Charlotte
30 de dezembro
Por sorte, passarei os próximos quatro dias livre, pois será ano novo. É incrível como o tempo passa tão rápido, uma semana atrás, enquanto Felipe e Marcos visitavam a família deles, Luiza, Giovana, Lucas e eu estávamos reunidos em uma mesa completamente cheia de comidas e bebidas para o Natal. Faltando poucos dias para o festival e Giovana encontrava-se distante de nós.
Completamente confusa com a situação e tentando entender como eles dois chegaram á este ponto, Felipe se mantem quase o dia inteiro no quarto, sem responder uma palavra sequer. Lucas conseguiu, finalmente, se recuperar dos socos que levou do ex-namorado de Maria, ao tentar protege-la de um possível assédio, e com o objetivo de acolhe-la, está com um processo aberto contra o homem que o deixara ao chão, e não se fala em mais nada além de ir viver com ela. Luiza continua com seu cotidiano, acorda cedo, vai trabalhar, às vezes volta para casa, às vezes sai por aí com alguém sem avisar que voltará tarde de mais, no meio da madrugada, mas não a julgo, quando se ama alguém, costuma-se fazer loucuras. Aliás, estou vivendo uma loucura.
Nunca tive experiência alguma com cigarros e outros tipos de drogas, também nunca imaginei que tivesse. Mas o Shay conseguiu me fazer tragar seu cigarro, outro dia em que estive no seu escritório, que por sinal, é perto do restaurante onde trabalho, então podemos nos ver algumas vezes, embora isto me dê um mal pressentimento, como se estivesse a fazer algo errado e que alguém descobriria á qualquer momento.
_ E o juiz já deu uma resposta, ou ainda tem mais coisa aí? - perguntou Shay sobre o caso de Maria, enquanto nos abraçavámos na varanda do escritório.
_ Bom, ela tem uma medida protetiva que foi concedida por ordem judicial, mas nunca se sabe quando gente doida pode voltar, né? - Respondi, assim como também tirava o cigarro de sua mão. - Mas ela ficará bem, o Lucas está melhor agora e cuidando bem dela. - Sorri.
_ Hmm, adoro casaizinhos felizes, são tão fofinhos... - Disse Shay pondo a mão em meu rosto e fazendo biquinho - Só não são mais do que nós dois - Completou me levantando do chão com um abraço forte e um beijo curto, que foi interrompido com o abrir da porta da varanda, era sua assistente. Rapidamente nos soltamo-nos e nos ajeitamos, enquanto ela dizia: "Ahn, senhor, tem uma reunião marcada pra agora, daquela associação do interior". Eu peguei minha bolsa que estaja jogada em uma das cadeiras ao nosso lado, arrumei meu cabelo e coloquei alguns grampos.
_ Ah, claro! Eu sei. Já estou indo já na sala de reuniões, obrigado! - Ele respondeu e olhou para mim. - Acho que tá na hora de você ir, te vejo mais tarde!
_ Às 19h na Alto'Mar? - Dou um selinho nele e vou em direção à saída, ouvindo apenas um "Sim, estarei lá" ao fundo.
Ao chegar de volta ao restaurante, visto meu uniforme novamente e vejo meu colega de trabalho com um olhar fechado, do tipo que ocorreu algo e não quer falar com ninguém, mas é algo normal, todos nós temos dias ruins.
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A Quarta Parede
Roman d'amourMeu primeiro livro \o/ Sinopse: Charlotte, uma jovem garota um tanto quanto introvertida (mas muito observadora e fofoqueira) que se muda para São Paulo com alguns de seus amigos: Luiza, uma argentina que esconde seus sentimentos; Lucas, um rapper m...