Cap 3

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Boa leitura ❤️

Matthew observou as novas páginas xerocadas com um sorriso singelo no rosto. Ele via-se obrigado a reconhecer que era difícil escolher qual das muitas páginas existentes no diário de Paola iria xerocar, mas ao mesmo tempo, estranhamente divertia-se em escolher a ordem mostrada para o mafioso. 

O Zhan apostava que isso enlouquecia Yibo de certo modo. Alguém que sempre possuiu a ilusão de ter o controle de todas as coisas, de entendê-las, de repente não ter nem mesmo o poder cronológico sobre fatos importantes do seu passado? Matthew sorriu, retirando a arma do coldre, colocou-a em cima da cama, logo em seguida desfez-se das peças de roupa que cobriam seu corpo. Precisava de um banho de água fria depois de mais um dia odioso em seu trabalho.

Agachando-se para pegar a calça no chão, foi impossível para Matthew não desviar o olhar para a tatuagem em seu joelho. Uma rosa dos ventos. O símbolo de orientação comumente tatuado por membros na máfia russa, acima do joelho, servia para lembrar a eles mesmos, e quem quer que entrasse no caminho, que a máfia russa não se ajoelhava diante de ninguém.

No entanto, Matthew não via a tinta permanentemente enterrada em sua cútis com aquele valor poético. Ela também era uma lembrança para ele, não da força da máfia russa, mas sim de a quem pertencia agora, como se fosse um objeto, algo sem valor. Gado. Um corpo que servia as ordens de alguém, por ser sua propriedade.

Flashback 

Matthew acordou atordoado, não se lembrava de como chegara ali. Lembrou-se da mala e de seu filho perguntando onde ele iria... e então as últimas imagens do que havia feito avultaram sua mente com força total. Sentiu as lágrimas não derramadas queimarem seus olhos. Por meses se preparou para aquilo e agora descobrirá que não foi o bastante. Nem que se preparasse por cinquenta anos ininterruptos ele poderia estar de fato pronto para o que fizera. 

Tentou levar uma mão até os cabelos, mas não conseguiu. Olhou para baixo, atordoado, e foi quando se deu conta de que estava amarrado. Os pulsos presos por uma corda firmemente atada à cadeira. Tentou levantar e descobriu que os tornozelos também estavam amarrados.

Mas que diabos.. Onde eles o tinham levado?

Ele não conseguia enxergar absolutamente
nada ao seu redor. Foi tentando ver alguma coisa com afinco que Matthew quase ficou cego quando a luz foi acesa sem aviso. Ele piscou várias vezes tentando elucidar o que via. Alguns passos soavam juntamente com o ranger inconfundível de uma cadeira de rodas. Seu pai estava ali também.

Parabéns, Matthew. Você conseguiu.

A compreensão de quem era pela audição
veio antes da certeza assegurada pela visão.
Mikhail. Matthew soltou um riso banhado de ironia e terrivelmente angustiado.

– Vocês conseguiram – ele frisou, finalmente
sendo capaz de distinguir os rostos à sua frente. Mikhail, Rurik, seu pai, algum funcionário sem importância da máfia russa e um homem baixinho, segurando firmemente uma mala. Estava completamente vestidos.

Nós não estávamos dirigindo o carro em questão, esse era você. – Mikhail começou uma gargalhada que foi acompanhada pelos outros.

Exceto pelo homem com a mala e o pai de Matthew que antes mesmo de abrir a boca, já havia sucumbido em um acesso de tosse. Matthew adorava ver aquele homem sendo nocauteado aos poucos pelo único mal que foi capaz de vencer a maldade personificada que ele era: o câncer.

Por que eu estou aqui? Amarrado? Eu já
não fiz tudo que deveria fazer? – Matthew
perguntou em um repente de raiva. 

Não que possuísse outro lugar para estar. Ele não tinha mais nada. O único lugar para onde suas pernas queriam correr era a sua casa, junto com Esme e seus filhos. O único lugar em que queria estar era justamente o mesmo local para onde jamais poderia ir.

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