Rosamaria Montibeller
Acordo com a sensação de que minha cabeça está sendo pressionada por uma prensa hidráulica. O som agudo do despertador chega aos meus ouvidos e entra sem pedir licença, fazendo tudo latejar instantâneamente. Ainda de olhos fechados, estico a mão para desligar o som. Assim que ele para, espero algum tempo na mesma posição para ver se está tudo tão ruim quanto parece. Depois de um tempo, viro na cama, ficando somente com o lado esquerdo do corpo apoiado nos lençóis. Tenho certeza que meu rosto está retorcido em uma careta terrível enquanto eu sinto minha cabeça latejar e reverberar pelo corpo inteiro, meu coração bate forte em resposta à dor latente. Respiro devagar, com a intensão de controlá-la mínimamente e, quando acontece, alcanço novamente o meu celular. Abaixo o brilho da tela o máximo que posso, ao mesmo tempo em que meus olhos estão apertados a fim de impedir qualquer entrada desnecessária da luz, e abro o aplicativo de mensagens, enviando uma à Naiane dizendo ser impossível ir à loja hoje. Não costumo fazer isso, nem mesmo quando eu deveria, então sei que ela vai entender. Deixo o aparelho de lado quando percebo que as mensagens foram devidamente enviadas e decido voltar a dormir Talvez mais algumas horas de sono resolvam isso.
***
Acordo novamente e não sei ao certo por quanto tempo mais eu dormi. Uma luz mais forte entra pelas frestas deixadas pela cortina e eu consigo ver que o relógio na parede marca algo por volta das onze horas, o que significa que eu tive, pelo menos, mais quatro horas de sono. Estava mesmo precisando.
Como minha cabeça não foi atravessada por uma pontada de dor assim que eu abri os olhos, resolvo me levantar e verificar se ela ainda está aqui. Devagar, sento na cama e respiro fundo. Ainda sindo dor, mas bem menos do que antes. Mesmo assim, esfregando a testa suavemente para tentar espantar o sono e, talvez, aliviar a dor, me dirijo ao banheiro para procurar um analgésico. Escovo meus dentes e faço tudo o mais que preciso fazer no cômodo, inclusive prender meus cabelos em um coque alto, e vou em busca de um copo de água com o comprimido em mãos.
Chegando lá, encho um copo de vidro com o líquido transparente e tomo o remédio. Termino todo o conteúdo do copo a fim de tirar o gosto amargo do comprimido da língua. Devolvo a louça à pia e ando até a sala, ligando a televisão. Deixo em um volume baixo, apenas para não ficar no completo silencio, e pelo programa que passa na grade aberta, sei que já é quase meio dia.
Penso um pouco e sei que não posso ficar sem comer, principalmente por conta do remédio. Então prefiro pular o café da manhã e cozinhar qualquer coisa que seja rápida e não exija um esforço muito grande. Olho nos armários e encontro um pacote de espaguete pela metade, é ele que vou fazer. Da geladeira eu pego um molho de tomates que já estava pronto e um pedaço de queijo parmesão. Esse vai ser o almoço hoje e está de bom tamanho. Quase consigo ouvir minha mãe reclamando da falta de uma proteína, mas realmente não estou afim de mais nada.
Com a lembrança de minha mãe, decido ligar para ela após o almoço. Não nos falamos há um tempo maior do que o normal, já está na hora. Como meu prato de macarrão assistindo a qualquer coisa que esteja passando na televisão, ainda com as luzes da sala apagadas e as cortinas fechadas. Enxaquecas talvez estejam entre as cinco dores mais irritantes.
Ainda com o prato vazio sobre minhas pernas, alcanço o celular e procuro o contato de minha mãe na agenda. Ela atende após alguns toques.
— Oi, mana — Ela cumprimenta e eu consigo ouvir a surpresa em sua voz. Um sorriso se abre instantaneamente em meu rosto. — Está tudo bem?
— Tudo sim, mãe — respondo. — Só um pouco de dor de cabeça, não fui trabalhar hoje.
— E já tomou o remédio? Tu não tá sem comer, né, Rosa?
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Hortênsias
FanfictionCaroline se muda para Belo Horizonte para enfrentar uma nova fase de sua vida e cruza com Rosamaria em seu caminho, uma jovem floricultora com muitas ambições e uma paixão inata pela natureza. Entre um turbilhão de emoções, passados conturbados e co...