Cap 11

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Boa Leitura ❤

Yibo queria gritar. Não. Em algum lugar, dentro da cabeça dele, ele já gritava. Talvez não exatamente ele, mas uma versão sua, um pedaço desprendido da postura sempre tão controlada e prática. Não sabia lidar com todos aqueles sentimentos, aqueles pensamentos difusos que iam e viam. Algo dentro dele explodiu. E não sabia se era capaz de conter o estrago?

Victor? 

Ele poderia tomar aquilo como coincidência. Poderia ser uma
coincidência não é? . Mas sabia que não era. A certeza tinha criado raízes por toda parte. Todas as peças estavam na mesa e ele quase podia ver o quebra-cabeças pronto, ainda assim, não conseguia encaixá-las 

O irmão dele esse tempo todo. Debaixo do próprio nariz. Crescera com ele. Mas ele não vira. Todos esses anos foi enganado por Ricardo, mas a  troco de quê?

Victor era seu irmão….

E a imagem de Victor se perdeu, sua bolha de proteção começou a desfazer-se de forma rápida... o som de sua respiração e as batidas de seu coração tiveram o mesmo rumo. O sangue que corria em suas veias antes tão quente já não era mais sentido. Abriu os olhos, virando rapidamente sua cabeça, notando que não estava sozinho. Yibo não notou que levantava. Ele se sentia sufocado como se… pela primeira vez, não conseguisse emergir de sua própria banheira vitoriana.

Victor seu irmão… Victor era seu irmão 

Yibo sentiu mãos grandes ao redor do seus braços, era a figura embaçada de Xiao, e dizia algo que ele não compreendia, tudo parecia fora de foco, em câmera lenta.

– Yibooooo.

Ele fechou os olhos com força, querendo sair daquele estupor, retornar à superfície. Seus dedos mais rápidos do que Yibo poderia imaginar limparam aquelas estranhas gotas que deslizaram por seu rosto

Ele estava chorando? Perguntou-se a si mesmo voltando a abrir os olhos, roçando seus dedos uns nos outros, checando estes mesmos dedos com dois olhos que ameaçavam deixar mais daquele líquido derramar-se por seu rosto.

– Respire.

Ele inspirou, com força, a caixa torácica expandindo-se a contragosto. Conseguia enxergar outra vez.

— Isso... Respire. Só respire.

Ele soltou todo o ar que ainda estava em seus pulmões. Seu foco voltando-se para os olhos de Xiao. Concentrando-se ali. Agora Yibo já conseguia ouvir o som da própria respiração, ruidosa e forçada.
Inspirou mais uma vez, e expirou logo em seguida.

Sentia o controle de si próprio propagando-se em impulsos elétricos, pequenas faíscas chegando aos poucos nas extremidades do seu corpo. Xiao balançou a cabeça, uma pergunta muda que não saberia externar, e Yibo não sabia dizer como compreendia, ainda assim, deu sua própria resposta com um acenar positivo.

Ele o abraçou, envolvendo-o com os seus braços largos e trazendo-o para seu peito. Yibo tornou-se consciente do calor do corpo dele, invadindo o seu corpo em ondas confortantes. Não haviam palavras para serem trocadas. Aquela era a única coisa a qual  Yibo precisava. Um abraço. A sensação de reconhecimento. Os braços de Xiao eram um terreno sólido ao redor dele. Um que Yibo de forma consciente pela primeira vez em muito tempo, não tinha medo de descansar.

***

— Talvez não seja uma boa ideia agora, Yibo.

Ele o ignorou. Não, não era uma boa ideia. Tudo dentro dele gritava que era uma péssima ideia, na verdade, mas não se importava em escutar. Ele já se encontrava no inferno e, se o ditado popular estivesse certo, Lúcifer estava esperando para ser abraçado.

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