Sol et luna

Capítulo 4 - A Verdade

Sett estava sentado sob a sombra dos galhos volumosos de uma árvore no campus da grande escola, e ao seu lado Aphelios recostava suas costas no tronco.

Ambos garotos jogavam um jogo em seus celulares. Finalmente Aphelios havia passado seu ID do jogo para jogarem juntos.

- Quem perder essa, vai ter que fazer o que o vencedor mandar! - Sett propôs animado sorrindo para o garoto do seu lado

- Vamos ver, então. - Aphelios desafiou arqueando sua sobrancelha levemente.

A partida então deu início com Aphelios vencendo, mas na sua cola Sett com todo o poder da força de vontade - misturado com a ansiedade para ser o vencedor e desafiar Aphelios a algo - estava a todo vapor. E levou a melhor.

- Sabia! Venci! - orgulhoso Sett se vangloriava. - Agora eis aqui o desafio.

Sett se arrastou para mais perto de Aphelios, suas cabeças estavam bem próximas e parecia que cada vez mais Sett se aproximava.

O ruivo não notou nenhum recuo da outra parte, portanto encostou suas testas. Encarava os belos olhos de Aphelios que estavam levemente arregalados pelo espaço pessoal invadido tão repentinamente.

- Seu desafio vai ser...

Aphelios corta a distância a pequena distância aos poucos, seus lábios prestes a se encostar, Sett quase poderia sentir o sabor dos lábios finos e belos de Aphelios, mas...

O sinal toca indicando que era a hora do recreio, mas Sett e Aphelios, por motivos ocultos queriam que essa hora nunca chegassem. Os dois que cochilavam pacificamente nas macas da enfermaria acordaram.

Sett coçava seus olhos com o punho, seu sonho parecia tão real que ele não queria acordar nunca mais, mas cá está ele na dura e fria realidade do mundo - e da maca velha.

Enquanto isso inocentemente o garoto de cabelos escuros levantava-se revigorado de seu cochilo prometendo a si mesmo que não irá mais virar a noite jogando em seu computador.

Foi divertido pela primeira vez fazer algo considerado "fora da lei" de acordo com os requerimentos do colégio, mas atuar não era lá o seu forte, porém conseguiu se virar. Já Sett era um ótimo mentiroso, quer dizer, ótimo ator.

Acenou para o ruivo um tchauzinho e foi logo caminhando pelos corredores. A multidão o assustava, então passava rapidamente por entre tantos estudantes até chegar no corredor semi vazio com a máquina de salgadinhos.

Decidiu que hoje seria seu dia de ser gentil e agradeceria Sett por tê-lo ajudado a escapar da aula de educação física.

Tentou não escolher qualquer salgadinho picante mas honestamente gostaria de ver Sett sendo extremamente dramático sobre algo tão pequeno.

Comprou um pacote de sabor queijo, outro picante para si, uma lata de Pepsi e foi para o seu lugar habitual até o recreio ter seu fim.

Treinou consigo mesmo sua fala. Estava se esforçando o máximo que conseguia para deixá-la sair.

"Alune, eu acho que posso finalmente ter um amigo."

Ele pensou.

Mais uma vez o sinal toca depois de vinte minutos que pareceram horas para o garoto ansioso. Chegou a hora. Aphelios estava muito nervoso. Suas mãos magras agarravam-se fortemente ao pacote.

"Diga obrigado por hoje, obrigado por hoje, obrigado por hoje..."

Ele balbuciava enquanto caminhava em direção a sala de aula.

- Cara, por que você é tão próximo daquele esquisito? - Aphelios parou seus passos quando ouviu um garoto da sua sala falar.

- Pois é, você até parece um viadinho andando com aquele moleque. - outro disse.

Aphelios tremia.

- Ah, você sabe! - Sett respondeu meio sem jeito - Ele é bom em matemática, 'tá me passando as respostas.

Chateado por acabar de descobrir que seu único confidente era na verdade mais um entre todos aqueles babacas, Aphelios deixa cair o pacote de salgadinho e virou-se para ir aos banheiros.

- Mas, sabe, ele é um cara legal. Curto ele - infelizmente Aphelios não viu o sorriso bobo e muito menos ouviu quando Sett continuou falando.

- Cara, isso foi muito gay. Ew! - o colega ao seu lado fez uma cara de falso nojo mas ria por reconhecer a face avermelhada de Sett, uma relíquia, dizia-se de passagem.

Um pequeno alvoroço próximo a porta começou a se amontoar. Sett levantou-se para ver o que estava acontecendo e teve o vislumbre das costas de um cara alto que ele tem a vaga lembrança de que não gostava de si, porém o que o chocou foi a pessoa que esse cara alto estava intimidando.

- Ei, seu lerdinho, olha por onde anda. - ele empurra os ombros dos garoto franzino.

Era Aphelios sendo intimidado por quase nada, ele só queria ir pro banheiro. Seus olhos encaravam o chão nervosamente. Muitas pessoas estavam aglomeradas ao seu redor e ele não sabia como agir. O som abafado, passos se aproximando, ele já não entendia mais nada.

- 'Tá me ouvindo? Vai ficar quietinho agora!? Ah, é, esqueci! Você é o mudinho! - seu punho se erguia sobre Aphelios mas foi rapidamente segurado por uma mão grande um pouco calejada.

- Ei, cara, deixa ele em paz. - Sett disse mais alto - E vocês, saiam todos daqui agora.

A multidão se desfazia após a ordem do garoto ruivo. Alguns reclamavam que queria ver uma briga e outros ainda mais estressados porque estavam prestes a perder aula.

- Cala a boca. Eu tenho que ensinar uma lição a ele. Esse merdinha esbarrou em mim.

Sett o ignorou e andou até Aphelios que parecia disperso em seu mundo, seus ombros tremiam levemente e ele fitava o chão até que seu ombro fora gentilmente tocado.

- Garoto Lua, está tudo bem? - Sett disse baixinho.

Aphelios puxado de seus pensamentos, finalmente subiu seu olhar e viu Sett preocupado.

Rapidamente se afastou de sua mão enquanto as lembranças de poucos minutos atrás martelavam na sua cabeça. A voz de Sett repetidamente ecoava pela sua mente.

Aphelios se sentia usado, ignorado e infeliz. A falsa preocupação de Sett significa nada, ele nem se importa de verdade.

Sett não entendeu aquele olhar tão ameaçado. Parecia que estavam de volta ao primeiro dia quando entrou na sala. O que aconteceu? Por que Aphelios parecia tão chateado? Por que ele fugiu?

E por que Aphelios o ignorou por tantos dias?

Continua...

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quase esqueci de postar