Cap 4

292 54 23
                                    


Boa leitura ❤️

Xiao Zhan era curioso desde que podia se recordar. Quando menino, sua atenção nos aniversários e datas festivas, era sempre voltadas para o que ganharia, mas não pelos presentes em si, e sim pelo fator da
descoberta.

Xiao gostava de adivinhações, e mesmo antes de retirar os presentes do embrulho, em sua esperteza infantil, já avisava aos pais do que aquilo se tratava. Com as mãos ágeis e pouco cuidadosas, Xiao rasgava o embrulho, ansioso para ter a confirmação de que estava certo.

E ele quase sempre estava.

Xiao ficava feliz porque ali estava a confirmação de que, como seu pai policial, ele era bom em descobrir as coisas.

Não era exatamente como ele se sentia no presente momento, parado ao lado de Yibo na porta do quarto. A sensação que experimentava era diferente, e mesmo que aquele quarto estivesse longe de ser um presente ou um objeto de suas adivinhações, sentia-se como o garotinho ansioso pela descoberta.

Mas dessa vez o garotinho foi surpreendido.

Seria mentira se Xiao dissesse que não havia pensado naquele quarto enquanto não o conhecia. Entretanto, nenhuma hipótese em sua mente tinha se tornado consistente o bastante para que formulasse uma teoria. Eram tantas as possibilidades, regadas com o mistério que só Yibo sabia imprimir, que nada realmente se consolidava. Nada instigara sua razão, além de sua curiosidade, para parecer verdadeiro para Xiao Zhan.

Agora que via o quarto, que tinha acesso a todas as paredes dele, a confusão ainda permanecia. Não havia uma única parede livre. Fotos, documentos, fragmentos do que pareciam matérias jornalísticas lutavam bravamente por um espaço em branco em uma das paredes, nas outras duas elas ainda podiam coexistir sem estarem amontadas umas nas outras, deixando pedaços esparsos da parede clara aparecendo.

Xiao só percebeu que Yibo havia ligado a luz quando olhou para o teto, mesmo que essa tenha sido acionada imediatamente quando a porta fora aberta. Não havia luz natural ali. O único móvel no quarto era uma cadeira branca, colocada bem no centro do cômodo. Instantaneamente Xiao pôde imaginar Yibo sentado ali. Dias após dia. Preso as suas próprias considerações. Remoendo os motivos, quaisquer fossem, para ele ter feito tudo aquilo.

Na parede ao lado esquerdo de Xiao, barbantes ligavam fotos e papéis, formando um emaranhado de teia desde o teto até o chão. Xiao intuiu que era daquele jeito que Yibo fazia as conexões entre as informações. Vez ou outra já tinha visto utilizarem daquele artifício nas investigações do FBI, mas nunca tão grandioso e denso como na parede de Yibo.

Ele não sabia do que aquilo, em especial, se
tratava. E eram tantas imagens assomando-se diante dele, que Xiao não conseguiu se prender a nenhuma realmente. Ao menos, não o bastante para entender o assunto principal que guiava tudo aquilo.

Xiao sentiu tonto como se as paredes começassem a se fechar ao redor dele, mesmo que nunca tivesse sido claustrofóbico em sua vida. Era como se a atmosfera densa e pesada daquele local o impelisse para fora do quarto. Era
inquietamente, nada convidativo. Era quase como um prenúncio de que algo extremamente ruim estava prestes a acontece.

Entretanto, entre a confusão inamistosa, algo se sobressaía e chamava a atenção de Xiao. Talvez, por estar na parede de frente a porta e essa ser a mais limpa de todas, talvez por serem as maiores figuras em toda a sala. Por alguns segundos pôde jurar que o homem na foto da esquerda se tratava de Ricardo, a única coisa que o fez desistir do pensamento foi que, obviamente,o homem na fotografia estava morto.

A foto era apenas do rosto do homem, destacando seus olhos abertos e fixos em um ponto atrás da câmera. O rosto estava contra o chão de madeira, e a boca meio aberta deixou o caminho livre para o sangue que escorre. Xiao teve a impressão de ele gritaria a qualquer momento. Ou talvez era o que estava fazendo, na hora da morte.

Network of Secrets 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora