enquanto eu estava deitada na cama, ao mesmo tempo em que Itachi cuidava de tudo. Como Capo, ele não podia abandonar seus soldados. Ele precisava mostrar a
eles que tinha um plano de ação.

Eu já estava me sentindo muito melhor. Talvez fosse o efeito prolongado dos analgésicos que eu tinha tomado há duas horas. Saí do chuveiro e desajeitadamente coloquei minha
calcinha.
Eu já podia mover meus dois braços, mas o médico tinha dito que eu deveria usar o esquerdo o mínimo possível. Vestir a camisola foi mais difícil. Eu tinha conseguido passar a alça por cima do ombro ferido quando voltei para o quarto, onde encontrei Itachi sentado na cama. Ele se levantou imediatamente.

— Tudo feito? — perguntei.

Ele assentiu com a cabeça. Ele veio em minha direção e deslizou a segunda alça no lugar, e depois ele me levou para a cama e me fez sentar. Nós não tínhamos sido capazes de falar a sós desde a nossa primeira conversa, quando eu fui dopada com morfina.

— Eu estou bem, — eu disse de novo, porque parecia que ele precisava ouvir isso. Ele não disse nada por um longo tempo antes de, de repente, se ajoelhar diante de mim e apertar seu rosto contra o meu estômago.

— Eu poderia ter perdido você há dois dias. — Eu tremi.

— Mas você não perdeu. — Ele olhou para mim.

— Por que você fez isso? Por que você levou um tiro por mim?

— Você realmente não sabe por quê? — eu sussurrei. Ele ficou imóvel, mas não disse nada. — Eu te amo, Itachi. — Eu sabia que dizer em voz alta era um risco, mas eu achei que fosse morrer alguns dias atrás, então isso não era nada.

Itachi trouxe seu rosto até o meu e segurou minhas bochechas.

— Você me ama. — Ele falou isso como se eu tivesse dito a ele que os céus eram verdes, ou que o Sol girava em torno
da Terra, ou que o fogo era frio ao toque. Como se o que eu disse não fizesse sentido, como se isso não se encaixasse na sua visão do mundo. — Você não deve me amar, S/n. Eu não sou alguém que deve ser amado. As pessoas têm medo de mim, elas me odeiam, elas me respeitam, elas me admiram, mas elas não me amam. Eu sou um assassino. Eu sou bom em
matar. Provavelmente sou melhor nisso do que em qualquer outra coisa, e eu não me arrependo. Porra, às vezes eu até mesmo gosto disso. Esse é o homem que você quer amar?

— Não é uma questão de querer, Itachi. Não é como se eu pudesse escolher parar de te amar.

Ele balançou a cabeça, como se isso explicasse muito.

— E você odeia me amar. Eu me
lembro de você dizendo isso antes.

— Não. Não mais. Eu sei que você não é um bom homem. Eu sempre soube disso, e eu não me importo. Eu sei que eu deveria. Eu sei que eu deveria ficar acordada à noite me odiando por estar tudo bem pelo fato do meu marido ser o chefe de uma das organizações
criminosas mais brutais e mortais dos Estados Unidos. Mas não. O que isso faz de mim? — fiz uma pausa, olhando para as minhas mãos, as mãos que seguraram uma arma há dois dias, para
o dedo que tinha puxado o gatilho sem hesitação, sem uma contração muscular ou tremor. — E eu matei um homem e não me arrependo. Nem um pouco. Eu faria tudo de novo. — Olhei para Itachi. — O que isso faz de mim, Itachi? Eu sou uma assassina como você.

𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃 𝐁𝐘 𝐇𝐎𝐍𝐎𝐑 - 𝑏𝑜𝑟𝑛 𝑖𝑛 𝑏𝑙𝑜𝑜𝑑 𝑚𝑎𝑓𝑖𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora