Felipe
(+16): Este capítulo contém palavrões.
Saí tão tarde do escritório que quase que não acordo hoje, se não fosse pela minha mente que não quis desligar, pensando no que havia acontecido com Lucas alguns dias atrás, se eu iria atrás de algum advogado, ou ignoraria essa história toda e deixaria que eles se entendessem, se Marcos está de fato querendo voltar para casa e passar o Natal por lá, ou se deveríamos ficar e eu tentar me resolver com a Giovana, mas também não queria pensar muito nisso. Muitas coisas rodavam na minha cabeça e nenhuma ainda estava resolvida, preciso organizar todas essas idéias e decidir melhor o que fazer. Acontece que sempre fui organizado – pelo menos no trabalho – e dessa vez me sinto perdido, mas tentando ignorar questões pendentes.
Cheguei em casa e ao abrir a porta, dei-me de cara com Marcos que já estava de saída, tive que fazê-lo se atrasar um pouco no trabalho.
_ Então, precisamos falar sobre essa semana de festas que está chegando! - Disse fechando a porta antes que ele saísse.
_ Ah, nós vamos passar o natal em thehell, não? - Marcos pergunta observando-me com as sobrancelhas arqueadas.
_ Sim, vamos, já fez suas malas? - Concordei.
_ Então, eu já comecei hoje... Um pouco ansioso, e além do mais, você tá precisando descansar mais que eu.
Ressenti. Ele tinha razão, estava um pouco desgastado com muitas preocupações. Deixei ele ir para que não se atrasasse mais no trabalho e fui direto ao meu quarto que estava uma completa zona, comecei a arrumar algumas coisas, antes de pôr na mala o que precisava para sairmos logo cedo ao aeroporto de Congonhas.
Faz anos que não vamos ver a família em Teresina e confesso que sinto pouca saudade. Eu e Marcos sempre estivemos muito unidos desde que nossos pais se separaram e viemos viver em São Paulo com nossa mãe, embora nunca se abrisse muito comigo, e sim, com seus amigos. Talvez tenha sido a forma como fomos criados, sempre cuidei dele, já que nosso pai estava longe, mas sempre veio nos visitar de vez em quando, nas férias.
Deitei-me, sozinho na cama – poderia estar com Giovana, se não tivéssemos discutido sobre garotas que comentam minhas fotos no Instagram... Talvez ela seja muito ciumenta e o problema mão seja eu – e novamente vêm esses pensamentos ruins...
Ainda na penumbra do amanhecer, levantei-me, acordei Marcos em seu quarto e levei as malas para o elevador, sem nem nos despedir-mos, embarcamos num Uber para o aeroporto. E durante todo o percurso, ela ainda dava uma pequenas cochiladas. Avisei meu pai que já estávamos quase saindo, e ele não viu, talvez ainda estivesse dormindo.
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Meu pai já nos esperava do lado de fora do aeroporto de THE. Completamente alegre com nossa chegada, nos deu um abraço apertado e longo, quase lacrimejando. Nossa avó estava junto, veio caminhando devagar, nos abraçamos também e fomos agraciados com as palavras: "lindos da vovó, já estava morrendo de saudades, achando que não ia ver mais essas carinhas lindas". Entramos no carro e fomos metralhados com perguntas sobre nossa vida pessoal, trabalho, amigos, faculdade. Era tanta coisa para falar que quase não conseguíamos dizer.
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A Quarta Parede
RomanceMeu primeiro livro \o/ Sinopse: Charlotte, uma jovem garota um tanto quanto introvertida (mas muito observadora e fofoqueira) que se muda para São Paulo com alguns de seus amigos: Luiza, uma argentina que esconde seus sentimentos; Lucas, um rapper m...